Capítulo 27

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Guizhong, a Deusa da Poeira, amava os humanos mais do que tudo. Seu maior sonho, era vê-los prosperar, e para concretizar este sonho, ela buscou a ajuda de um dragão que vivia nas montanhas. Não era a primeira vez que se encontravam, na verdade, eles haviam se conhecido em um lindo campo de Lírios de Vidro... Ele estava ali, dormindo sobre a pedra aquecida pelo sol, e ela, cantava para que as flores desabrochassem.

"Com sua força e meu conhecimento, podemos fazer maravilhas!" Não foram as palavras que convenceram o dragão a unir forças com a jovem deusa, mas sim, sua determinação e espírito radiante.

Quando Guizhong morreu durante a Guerra dos Arcontes, Morax jurou concretizar este sonho, e por 3.700 anos, foi o que ele fez. Liyue cresceu e prosperou como nos sonhos de Guizhong, e mesmo tendo permanecido ao lado dos mortais por tantos séculos honrando seus contratos, Morax - ou melhor... Zhongli, não poderia dizer que os compreendia tão bem quanto a Deusa da Poeira.

Humanos não eram firmes como a rocha, mas sim voláteis como as águas turbulentas do mar.

— Guizhong... — Zhongli suspira exausto — Você saberia como lidar com isso melhor do que eu.

Após descer o Monte Aozang, os passos de Zhongli o levaram até as ruínas da Mansão Taishan, onde passou as últimas horas sentado nos degraus com um olhar vazio para o próprio reflexo na superfície do rio.

Parte de aprender a viver como um mortal, era aprender a lidar com os sentimentos - e Zhongli detestava ter que lidar com eles. O que ele estava sentindo agora? Raiva pelo o que Childe havia feito... e uma tristeza profunda por tê-lo abandonado. Mesmo que seu contrato com a Srta. Ekaterina não existisse, Zhongli duvida que tivesse coragem de ceifar a vida do rapaz, mas ainda assim, Childe precisava ser punido por seus crimes, então não o ver nunca mais seria a melhor saída.

O vento sopra, agitando a copa das árvores e a água. Por que seus olhos estão úmidos outra vez? E é como se houvesse um nó na garganta que tornava tudo ainda pior.

Zhongli detestava lidar com sentimentos.

De repente, uma mudança no vento distrai Zhongli de sua miséria, a energia obscura no ar era um sinal de que não estava sozinho. Inicialmente, ele pensa ser uma criatura do Abismo, mas aquele perfume... Qingxin. Surpreso, Zhongli ergue a cabeça e olha em volta, e é quando seus olhos encontram a pequena figura o espiando por detrás dos arbustos.

Zhongli se levanta e se aproxima do arbusto cautelosamente. O garoto se assusta, mas não corre. Talvez estivesse exausto para fugir, ou que sabe, talvez estivesse ferido.

— O que faz escondido nas sombras, Alatus? — Zhongli tenta persuadi-lo a deixar o esconderijo. O silêncio entre eles se prolonga, olhos âmbar o observam, considerando se devesse se aproximar ou não. Alatus tende a ser arisco como um gato selvagem, mas viria até você quando se sentisse seguro.

O garoto finalmente decide se revelar, saindo de detrás dos arbustos. De fato, ele parecia exausto e, de fato, também estava ferido. O menino estava mais magro do que da última vez que que se viram, mais pálido, e suas roupas estavam manchadas de sangue seco e terra. O coração já estilhaçado de Zhongli corta com a imagem que se apresenta diante dele.

O adeptus mais velho oferece um pequeno sorriso reconfortante e estende os braços, pedindo silenciosamente para que o menino se aproxime. E esta ação simples, foi o empurrãozinho que Xiao precisava. Com lágrimas nos olhos, mesmo mancando um pouco, o Yaksha atravessa os poucos metros que os separavam, e envolve os braços ao redor de Zhongli em um forte abraço cheio de saudade.

— Meu senhor... — ele chora, e Zhongli reponde abraçando-o em igual intensidade.

Por um momento tenebroso, Zhongli pensou que era o último de sua espécie, mas agora, reencontrando Xiao, uma pitada de esperança brota em seu coração.

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