T2- Capítulo 11 - Viviane Vai à Luta

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Na segunda-feira seguinte Pocah se demitiu de seu estágio, no qual não tinha mais aparecido. Diante de sua iniciativa, o supervisor lhe propôs uma considerável promoção, mas ela estava decidida demais para mudar de idéia. Disse que ia pensar, mas sabia em seu íntimo que a resposta final seria não.

Passou o resto da tarde andando pela cidade, aproveitando um tempo que nunca mais tinha tido de folga. E mesmo que quisesse mentir para si mesma que não planejara nada daquilo, acabou diante do prédio de Sarah . Ficou olhando o porteiro através do vidro. Ele a conhecia e já tinha aberto a tranca automática por meio de um botão em sua mesa, mas ela não moveu um músculo. Um minuto depois o gentil senhor se aproximou da porta.

-- A doutora Andrade já chegou -- informou sorridente.

Pocah consultou seu relógio de pulso e achou que o porteiro estivesse brincando.

-- É, mais cedo que o normal. Para ser sincero, eu acho que ela só saiu para almoçar, hoje, e voltou logo depois. Vai subir?

-- Aaam... Não, eu tava só passando.

-- Oras, menina. Suba -- ele sorriu.

Pocah agiu sem pensar. Ou melhor, pensou numa única coisa: na sua resolução de "ir à luta". Entrou no prédio, chamou o elevador e viu seu nervosismo crescendo à medida que se aproximava da cobertura.

-- O... Oi.

-- Não vou fingir surpresa. O José me avisou que você estava subindo -- disse a advogada, saindo da frente da porta para que a amiga entrasse. -- Tudo bem?

-- Uhum. E você? Trabalhando em casa?

-- Dando um tempo para a imprensa especular -- respondeu Sarah . -- Vão publicar amanhã que o caso Vieira Sobral está me esgotando.

-- Já deu alguma declaração?

-- Nem pretendo... -- disse Sarah .

Pocah riu baixo e se sentou no sofá. Sarah se sentou logo em seguida.

-- Você se demitiu?

-- Como sabe? -- estranhou Pocah .

-- Nunca faltou seu estágio.

Antes de responder, Victória deixou um riso escapar.

-- Você sempre adivinha tudo...

-- O que aconteceu?

-- Não agüentava mais aquilo lá. As coisas chegaram num ponto em que era eu sair, ou enlouquecer...

Sarah lhe lançou um olhar preocupado.

-- E o que pensa em fazer agora?

Pocah não encontrou resposta. Não queria pensar naquilo, tinha se prometido bloquear o acontecimento de sua mente enquanto estivesse lá dentro, mas fora uma inútil resolução. Estava lembrando do beijo que dera em Sarah da última vez que a vira. O que ia dizer? Que a única coisa que sabia que queria era conquistá-la? 

-- Que bom que apareceu -- diante do silêncio dela, Sarah continuou. -- Estava precisando muito conversar com você.

-- Que houve?

-- Juliette talvez tenha comentado algo do caso com você. Oras, é lógico que a linguaruda comentou.

— Vocês estão bem?

-- Ela acabou de se mudar.

-- Então você achou um apartamento para ela?

-- Como sabe que fui eu?

-- Porque ela, por iniciativa própria, jamais sairia da sua casa.

-- Sei lá.

-- Ela gosta de você, Pocah . Não estou exagerando, a Juliette se apaixonou.

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