ANGELIC...
Quando acordo pela manhã, minha cabeça está explodindo. A noite passada, aos poucos, se infiltra em minha memória, e eu espero que o arrependimento venha, mas ele não vem. Até que eu abra os olhos, era como se tudo fosse um sonho. Um bom sonho.
Skyla não me deu muitas informações sobre o porquê dela frequentar o Bronx. Não que seja errado, mas não é o tipo de lugar que a herdeira de uma petrolífera visita. No entanto, eu não odiei. Talvez até tenha gostado dos carros modificados, das pessoas que não se importam com a opinião alheia e do cheiro de rua. Talvez.
Contragosto, abro os olhos. Todas as cortinas estão fechadas, então o quarto está deliciosamente escuro. Me levanto, e sequer me preocupo em colocar o robe sobre a camisola. Eu costumo ser muito formal e obediente, mas os últimos dias me mostraram que meu comportamento não vai mudar nosso futuro. O fracasso é quase definitivo para a família Donneli.
Vou ao banheiro, escovo os dentes e arrumo o cabelo. Meu rosto está corado de uma forma saudável, e eu só posso dizer que é por causa da noite de ontem. Adrenalina. E talvez o Sr. Campbell tenha algo a ver com isso. A provocação que nos rodeia sempre que estamos próximos é o que tem me feito sentir viva nos últimos dias. Mas, ainda assim, eu não gosto dele. Não gosto da forma como meu sexto sentido fica aguçado, de uma forma ruim, quando ele está perto.
Pego meu celular e caminho para fora do quarto. Respondo uma mensagem de Skyla, perguntando se estou bem, enquanto desço as escadas. É claro que ela está preocupada, afinal, o Bronx é como o lado ruim de Nova Iorque, o lugar onde nem mesmo as piores pessoas querem estar.
No andar de baixo, a mesa do café da manhã está posta. Meu pai não está presente, apenas Margot. Ela está sentada na cadeira à direita da cabeceira da mesa, com sua bolsa de trinta mil dólares na cadeira ao lado, indicando que ela sairá em breve. Nenhuma novidade. Me aproximo, fingindo digitar no celular para não ter que falar com ela ainda.
- Bom dia - ela diz, mesmo assim.
- Bom.
Me sento e coloco o guardanapo no colo. Deixo o celular de lado e me sirvo de ovos mexidos e suco de laranja. Sinto o olhar de Margot em mim, e quase penso que ela sabe o que fiz na noite passada. Mas, não, ela não sabe. Margot não se dá o trabalho de pensar sobre o que estou fazendo. E agora que somos quase falidos, duvido que ela continue sendo uma Donneli por muito tempo.
- Você não quer saber onde seu pai está? - ela instiga.
- Onde está meu pai?
- No salão de festas. Um investidor demonstrou interesse em patrocinar a candidatura dele - ela diz, com o tom de voz que não indica felicidade.
- Pensei que ninguém quisesse patrocinar ele.
- Não queriam - Margot afirma - Mas agora...
- É o senador? - pergunto antes de beber um gole do suco.
- O senador? - ela gargalha - A única coisa que ele quer é colocar o sobrenome Mares em você. Fora isso, não irá ajudar Elliot.
- Então quem? - assim que as palavras saem da minha boca, as portas duplas de entrada da sala se abrem. Eu e Margot nos viramos para assistir Elliot Donneli e Bruce Campbell entrarem, respectivamente.
Alguns seguranças estão os seguindo, no entanto, levando em consideração a atual reputação de Elliot, duvido que estejam o protegendo.
Minha boca seca. Sinto o estômago revirar com a possibilidade de Bruce estar aqui apenas para mostrar à minha família que eu não sou mais a boa moça que aparento ser. Ele e Elliot trocam palavras enquanto caminham até nós. Bruce está vestindo um terno preto e sobretudo marrom escuro, bonito e poderoso, exatamente como ontem. A diferença é que, no Bronx, eu o vi como nunca antes. Até mesmo aquele homem de cabelo vermelho e espetado, Max, eu acho, tinha respeito por Bruce. Medo, talvez. Isso me faz pensar; o que faria um cara do Bronx ter medo de um cara engravatado? Quem Bruce realmente é?
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ÚLTIMA DANÇA
RomanceApós passar anos recluso, o assassino de aluguel conhecido como LeBlanc recebe uma proposta quase irrecusável. Seu próximo trabalho envolve a única filha do presidente dos Estados Unidos. O tiro mais caro de toda sua vida. No entanto, a garota inofe...