A divisão dos espólios

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O convés do Diablo estava atulhado de novo. E, dessa vez, não apenas de pessoas. Os piratas que haviam retornado espalharam o butim trazido na travessia das Três Desejos.

Fora um bom ganho. Havia pesados baús de carvalho com as bocas escancaradas liberando bolsas de ouro sobre o convés.
Havia belas jóias, pinturas e esculturas, relógios ornamentados, urnas antigas, espelhos dourados, lustres de cristal e todo tipo de coisas finas.

O convés de proa, pensou Jimin, parecia uma feira — mas uma feira onde as mercadorias eram incrivelmente raras e preciosas e onde era possível acreditar que nada era falsificado.

Diante do butim, como um divertido camelô, estava o capitão Wang.

Toda a tripulação do Diablo havia se reunido no convés. Os sessenta piratas que tinham participado do ataque ocupavam a frente. Jimin olhou para os colegas. Estavam suados e sujos devido aos esforços, mas empolgados.

Todos tinham recebido jarras d’água ao voltar. Jimin havia tomado a sua rapidamente. Alguns jogavam a água sobre a cabeça para se refrescar e se limpar ao mesmo tempo.

O capitão Wang se dirigiu à tripulação:

— Bem, companheiros, foi uma excelente vitória, não foi? Muito bem, muito bem mesmo. Vamos dar três vivas à nossa estrategista militar, Nini Kim!

Em seguida puxou Nini da multidão e Jimin achou divertido ver como ela ficava vermelha enquanto os piratas davam vivas. Ele participou, gritando alto, junto com Kai, que não conseguiu resistir a um “uau” extra.

— Hoje testemunhamos um belo trabalho de equipe — continuou o capitão Wang. — Todos vocês fizeram seu papel e agradeço a todos. Mas quero prestar um tributo particular a um jovem corajoso que, sem temor, participou de seu primeiro ataque hoje.

O capitão Wang examinou a turba em busca de Jimin.

— Onde você está, sr. Park Jimin? Venha cá.

No meio da multidão, Jimin ficou imobilizado, até que a mão firme do capitão o empurrou à frente.

— Ande, companheiro, vá.

Então as fileiras de piratas à sua frente se abriram para dar passagem. Os outros piratas apertaram seus ombros e lhe deram tapinhas nas costas enquanto ele andava.

— Aqui está o sujeito — disse o capitão Wang. — Só 14 anos e um prodígio, nada menos do que um PRODÍGIO!

O capitão pôs a mão no ombro de Jimin. Agora todos os olhares estavam sobre ele e Jimin sentiu que ia ficando excessivamente vermelho.

— Três urras ao sr. Park, rapazes. Hip, hip...

— Urra! — gritou a multidão.

Jimin olhou para aquele mar de rostos que continuavam a homenageá-lo. Era uma sensação incrível. Ele fazia parte daquilo.

Quando veio o último grito, Jimin sentiu uma súbita tristeza. Queria que seu pai e Chaeyoung o vissem naquele momento. Ele e Chaeyoung sempre haviam sido como párias em Baía Quarto Crescente.

Apenas o pai aplaudia os dois. Apesar de seu talento considerável nos esportes, Jimin nunca havia se sentido bem-vindo num time. Os outros garotos o viam com suspeita, como o desajustado filho do faroleiro.

Finalmente, ele fazia parte de uma equipe. Olhou para Nini e Kai, que riam orgulhosos e comemoravam. Até Jeon Jungkook aplaudia, assentindo. Jimin percebeu que não eram apenas seus colegas de tripulação. Estavam se tornando seus amigos.

— Bem, agora — disse o capitão Wang quando Jimin voltou às fileiras. — Nosso navio apontou na direção da Taverna de Madame Hwasa...

Os gritos que se seguiram a esse anúncio foram longos e ruidosos.

Siblings Park - Demônios do OceanoOnde histórias criam vida. Descubra agora