Juliette olhou à sua volta e tudo o que viu foi uma porção de caixas empilhadas. Os móveis ainda estavam espalhados pela casa de maneira desordenada, mas como trabalhara o dia inteiro, ela julgou ser melhor ir dormir e recomeçar tudo no dia seguinte.
Ao menos a sua cama estava razoavelmente convidativa.
Como era nova na cidade, ainda não tinha muitos amigos, a não ser alguns colegas do cursinho pré-vestibular que começara há menos de dois meses.
Deixara para trás a família, o lugar onde crescera e uma fama chata de CDF. Claro que não os deixara completamente.
Seu pai ainda mandava dinheiro todos os meses, ela tinha planos de passar as férias na cidade de origem e ainda era a mais aplicada da turma, só não chamava tanta atenção.
Antes de programar o despertador do celular, ficou olhando para um nome em sua lista de contatos. Sua melhor amiga.
Juliette nunca mais ligara para ela, mas naquele dia a vontade de fazê-lo parecia incontrolável. Culpa da maldita vizinha, que ela não pôde deixar de reparar no quanto era bonita.
Fechou os olhos com força como se pudesse, com isso, apagar o disco rígido de sua memória. Não queria pensar, não queria lembrar, não poderia sonhar com aquilo.
Flashback ON .....
Era sua festa de despedida. A pequena cidade via em Juliette o seu próprio futuro: a garota mais inteligente do terceiro ano, uma boa filha, de família respeitada, uma garota doce e muito educada com todos.Queriam que ela fosse longe, mas que um dia voltasse, com um diploma de medicina e ares de "cidade grande".
Todos os seus amigos estavam lá, e eles eram muitos, além dos parentes mais próximos e os professores da escola.
Seu pai fizera questão de marcar aquela data e sua mãe encomendara doces e salgados para alimentar um batalhão.
Filha única, ela via em Beatriz ( vou permanecer esse nome, pq tem outra Bia na história ) uma irmã, e achou curioso quando esta, no final da festa, puxou-lhe para o seu próprio quarto, sem chamar a atenção de ninguém.
– 'tá tudo bem, Beatriz?
– Sim – ela sorriu abertamente, dando um abraço em Juliette . – Eu só queria me despedir direito.
– Hei, eu vou voltar nas férias. Em todas as férias! A gente nem vai ver o tempo passar.
– Eu vou sentir a sua falta todos os dias...
– Eu te ligo, a gente fala por Instagram, WhatsApp...
Juliette não estava entendendo a angústia que Beatriz já não conseguia esconder.
– Preciso te contar uma coisa, Ju. Uma coisa que eu tava escondendo de você, mas... Não dá mais!
Ela estranhou. Desde os onze anos de idade, nem ela nem Beatriz escondiam nada uma da outra. A amizade das duas causava até mesmo inveja, de tão próximas que eram.
– Que foi?
– Eu gosto de você.
Juliette sorriu. Depois riu. Como Beatriz era boba, era lógico que se gostavam.
– Eu também gosto de você, sua maluca.
– Você não está entendendo... – Beatriz estava confusa, achou que nunca conseguiria dizer aquilo. – Eu gosto de você de um jeito "diferente", como... Como...
– Como uma irmã, eu sei – Juliette afagou o rosto da amiga.
– Como mulher.
Beatriz tivera de reunir toda a sua coragem para dizer aquilo encarando os orbes de Juliette . Mas não se arrependeu.
Pelo contrário, sentia que um peso enorme fora tirado de suas costas. Há meses escondia aquilo, e o segredo a sufocava cada vez mais, principalmente quando Juliette confirmou que iria se mudar.
Sem dar tempo para sua melhor amiga pensar, deu um passo à frente e colou seus lábios nos dela, segurando-a pela nuca.
Juliette entrou em pânico e tentou se afastar, virar o rosto, fechar a boca, mas Beatriz estava tão decidida e tão sufocada, e ao mesmo tempo tão apaixonada, que não desistiu.
Empurrou Juliette contra a parede do quarto, as duas cambalearam, mas não caíram, e quando as costas de Juliette ficaram apoiadas e o corpo de Beatriz envolveu o seu por completo, ela acabou se entregando ao beijo.
Se entregando e correspondendo...
As duas sabiam que aquele era o primeiro beijo de Juliette. O primeiro beijo "pra valer", porque ela já trocara "selinhos" com alguns garotos em brincadeiras de "verdade ou conseqüência" atrás do prédio da escola.
Mas apesar da pouca experiência, Juliette nunca se questionara sobre isso. Gostava de um colega e Beatriz sabia disso muito bem, pois era sua confidente. Já gostara de outros garotos também, nos outros anos... E achava os atores da TV realmente gostosos.
Beatriz também nunca dissera nada sobre ser homossexual. Na verdade ela já contava dois namoros e uma penca de "ficadas" no currículo.
Juliette sabia... Juliette já tinha visto muitas vezes, apesar de que aquilo a incomodava... Ela sempre sentia um nó no estômago quando via sua melhor amiga ficando com um garoto. Mas achava que aquilo era normal...
Flashback OFF ....
Juliette abriu os olhos rapidamente e encarou o teto do seu quarto. Estava sonhando com aquele beijo de novo.
Sua mente conservava apenas alguns flashes, mesmo que meros dois meses e meio tivessem se passado.
Só lembrava de ter empurrado Beatriz para longe, de sair correndo e de ter se escondido atrás da Igreja até altas horas da madrugada, deixando seus pais preocupadíssimos.
Dois dias depois ela se mudou para uma pensão em São Paulo. E naquele dia estava arrumando seu primeiro apartamento.
Teria talvez vivido para sempre com a impressão de que aquele beijo de despedida fora algo produzido pela sua mente criativa, não fossem as sensações que tivera mais cedo.
Não fosse o detalhe de ter perdido o fôlego quando a vizinha abriu a porta com um sorriso jovial. Não se culpava por completo, afinal de contas, até o senhor que copiava a chave ficara nitidamente embasbacado.
Porém o chaveiro era homem. E Juliette , aflita e sem conseguir voltar a dormir, começou a pensar, e mais do que pensar, começou a sentir.
Uma parte dela que crescia mais a cada segundo já conseguia realmente cogitar que ela pudesse gostar de mulheres. E ao invés de se achar um monstro, ela ficava se imaginando nos braços da simpática vizinha de curvas insinuantes...
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Obra nao autoral , vale frisar né gente 🙊🙈
E aí
Alguém já conhece essa história???
O que tão achando ???
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O TRIANGULO | SARIETTE | 1 e 2 TEMPORADA
FanficSarah, Juliette e Pocah vivem um triângulo amoroso. No final só um casal vive o amor real. É meio confuso ver Sarah com Pocah , mas no fim da certo . Uma adaptação não autorizada do triângulo de sara lecter. Se a autora aparecer e pedir pra tirar f...