Capítulo 38

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NOTA:
Olá pessoas, como vocês têm estado? Espero que bem :)
Dia de capítulo novo, e esse está bem grandinho!

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O som de muitas águas é a primeira coisa que ela escuta antes de recobrar a consciência. Eram cachoeiras... muitas delas. O cheiro de sal marinho no ar e o doce chilrear dos pássaros. Tudo à sua volta era tão pacífico.

A segunda coisa que percebe, é que não está deitada em um chão de pedra fria e áspera de uma caverna, mas sim sobre uma superfície macia como uma nuvem de algodão. Está quente aqui. Quente e aconchegante. Oh, tantos anos vagando sozinha, como ela sentiu falta desse conforto.

E então, a terceira coisa que ela percebe... é o vazio em seus braços.

Essa percepção sozinha foi o suficiente para fazer Yae Miko saltar de volta à consciência. Com uma inspiração profunda como se estivesse se afogando, Miko se senta e tudo gira à sua volta. Ela está em um quarto desconhecido e não tem ideia de como chegou a aquele lugar. Os olhos de Miko percorrem o ambiente, mas não há nenhum sinal da espada. Ela sente o coração bater na garganta e um frio no estômago. Não é possível... depois de tanto sacrifício para protegê-la, ela não poderia simplesmente perdê-la assim!

Tomada pelo desespero, Miko se levanta, apenas para perder o equilíbrio e cair no chão - ela estava fraca demais para se manter de pé. O barulho de sua queda chama a atenção de alguém que estava do lado de fora do quarto, e essa pessoa vem correndo ao seu socorro.

— Senhorita Yae, por favor, não se esforce assim. — ela se lembra daquela voz. Com grandes olhos arregalados, Miko se vira para o homem ao seu lado e o reconhece imediatamente. Aquelas orelhinhas fofas... ela jamais poderia esquecê-lo.

***

— General da resistência de Sangonomia? — Miko sente a garganta arranhar como lixa pelo desuso de suas palavras. Gorou a ajuda a se sentar de volta na cama, e ela observa o híbrido com curiosidade — Devo confessar que estou realmente surpresa.

— O mundo dá voltas e o destino é uma força engraçada. — ele responde com um leve encolher de ombros.

Miko se lembrava dele. O pequeno recruta recém chegado às forças do shogunato. Pequeno e fofo - não o típico soldado. Mas mesmo sendo um menino doce e atencioso, Gorou poderia ser valente e feroz quando necessário. E Miko adorava atormentá-lo sempre que visitava Ei em seu palácio.

Quando a guerra se abateu sobre Inazuma, Miko estava certa de que o filhote fofo tinha morrido no ataque a Narukami. Ela estava no santuário com as outras sacerdotisas, ajudando a proteger a Sakura Trovão, quando recebeu notícias vindas da cidade - levariam semanas até que pudessem sepultar todos os mortos.

— Como se sente? — Gorou a pergunta ao notar o súbito silêncio da sacerdotisa. O olhar dela era distante e vazio, perdido em memórias, ele supôs.

— Vou sobreviver. — Yae sorri, mas seu sorriso não alcança os olhos — Agora, por mais que eu gostasse de sentar aqui e colocar o papo em dia... Eu gostaria de te perguntar uma coisa. — Gorou não deixa de notar a apreensão na voz da sacerdotisa, um detalhe incomum vindo da kitsune.

— E o que seria? — "atencioso como sempre", Yae pensa com carinho.

— Quando me trouxeram, havia uma espada comigo. — ela diz, olhando para os braços vazios. Musou Isshin de maneira alguma era uma arma pesada, mas após carregá-la por tantos anos, a ausência da arma sentia-se estranha — Para onde a levaram? — Miko temia que talvez a tivessem perdido pelo caminho, mas quando Gorou sorri e a cauda fofa do general abana de animação, Miko sente uma pitada de esperança.

Hazy ShadeOnde histórias criam vida. Descubra agora