Capítulo 15

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Suspirando, caminhei até ficarmos lado a lado, ele me olhou como se fizesse uma pergunta silenciosa.

"Eu estou aqui", eu disse. "O que você quer que eu faça?"

"Não se incomode". Disse ele como punição. "Eu não quero ouvir você reclamando".

"Eu não vou. Eu serei seu modelo hoje!" Eu dei um passo pra frente da câmera. A referida câmera foi baixada, revelando os olhos tímidos de Beau. "Você deveria estar honrado. Poste fotos minhas em qualquer lugar e elas serão um sucesso."

Mas se ele fotografasse a si mesmo, provavelmente faria ainda mais sucesso. Ele tinha as qualidades para isso enquanto eu era um jogador de basquete desajeitado que facilmente se enquadrava na categoria atlética robusta. Eu tenho perna pra mais de metro!

"Certo", ele bufou.

Ele arrastou seu novo modelo para a posição. Eu estava posando pela igreja da maneira que ele achasse melhor. A modelagem parecia bastante fácil até que percebi o que isso significava: a atenção inabalável de Beau. Diante das lentes, eu não era Devin e isso transparecia em seus olhares quietos e contemplativos. Ele estava fixado em mim, no jeito que eu me movia, no jeito que eu me portava. Eu era um suporte que ele não tinha problemas em guiar dessa maneira, enquanto eu tinha muitos problemas com isso.

Estávamos perto demais. Seus olhos eram muito brilhantes, muito redondos e atentos. Seus lábios pareciam macios, quase convidativos. Sua respiração era quente. O suor grudava em sua pele de modo que brilhava como se estivesse coberto de cacos de vidro que ameaçavam cortar se eu chegasse muito perto. Suas mãos não eram lisas como porcelana, embora certamente parecessem. Elas eram tão ásperas quanto as minhas, calejadas por muitos anos de esportes e moradia rústica. Seu toque não era gentil porque eu não tinha certeza se ele realmente sabia o que significava gentil. Ele me puxou, me empurrou e me arrastou, mas o roçar de seus dedos sobre minha pele em chamas deixou sensações que eu prefiro não pensar.

Felizmente, o tormento em meus sentidos terminou quando Beau considerou esta área concluída. Se o modelo Devin causou algum efeito, ele não demonstrou. Sua fixação estava nas fotos sobre as quais ele estava murmurando no caminho de volta para o carro. Minha fixação estava muito além.

"Onde agora?" Eu perguntei uma vez que voltamos para a van com ar condicionado. Acho que nós dois suspiramos aliviados. Beau até abanou a camisa. Recusei-me a deixar meus olhos vagarem para seu abdômen exposto.

"Você está com fome?" ele perguntou.

O relógio indicava que estávamos dirigindo sem rumo e tirando fotos por pouco mais de três horas. Para responder a sua pergunta, meu estômago roncou.

Ele riu: "Então vamos comer".

Beau lembrou-se de ter visto um restaurante mais cedo que "despertou seu interesse". A frase me fez revirar os olhos, mas segui as breves instruções que ele me deu. No caminho, ele não falou muito e isso me incomodou. Estávamos sozinhos e sendo civilizados, pela primeira vez. Tínhamos mais em comum do que esperávamos e... e eu queria saber. Eu queria saber mais sobre ele, que pensamento estúpido. Mesmo que não fôssemos amigos, já sabíamos tanto um do outro.

Mas eu queria mais. Eu estava ficando ganancioso com o passar do tempo.

"Você nunca respondeu à pergunta", eu disse, ganhando a atenção inabalável de Beau mais uma vez. Eu odiava como eu estava desejando isso ultimamente.

"O quê?"

"Se você já namorou antes, você nunca respondeu."

Ele foi pego de surpresa o suficiente para deixar a fachada escorregar. Ele franziu os lábios, os olhos tão arregalados quanto os de uma criança em uma loja de doces. Então ele olhou para o outro lado e encostou o corpo contra a porta. "Talvez eu não tenha respondido porque não quis."

14 Days (PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora