À medida que os dias passavam no navio pirata, as esperanças e os temores de Jimin fluíam e refluíam com tanta frequência quanto a maré. Ele se agarrava à crença de que Chaeyoung estava viva, de que fora resgatada pelo navio Vampiros Piratas e que, de algum modo — contra todas as chances —, sobrevivia.
Principalmente durante o dia, pelo menos, podia se agarrar a essa crença. Mas, quando a noite caía e ele terminava as tarefas diurnas, sombrios temores o dominavam.
Era difícil acreditar que há menos de uma semana ele e Chaeyoung moravam no farol. E, ainda que Jimin fosse capaz de tudo para fazer o tempo recuar — se isso lhe trouxesse Chaeyoung de volta —, havia muita coisa a favor da vida no mar.
O Diablo era um navio bem feliz, apesar da tensão entre o capitão Wang e Jeon Jungkook. Jimin fizera boa amizade com Kai. E a maioria dos outros piratas também era amigável com ele, se bem que o garoto tivesse sempre cuidado de evitar Pum Fedorento e Jack Banguela.
— Menos reflexão e mais esfregão, por favor, Jimin.
Ele ergueu os olhos e viu Jeon Jungkook passar rapidamente, com as duas bainhas de espadas se projetando às costas. De novo ele lhe dera o serviço de lavar o convés.
A princípio Jimin gemeu por dentro mas, assim que começou a tarefa, viu que não era realmente difícil. Era bom estar ao sol, fazendo alguma coisa física que não exigia reflexão.
— Ei, molenga!
Jimin sorriu quando Kai saltou ao lado dele. Kai havia recebido outra área do convés para lavar, mas sem dúvida tinha sido mais rápido.
— O senhor é realmente molenga, sr. Park — disse Kai com um riso brincalhão. — Qual é o problema? O esfregão é pesado para você, novato?
— É isso mesmo — respondeu Jimin, sorrindo.
Enquanto tirava o esfregão pesado de água do balde, levantou-o e girou na direção de Kai, de modo que o colega recebeu um banho inesperado.
Kai ficou atordoado um momento. Jimin se perguntou se teria passado do ponto. Kai estava com um olhar maligno. Ele pegou seu próprio esfregão e mergulhou no balde.
Jimin não teve tempo de “recarregar”. Em vez disso, estendeu o esfregão como se fosse uma espada, preparando-se para o ataque. Viu o esfregão de Kai girar e levantou o seu para bloqueá-lo. Os cabos de madeira se chocaram. A água espirrou, mas Jimin continuou seco.
— Leva jeito, hein? — admitiu Kai. — Jennie Kim vai ficar impressionada!
Enquanto Kai afastava o esfregão, Jimin mergulhou rapidamente o seu no balde. Agora estava na ofensiva.
Saltou na direção de Kai, mas Kai bloqueou o ataque, levantando o esfregão de Jimin tão alto que só encharcou o garoto. O choque da água era frio, mas revigorante. Jimin se recuperou e investiu de novo. Seu esfregão encontrou o de Kai. Kai se afastou.
E logo estavam lutando por todo o convés de proa, até chegar à beira do navio. Kai estava com vantagem. Jimin foi pressionado contra a amurada.
— Acho que não vou fazer você pular na água dessa vez, meu garoto — disse Kai com um brilho maligno no olhar.
Jimin suspirou e, com toda a força, levantou o esfregão de novo e empurrou Kai para longe. Com um grito de prazer, Kai saltou, reagindo ao desafio. De novo lutaram pelo convés, com os esfregões se chocando. Agora Jimin é que tinha a vantagem, manobrando para encostar Kai numa porta de cabine.
— Ah, você me pegou! — admitiu Kai.
Jimin sorriu, olhando Kai baixar o esfregão. Os dois tinham se movido a toda velocidade pelo convés, e ele se sentiu grato por recuperar o fôlego. Mas, ao fazer isso, Kai saltou e passou por ele.
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Siblings Park - Demônios do Oceano
Vampir2505, litoral oeste da Austrália, em um lugar conhecido como Baía Quarto Crescente, é ali que os irmãos Jimin e Chaeyoung partem, após a morte do pai, faroleiro da cidade onde viviam. Negando a serem adotados ou irem para um orfanato, decidem fugir...