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LEBLANC...

Eu provavelmente não deveria enxergar ela. É simples. Chegar ao alvo e fazer o trabalho, nunca olhar para trás a menos que tenha esquecido a cápsula da bala no chão. Mas Angelic está sendo um trabalho diferente. Ela captou minha atenção por mais tempo do que eu precisava.

Eu nunca vejo um rosto. Não decoro detalhes, se não sonho com eles depois. Não sei a cor do cabelo ou a altura. São apenas alvos, é apenas um trabalho. Mas eu vi ela. Eu sei a cor do seu cabelo agora, sua altura e a forma, a cor dos olhos e estrutura do nariz. Estou consciente de todas as características dela.

Sou um homem observador. Nunca me esqueço de algo se passo mais de cinco segundos olhando, e é por isso que não precisei desviar uma segunda vez para ter certeza de que capturei uma imagem dela na minha mente.

O cabelo é loiro claro, quase branco, mas algumas mechas são mais escuras do que outras. O nariz é fino, pequeno e um pouco projetado para cima. Os olhos são azuis, nada diferente de qualquer outra loira. Mas os lábios... porra, os lábios. Uma mulher com a proporção certa nos lábios pode ter o que quiser.

Sigo o detetive Pierce até o escritório da Casa Branca. Aqui se inicia a investigação sobre o atentado da noite de hoje. Posso imaginar a dezena de repórteres do lado de fora e a internet colapsando.

Ele abre a porta e permite que eu entre primeiro. Do lado de fora do escritório, um policial fica de guarda.

O ambiente é amplo. Uma estante de livros atrás da mesa, duas cadeiras à frente. Carpete vermelho, paredes brancas e janelas de vidro com visão para o pomar.

O detetive fecha a porta e encosta-se nela. Ele retira um bloco de notas e caneta do bolso interno do paletó e olha para mim.

- Sr. Campbell – Kevin Pierce começa.

Ele é jovem, provavelmente não chegou aos trinta ainda. Está levando este trabalho a sério, porque sabe que é uma oportunidade de ouro. O salário é um insulto, mas para alguém que nunca teve um milhão em sua conta bancária, é suficiente.

- Sou eu – digo.

Eu preciso dizer que não gosto de mentiras, mas isso não significa que sou mau mentiroso. Não me chamo Bruce, muito menos faço parte da família Campbell. No entanto, este foi meu último serviço, e ainda tenho as informações sobre eles frescas na mente. E, além disso, Daniel Campbell está morto, então não pode me desmentir.

- Daniel Campbell é seu pai? – Pierce franze a testa.

- Era.

- Eu pensei que Christian Campbell fosse filho único.

- Dentro do casamento, ele era – minto.

Caminho lentamente para perto das janelas de vidro. É noite de lua cheia e o pomar está bem iluminado por ela.

- Bom – posso ouvir o som da caneta riscando o papel quando Pierce anota algo em seu bloco – O que está fazendo na América?

- Exercendo meu direito de ir e vir, eu acho.

- Seja mais específico, Sr. Campbell, não queremos passar a noite toda aqui.

Me viro para encarar o detetive. Atrevido. Eu gosto.

- Meu pai deixou muitas pontas soltas nos negócios, e eu preciso resolver antes do meu irmão decidir vender tudo – respondo.

Esta parte não é mentira. Qualquer pessoa com meio cérebro sabe que é uma questão de tempo até Christian se cansar de brincar de empresário e trocar os vinhedos do pai por um jatinho.

ÚLTIMA DANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora