Capítulo 23

366 58 2
                                    


 BEATRIZ

Com pesar que noto que hoje é vespera de natal, eu sempre tive sentimentos ambíguos sobre o natal, primeiro eu amava passar data na casa da minha avó com a minha família inteira reunida tenho várias fotos de recordações dessa época principalmente quando a mamãe estava viva eu não me lembro bem, pois era muito nova, mas essas são as minhas fotos favoritas de toda a vida.

Depois veio a minha adolescência, minha familia estava separada cada um em um canto do país e os natais passaram a ser apenas eu e vovó, ela se esforçava arrumava a casa, fazia a ceia e íamos a igreja juntas, mas nada disso era capaz de me deixar feliz, porém eu não queria deixar a vovó triste, por isso fingia que estava tudo bem e que meu coração não estava totalmente partido pela saudade que sentia dos meus irmãos e principalmente da mamãe. Já o meu pai me ligava no dia vinte e cinco e enchia a casa de presentes como se para compensar a ausência dele.

Quando cheguei à fase adulta, mesmo morando na mesma cidade e na mesma casa que meus pais e irmãos, a relação familiar estava pior que nunca, por isso passava meu natal ou estudando ou enfiada dentro do hospital fugindo do clima horrível que estava instaurado lá em casa. Mas daí as coisas foram se ajeitando ao longo dos anos primeiro a camilly chegou com os gemeos e depois a pequena Amara, então nosso natais passaram a ser mais felizes, para completar a Lívia voltou trazendo a Larissa e depois de um tempo ela e o meu irmão Benício tiveram o nosso caçulinha da família o Isaque, então tudo no nosso natal se iluminou e a data passou a ser mais feliz do que nunca.

Mas esse ano eu estou aqui nessa cama de hospital, toda machucada com minha mão em frangalhos e um trauma enorme depois do ataque que sofri pelo Lucas, só se passaram uma semana que tudo aconteceu e eu ainda me sinto aterrorizada toda vez que fecho meus olhos, eu ainda consigo sentir o peso dele em cima de mim, o cheiro de álcool no meu rosto e o medo de ser violentada.

Não eram esses os planos que eu tinha para o meu natal, pretendia fazer algo legal em casa já que seria o primeiro natal a passar na companhia do Gregório e do Lorran, mas agora tudo que eu queria era não me sentir tão quebrada como estou agora. Meus irmãos passaram para me dar um beijo, mas logo foram embora pois com as crianças a véspera de natal é caótica, mas eles prometeram vir passar o dia comigo manha, alias vir passar o horário de visitas comigo.

Já o Gregório está lutando com um impaciente Lorran que apesar de ter recebido alta hospitalar ainda precisa de muitos cuidados e não pode fazer estripulias, mas é meio difícil manter o menino quieto na época de natal. Me estico um pouco e com a minha mão boa pego o meu telefone discando o número da Camilly, mais conhecida como minha cúmplice nas doideiras que eu arrumo.

– Bea meu amor, como você está? – atende depois de três toques e pela ligação consigo ouvir o barulho de crianças gritando, rindo e correndo ao redor dela.

– Eu to bem, os analgesicos vem fazendo maravilhas por mim. Gostaria de saber se está tudo certo com o que eu te pedi.

– Esta sim, os presentes vão chegar a tempo tudo do jeitinho que você quer, pode atrasar um pouco por ser véspera de natal, tu sabe como as coisas ficam difíceis no dia vinte e quatro.

– Sei sim, só estou ansiosa, tomara que eles gostem.

– Tenho certeza que vão amar principalmente o Lorran... Matheus pelo amor de Deus não puxa o cabelo da sua irmã! – Escuto Camilly gritar e sorrio imaginando a cena – Beatriz juro que te ligo depois, vou só esganar o pestinha do seu sobrinho.

