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ANGELIC...

Meu coração quase saiu pela boca quando deixei o carro na garagem de Elliot e vi a marcação nos pneus. Eu pensei que não poderia ficar mais nervosa, então entrei no carro de LeBlanc, e fiquei.

Tudo bem que ele seja bonito, e isso é indiscutível. Mas sua postura alinhada, seu mistério em revelar quem é, de onde vem, o que quer. Seu perfume forte, mas não do tipo exagerado, e sim do tipo marcante. Tudo isso, colocado ao meu lado dentro de um carro, me deixou inquieta.

Chegamos a um edifício no coração de Nova Iorque, próximo à Times Square. Aqui estão localizados os prédios mais altos e caros da cidade. LeBlanc para em uma das vagas do estacionamento, que curiosamente está lotado. Ele desce, dá a volta no carro a abre a porta para mim.

- Obrigada.

Eu poderia fazer uma brincadeira sobre como não pensei que ele fosse cavalheiro, mas reconsidero. Hoje não.

LeBlanc apoia uma mão da base da minha coluna, e embora haja um grosso tecido entre sua palma e minha pele, meu corpo automaticamente acende. Eu me lembro deste toque. Ele me conduz até os elevadores, e enquanto aguardamos as portas se abrirem, sua mão continua em mim.

Santo Deus!

Entramos no elevador e subimos até a cobertura. Antes mesmo das portas se abrirem, ouço a música alta tocar. Penso em uma festa, uma balada, uma comemoração... mas nada me prepara para o que encontro quando as portas se abrem.

Se me perguntassem qual foi a coisa mais absurda que eu já vi, eu diria que foi há cinco anos, quando eu estava saindo da aula de matemática e caminhando em direção à biblioteca. Eu tinha alguns minutos livres antes do encontro com o clube de leitura, então fui até o banheiro para lavar as mãos. Eu ouvi alguns barulhos estranhos, mas não soube do que se tratava até entrar no banheiro e ver Skyla de joelhos em frente ao nosso professor. Tudo que eu sei é que ele pediu demissão depois disso, mas não antes de nos dar nota máxima em sua matéria.

Mas agora, diante da multidão de pessoas nesta boate, eu acho que a cena no banheiro não foi tão ruim assim. Têm pessoas nuas, realmente nuas, dançando no pole-dance. Têm pessoas cheirando carreiras de pó branco sobre as mesas. Têm pessoas se beijando nos cantos das paredes, e Deus sabe o que elas farão depois disso.

Olho para a forma como as pessoas estão vestidas - algumas não estão vestidas - e depois olho para minha calça de couro e corselete. Pareço uma santa neste lugar.

LeBlanc pressiona a mão na base da minha coluna, indicando que eu devo entrar. Me pergunto se ele sabe que esta é minha primeira vez em uma boate. Caminho lentamente, até perceber que estas pessoas não ligam para mim. Elas querem se divertir da melhor forma que sabem, na melhor cidade do mundo, e não perderão sequer um segundo olhando para o lado.

O que acontece em Nova Iorque também fica em Nova Iorque.

O bar fica à direita, e a mesa do DJ à esquerda. A iluminação é exatamente o que eu esperava de uma boate; vermelho e azul piscando em alternância.

- Vamos subir - LeBlanc diz atrás de mim.

Então, só então, percebo que há um segundo andar. Há algumas pessoas, principalmente homens, apoiados no parapeito de vidro enquanto conversam. Comparo o segundo andar com o primeiro, e prefiro ficar aqui.

Sim, essas pessoas me assustam um pouco, mas para alguém que nunca voou, as asas dos outros é novidade.

- Eu quero ficar aqui. Estou com sede.

Ele olha para o bar, talvez avaliando o quão longe estará de mim.

- Eu volto logo. Consegue ficar longe de problema?

ÚLTIMA DANÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora