Lalisa Manoban

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Quando Chaeyoung acordou, a primeira coisa que viu foi o céu. Céu azul ofuscante sobre ela. Então aconteceu uma coisa estranha.

O azul penetrante se contraiu, depois começou a se esticar e se separar em dois círculos azuis. Enquanto seus sentidos começavam a se ajustar, ela percebeu que não estivera olhando o céu, e sim um par de olhos azuis profundos.

Os olhos de Jimin eram verdes, como os dela. Aqueles não eram conhecidos. Olhavam-na com intensidade.

Quando eles se afastaram um pouco mais, ela viu que pertenciam a uma garota. Parecia mais velha do que ela e Jimin — uns 17 ou 18 anos. Tinha cabelos pretos compridos e sobrancelhas combinando. Olhando-a, a garota franziu a testa.

— Você vai me meter numa encrenca — disse ela.

As palavras fizeram tão pouco sentido para ela quanto todo o resto, mas Chaeyoung reconheceu um forte sotaque Tailandês. Ela se inclinou à frente e afastou os cabelos de Chaeyoung de cima dos olhos.

Usava um anel Claddagh no dedo. Ela sempre quisera um anel daqueles, com a figura do coração apertado entre duas mãos com uma coroa em cima. Mas este era ligeiramente diferente. As mãos não seguravam um coração e sim um crânio.

— Quem é você? — perguntou tremendo. — Onde estou?

A garota franziu a testa de novo e balançou a cabeça. Será que não conseguia entendê-la? Mas havia falado inglês com ela, não havia?

— Quem é você? — perguntou ela de novo. Dessa vez escutou como sua voz tinha saído. “Qqqevvvvcêêêê.” Sua respiração estava fraca, a boca e a língua, ressecadas.

— Aqui. Beba.

Ela pegou um odre no bolso e pingou água suavemente entre seus lábios. Era boa, mas completamente gelada. Chaeyoung separou os lábios e se esforçou ao máximo para receber a água.

Demorou um instante até a boca funcionar direito outra vez. Estava tão concentrada em beber que mal notou quando a garota levantou sua cabeça e pôs o casaco enrolado embaixo dela, como um travesseiro improvisado.

Mas quando terminou com o gole d’água e deixou a cabeça tombar de volta, sentiu-se mais relaxada do que antes. A maciez sob a cabeça e o pescoço contrastavam com a superfície dura encostada no resto do corpo.

Ela estava deitada num chão de madeira áspera. Girando a cabeça ligeiramente, pôde ver um trecho de piso pintado de vermelho dos dois lados.

Mas, além disso, em todas as direções, sua visão era limitada por uma densa névoa. Sua cabeça girou de novo na direção da garota, cujo rosto parecia estar flutuando na névoa.

— Quem é você? — perguntou de novo.

Dessa vez ela entendeu.

— Meu nome é Lisa. Lalisa Manoban.

— Lisa — repetiu ela. Nunca tinha ouvido esse nome antes.

— Aqui, beba um pouco mais.

Lisa levou o odre aos seus lábios de novo e ela tomou outro gole.

— Onde estou?

A garota sorriu.

— Não é óbvio, moça? No mar.

Mesmo não podendo ver além de Lisa, enquanto ela falava, Chaeyoung sentiu o navio sacudir nas ondas e ouviu o estrondo do oceano abaixo.

— Como cheguei aqui?

— Não lembra? Houve uma tempestade.

Quando Lisa disse a palavra tempestade, todo o corpo de Chaeyoung reagiu. De repente estava de volta ao coração da tormenta, o mastro estalando no alto; a água salgada encharcando seu corpo já totalmente molhado.

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