T2- Capítulo 14 - Mestre e Aprendiz

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Juliette chegou ao escritório no dia seguinte já sabendo das novidades pelos jornais. Saíra em todos eles, inclusive em plantões nas emissoras de televisão. A astuta advogada de defesa Sarah Andrade havia aconselhado sua cliente a se declarar inocente na primeira audiência do processo pelo homicídio de Pedro Alfonso Sobral Filho, marido da acusada. Assim sendo, a causa iria a julgamento e Maria Augusta Vieira Sobral aguardaria em liberdade.

-- Queria falar comigo, pop star do momento? -- perguntou a mais nova, entrando na sala de Sarah .

-- Feche a porta.

-- Tá bom assim?

-- Sente-se.

Ela obedeceu de novo.

-- Aqui estou eu.

-- Notou alguém se aproximando de você, ultimamente? Alguém que não fazia parte da sua vida, antes.

-- Um monte de gente, né? Eu entrei para a faculdade, é normal.

-- Da faculdade não, alguém de fora.

-- Como assim?

-- Andou falando do caso Vieira Sobral por aí?

-- Claro que não, Sarah .

-- Nem com a Pocah ? Arthur e Gil , quem sabe...

Juliette hesitou.

-- Apagou o que eu te disse na primeira semana, Freire ?

-- Do que você está falando?

-- Estou falando da liberdade de uma pessoa, ou de várias. Os casos que discutimos aqui dentro são secretos. Os clientes confiam em nós.

-- Eu não disse nada comprometedor, só comentei o trabalho, Sarah . Eles são a minha família.

-- Pois seria bom que você não tivesse uma, já que claramente não consegue manter a língua dentro da boca.

-- Eu confio neles plenamente. Uma pena que você não consiga fazer isso com ninguém -- devolveu Juliette .

-- Vou te dar um exemplo bem pequeno. Você confia plenamente no Gil , que confia plenamente no Arthur , que confia plenamente na própria irmã, que confia plenamente na melhor amiga, que confia plenamente em uma outra possível amiga e esta, quem sabe, confia plenamente nos próprios pais. E por aí vai. E para haver um jornalista nisso é um piscar de olhos, Juliette .

-- Eu não falei nada importante, tá legal? Ta de mau humor porque eu contei que a "senhora Sobral" é seu casinho do passado?

Sarah estreitou os olhos.

-- Como disse?

-- Não era disso que estava falando?

A advogada recuperou o fôlego lentamente.

-- Falava da alegação.

-- Ah, isso. Mas é ela, não é? A tal Guta?

-- Não sei do que você está falando, mas por via das dúvidas, este assunto está encerrado. Para sempre. Ouviu bem?

-- Ok.

-- "Eu ouvi bem, doutora Andrade " -- disse a loira .

-- Tá, tá. Eu ouvi muito bem, doutora Andrade . Satisfeita? Posso sair?

-- Não -- Sarah mudou de posição sobre a poltrona. -- Como foi no aeroporto?

-- Tudo bem. A Pocah entendeu que você não pôde estar presente, de novo, por causa de uma audiência.

-- Era no Rio de Janeiro.

-- Sim, sempre há um motivo forte o bastante para você -- disse Juliette .

O TRIANGULO | SARIETTE | 1 e 2 TEMPORADA Onde histórias criam vida. Descubra agora