T2- Capítulo 28 - Me Leve Com Você

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O julgamento poderia ter acabado, mas Laura continuava tendo muitas lições. Ao lado de Antenor Martelli, partiu para uma conversa com o promotor e seus assistentes. Ela ficou calada, como era o esperado, mas seus ouvidos estavam atentos, captando tudo.

Pela manhã, Antenor e Sarah deram a ela apenas detalhes superficiais sobre o acordo com Pedro Sobral.

O resultado, que para muitos foi totalmente inesperado, para ela foi nada mais do que previsível. Afinal de contas, todo o inquérito fora armado para acusar Maria Augusta de forma a proteger a reputação de seu falecido marido. Quando esta dita reputação foi colocada em risco -- por Sarah-- um freio lhe foi imposto.

Justo, não era.

Daniel Muraro fora assassinado e a polícia local não tinha qualquer pista sobre o crime. Porém ele, da mesma forma, tirara a vida de uma pessoa. Alguns detalhes de toda aquela trama provavelmente jamais seriam descobertos.

Se pudesse apostar, Juliette diria que Horácio Pedroso deu fim ao assassino do herdeiro dos Sobral. Mas apostas, no Direito, significavam pouca coisa, ainda mais para alguém que apenas engatinhava naquela área.

-- Vamos buscar nossas coisas no hotel? -- propôs o doutor Martelli.

-- Claro.

Sarah tinha sumido e Juliette não quis perguntar sobre o paradeiro dela. A tinha visto sair apressada, e sabia muito bem que dia era aquele.

Pocah estava se mudando para o Canadá.

E Juliette lhe dissera adeus por uma mensagem de texto, no recesso antes da sentença. Se ainda a amava, já tinha quase certeza que não. Seus caminhos tinham se separado muito naqueles meses que sucederam o término. Suas mágoas, aos poucos, demonstraram ter vida mais longa que o afeto que restara quando voltaram a ser "apenas" amigas.

Quanto à Fabiana, não sentia saudades. Talvez depois de alguns dias, aumentando o tempo decorrido desde o último encontro, seu corpo pudesse reclamar, mas não o coração. Esse estava completamente apático. Fechado. Estava em manutenção.

-- Em quase trinta anos de advocacia, esse foi o caso que fez tudo valer a pena -- confessou Antenor Martelli, enquanto afivelava o cinto.

Juliette estava aflita, querendo pensar em qualquer coisa que não fosse a decolagem do avião, que ocorreria em poucos minutos.

-- Que bom que comecei por ele, então... -- disse a garota.

-- Está chateada conosco, Mocinha?

"Mocinha". Antenor Martelli a havia chamado de mocinha! Em vista da surpresa, ela quase esqueceu de responder.

-- Aaam... Chateada, não.

-- Percebi que você é uma pessoa com moral firme e princípios rígidos.

O silêncio dela foi a resposta que o advogado esperava. Ele continuou:

-- Você sabe agora quantas coisas aconteceram, ou uma parte delas. Sabe que até mesmo um assassinato ocorreu, na tentativa de acobertar o primeiro, e que o dito primeiro já foi, em si, um efeito colateral de uma negociação para manter algo escondido.

-- Sim.

-- Jamais conseguiríamos defender Maria Augusta, jogando completamente limpo.

Juliette ficou pensando sobre aquilo. Havia um fim, sim, que poderia justificar os meios utilizados. Mas no final das contas todos apresentavam um objetivo nobre, e se as coisas fossem sempre desse jeito, o mundo estaria num caos completo.

Depois de um suspiro, Juliette comentou:

-- Vocês fizeram a única coisa que o Sobral não esperava.

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