T2 - Julgamento parte II

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* * *

A testemunha mais intrigante do caso era Horácio Pedroso. Quando ouviu o nome e ele foi chamado, Juliette finalmente aquietou uma dúvida que vinha de muito tempo. A pasta que subtraíra de Sarah continha informações sobre esse homem.

Na época, com as coisas que ela sabia, não teve a menor ideia do que aquela informação queria dizer. Como só tomara a iniciativa de apanhar a pasta já próxima do pouso, teve tempo apenas de passar os olhos. E nunca comentou com ninguém.

Ao que ele se apresentou, veio a resposta mais simples: era o chefe da segurança de Pedro Sobral, o pai da vítima.

Sarah começou suas perguntas conforme a orientação de Antenor, mantendo o foco na indiciada. Claro que as respostas que ela queria nada tinham a ver com isso. Sempre que possível, ela fazia uma pergunta aleatória, para em seguida questionar algo sobre a investigação do crime.

Horácio não era um homem qualquer. Até mesmo pelo modo como ele mentia, imediatamente avaliando a reação de Sarah , era perceptível o quanto sabia raciocinar. E o quanto era perigoso...

-- Quando ficou sabendo da morte de Pedro Alfonso? -- quis saber Sarah .

-- No mesmo dia.

-- Claro. Mas o horário?

-- Não lembro direito.

-- É importante que tente se lembrar...

-- Faz muito tempo, não sei mesmo -- garantiu ele.

-- Soube por quais meios?

Ele hesitou, dando a Sarah a oportunidade de concluir que nem tudo tinha sido tão bem planejado por Sobral.

-- Eu... Um telefonema da polícia, avisando os pais dele. Deve imaginar o choque de todos...

-- Qual foi a primeira ordem que recebeu do seu patrão, depois disso?

-- Protesto! -- meteu-se o promotor.

-- Mantido -- disse o juiz.

Sarah lançou a ele um olhar cansado. Aquilo já beirava o ridículo do juiz sequer perguntar a alegação do protesto. Mas podia ser um bom sinal. Agindo daquele jeito, pressionando os outros até o limite, Sobral só poderia estar com muito medo, o que demonstrava que Sarah estava conseguindo chegar a algum lugar.

-- Vou reformular -- disse Sarah , com falsa paciência. -- Para ser o braço direito de um homem tão poderoso e visado como o senhor Sobral, é certo que você... Você...

Primeiro, ela sentiu a visão ficando turva, e então todos os seus sentidos se alteraram. Por mais que inspirasse adequadamente, parecia não conseguir oxigenar seu cérebro.

O choque foi muito grande porque ela teve certeza que aquele homem não falaria nada, não entregaria nem uma vírgula das muitas coisas que ela precisava tornar públicas para fazer com que os jurados acreditassem na inocência de Maria Augusta.

Todos a sua volta entraram em suspense.

"Eu perdi a causa" -- pensou ela, por um segundo, mantendo os olhos fechados.

-- Doutora Andrade ? -- a própria testemunha chamou sua atenção.

-- Desculpe, senhor. Só um instante, sim?

Quando ela se aproximou da mesa de defesa, tinha o olhar transtornado. Antenor a amparou aos sussurros:

-- É o suficiente, Sarah , você fez o que podia.

-- Ele não vai entregar nada, nem sob ameaça de morte...

-- Concordo... Encerre, e vamos pensar no recurso. Assim teremos tempo de investigar mais.

O TRIANGULO | SARIETTE | 1 e 2 TEMPORADA Onde histórias criam vida. Descubra agora