Encerramos a ligação e estou com um pouco de sono e apesar de ter falado com a camilly que estou bem na verdade minha mão dói de maneira absurda assim como minhas costelas que doem a cada respiração, me sinto acabada e na real meio triste por tudo que me aconteceu, sei que deveria estar grata pois além de ter sobrevivido a uma coisa horrível ainda descobri precocemente uma massa no pâncreas que era maligna, mas foi retirada totalmente e eu nem vou precisar passar por uma quimioterapia, bom parece que a frase favorita da minha da avó Matilde é real " há males que vem para o bem".

Estou quase cochilando quando a porta do meu quarto é aberta e Antônio entra, ele é meu amigo de longa data fizemos a faculdade juntos assim como nossa residência enquanto eu fui para cardio o Tony foi para a cirurgia geral, foi esse lindo moreno que descobriu o que eu tinha no pâncreas e agora além de meu amigo é um dos meus salvadores.

– Eu estava quase dormindo seu chato.

– Hospital você sabe, quando o paciente está dormindo ou comendo é o melhor momento para fazer a ronda ou realizar exames, temos um radar – ele brinca – vim desejar feliz natal, meu plantão terminou agora e vou para casa.

Ele vem para perto de mim e me abraça forte, não me aguento e começo a chorar baixinho e o Antônio não me afasta, ao contrário se senta ao meu lado na cama até que eu termine a choradeira e esteja pronta para falar.

– Me desculpa é que o natal me deixou meio nostálgica e deprê.

– Não precisa se desculpar Bea, você passou por algo horrível há alguns dias e merece chorar sempre que quiser. Eu tenho vontade de chorar toda vez que te vejo nessa cama.

– Queria estar com a minha família, você bem que podia me dar alta né.

– Tava demorando pra Beatriz mimada dar as caras – fala bagunçando meu cabelo e minha boca forma um biquinho automaticamente – nem vem Beatriz te conheço a anos e já sou imune a essa carinha. Você ainda está se recuperando, sua inserção no abdômen ainda está aberta sem contar que mesmo que eu te de alta a neurologia e a ortopedia nunca iam fazer a mesma coisa.

– Que saco, não queria passar o natal aqui, mas você está certo eu preciso fazer tudo certo para ficar boa logo e voltar a operar eu não sou nada se não puder ser uma cirurgia.

– Não fala isso nunca mais, esse é só nosso trabalho, você é bem mais que isso: é uma mulher fantastica e forte determinada e se você não puder operar pode clinicar, dar aulas e ensinar. – fala me dando força e eu tenho vontade de chorar outra vez, ando muito chorona esses dias. – Sem contar que você é muito rica e pode passar o resto da vida na beira da praia tomando água de coco.

– Idiota, não sei porque ainda desabafo com voce, mas me diz ja falou com a juliana.

– Você sabe que eu não vou fazer isso, ela trabalha comigo e tenho a regra de não namorar colegas.

– essa regra é estúpida – resmungo.

– E você sabe muito bem por que dessa regra – fala e uma pontinha de tristeza toma seus olhos.

– Não é porque uma louca quase acabou com a sua vida e sua carreira que isso vai acontecer outra vez, impossível um raio cair duas vezes no mesmo lugar, qual é nós conhecemos a juliana ela é uma menina de ouro, tem um coração enorme e eu adoro ela. Vocês seriam perfeitos juntos.

– Eu já vou indo Bea – diz e levantando da cama, claramente fugindo do assunto, se tem uma coisa que detesto no Antônio é essa mania de sempre interromper assuntos que o desagradam e sair.

Mas só dessa vez eu deixo que ele fuja já que não quero aborrecer meu amigo em pleno natal; quando estou novamente sozinha posso então fechar os olhos e descansar.

.

.

.

oiiee, pesoal desculpem o sumiço as coisas aqui estão uma correria e para completar eu to tendo uma crise horrivel de dor de dente. espero que gostem do capitulo e ja vou postar outro pra compensar. 

 

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
MEUS PARA CUIDAROnde histórias criam vida. Descubra agora