Capítulo 34

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Era uma noite chuvosa em Watatsumi, e as pessoas da ilha estavam todas entocadas em suas casas e abrigos, profundamente adormecidos sob a proteção de Vossa Excelência. Entretanto, em plena madrugada escura e fria, uma sacerdotisa do templo de Watatsumi corre através do pátio do palácio de Sangonomia, trazendo consigo notícias importantes.

Encharcada pela chuva, a jovem sacerdotisa irrompe na sala de reuniões, onde o conselho de guerra se reunia, discutindo os próximos passos. Assim que as pesadas portas se abrem, a atenção de todos imediatamente está sobre ela, mas os olhos arregalados da moça estão fixos nos de Sangonomia Kokomi do outro lado da sala.

— O que está acontecendo? — a voz de Kokomi é suave quando pergunta, mas a surpresa pela entrada abrupta da jovem está estampado em seu belo rosto. Gorou, seu fiel general, tem as sobrancelhas franzidas profundamente, não aprovando a atitude da jovem sacerdotisa.

— Vossa Excelência... — a garota está ofegante — Eles a encontraram!

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Mais uma manhã agitada em Dragonspine. Zhongli e Venti caminham lado a lado, cruzando o salão comunal onde o café da manhã estava sendo servido. As pessoas passam por eles com seus pratos fartos e canecas fumegantes, e acenam. No início, as pessoas achavam muito estranho eles, dois deuses, convivendo em meio aos mortais de forma tão banal. Os Arcontes não eram inalcançáveis? Eles não viviam em seus palácios no céu? Bem... parece que isso não era verdade.

Nos últimos 3 anos o número de rebeldes nas ruínas de Sal Vindagnr cresceu bastante. Alguns vieram de Liyue trazendo consigo toda a família - mulheres, crianças, idosos... Outros, mais corajosos e sem nada a perder, lançaram-se nos mares tempestuosos de Inazuma e remaram até a costa congelada de Dragonspine.

Em meio aos rebeldes, haviam soldados, cavaleiros, bruxas, alquimistas, caçadores e aventureiros. Até mesmo alguns bardos e poetas, que não viam a hora de poderem compartilhar com o mundo as canções em contos que escreveram sobre a árdua luta da resistência contra a tirania da Arconte Cryo e seus Arautos.

Outra coisa que aumentou bastante nos últimos anos, foi o número de criaturas abissais nos arredores da montanha. Inicialmente as pessoas ficaram temerosas, mas depois, ficou claro que os monstros não estavam ali para fazer mal - pelo menos não aos rebeldes. Kaeya era como uma abelha rainha e acabava atraindo as criaturas que, pacificamente, aguardavam as ordens de seu príncipe. Alguns deles, os mais inteligentes, até mesmo vieram saudá-lo.

A presença das criaturas denunciava o estado no qual a barreira que separa Teyvat do Abismo se encontrava. Internamente, Zhongli se pergunta o quanto dela ainda restava.

Em resumo, Kaeya Alberich agora tinha um pequeno exército, agentes que trabalhavam em seu nome, e dois deuses que atuavam como bons conselheiros. Até mesmo as ruínas de Sal Vindagnr não se parecia mais com aqueles cacos tristes que encontrou quando chegou ao cume pela primeira vez pois, agora era, de fato, um palácio bastante aconchegante.

Venti e Zhongli pegam seu café da manhã com a sorridente Brook e, do outro lado do salão, eles avistam uma jovem vestida de vermelho acenando animada para os dois. Venti sorri e acena de volta, saltitando em direção a mesa onde um grupo de jovens se sentava. Zhongli segue logo atrás, em passos mais calmos e moderados.

— Klee, Bennet e Citri... Bom dia! — Venti os cumprimenta, sentando-se no banco de frente a eles.

— Olá, crianças. — Zhongli senta-se ao lado do bardo — Como estão essa manhã?

Chamá-los de crianças era apenas uma forma carinhosa. Klee havia completado 19 anos no último mês - uma mulher feita, mas ainda espoleta como a pequena cavaleira faísca sempre foi. Bennet era um homem no auge de seus 27 anos - ainda muito azarado, diga-se de passagem. E Citrinitas... Bem, ele não era humano, nem homúnculo, na verdade o jovem era uma planta mutante que havia se afeiçoado pela aparência do Alquimista Chefe, mas ao longo dos anos, fez algumas modificações aqui e ali, tentando criar uma identidade própria - Venti tinha que admitir, as folhas vistosas no alto da cabeça do rapaz eram o charme principal.

Hazy ShadeOnde histórias criam vida. Descubra agora