MEUS PARA CUIDAR

Capítulo 13

BEATRIZ

Abro a porta do meu apartamento e o cheirinho de lavanda me atinge, inspiro para aproveitar melhor o cheirinho e agradeço mentalmente a Camily, pois sei que ela cuidou do meu cantinho durante esse tempo que fiquei fora.

– vamos entrar, não fiquem tímidos, mi casa es su casa – falo dando passagem para que entrem.

Eu vim de Minas e na minha mal trouxe junto Gregório e o pequeno Lorran, a cirurgia do garoto vai acontecer daqui a quatro dias então ele veio mais cedo para realizar os exames pré operatórios, além disso há também algumas questões burocráticas para serem resolvidas. Eles iriam ficar em um hotel, mas eu dei um jeitinho de convencer o gregório que eles ficariam bem mais confortáveis na minha casa.

"Conforto e estabilidade são importantes para que o Lorran esteja tranquilo quando chegar o dia da cirurgia" foi o que eu disse a ele para conseguir que os dois viessem parar aqui no meio da minha sala.

– Vamos vocês dois vou mostrar os quartos, a viagem foi longa e precisam descansar. Eu vou pedir o jantar pra gente pq minha geladeira deve estar vazia.

Caminho com eles pelo corredor e o primeiro quarto que mostro é do Lorran, como previsto ele adora pois é o quarto que os meus sobrinhos ficam quando vem passar o fim de semana comigo.

– posso dormir na cama de cima? – Ele aponta para triliche bem no lugar onde a Lari costuma dormir por ser a prima mais velha.

– Claro meu querido, mas é a cama da Lari você tem que cuidar bem dela porque ela e ciumenta com as coisas dela.

– Pode deixar Bea, vai ser super legal ficar na sua casa – ele diz já subindo os quatro degraus da escada da cama e se sentando no colchão de cima – você vai mesmo jogar video game comigo?

– Claro, eu não tenho um quarto de jogos incrivel como vocês, mas minha tv também é bem legal.

– Se comporta filho e não fica cobrando as coisas da Beatriz. – Gregório fala atrás de mim.

– Agora vamos vou te mostrar o seu quarto – falou já saindo pelo corredor e parando na porta ao lado onde fica o quarto de hóspedes – é aqui, tá vendo eu disse que tinha lugar para você aqui em casa.

– obrigada, mais uma vez, você está fazendo tanto por nós e eu não tenho como agradecer. – Ele fala sem jeito e eu sorrio.

– Não precisa agradecer, faço exclusivamente para fins médicos, vou adorar estar presente na cirurgia do Lorran, um momento ímpar na minha carreira – falo fazendo graça ele abre um sorriso enorme. – Não ria de mim, eu to falando sério, meu currículo que tem que agradecer a vocês dois.

– Você é uma figura Beatriz e eu não sei como, mas ainda vou te agradecer e recompensar por tudo isso.

– Se faz você se sentir melhor eu vou pensar em alguma coisa – faço graça enquanto vou saindo do quarto para dar a ele privacidade para se instalar com tranquilidade.

Atravesso o corredor e entro no meu próprio quarto, fecho a porta e vou logo tirando minha roupa para um banho, estou desde ontem na estrada e preciso me refrescar. A primeira coisa que vejo quando entro no banheiro é a minha balança embaixo da pia, tento ignorar, mas é como se ela chamasse por mim. Me abaixo e a pego colocando no meio do banheiro, respiro fundo antes de subir em cima e olhar o número que sempre me acusam.

– Droga! ­­– falo quando notei que engordei quase seis quilos nesse tempo que fiquei em Minas.

Eu sempre fui uma criança gordinha, mas isso não era realmente um problema para mim, quando a gente é criança ser gorda ou magra pouco nos afeta. O problema mesmo começou a medida que fui crescendo e começaram a comparação do meu corpo com o de outras menina e a medida que as comparações cresciam a minha auto estima ia desabando, passei a usar roupas largas que escondiam meu corpo do olhar das outras pessoas, evitava sair de casa e fazer novas amizades para que ninguém chegasse próximo demais de mim. Criei uma barreira que me protegia do mundo e suas opiniões cruéis.