Capítulo 4

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BEATRIZ

O dia está radiante, o sol está lindo e perfeito para ficar largada na beira da piscina ou dentro da piscina e é exatamente isso que estou fazendo. Como hoje a Lucia, que cuida da casa da minha avó, não vem eu acordei cedo arrumei a casa e fiz almoço para nós duas e agora eu estou aqui curtindo a tarde na beira da piscina com uma cerveja gelada e salgadinhos, enfim, aproveitando minha tarde.

— Querida, eu vou sair. — É claro que ela vai, minha avó não para em casa um segundo sequer, queria ter essa animação toda. – vou ao salão fazer as unhas você deveria vir tenho certeza que as meninas iriam encaixar você.

— Quem sabe depois, hoje eu quero ficar aqui curtindo o sol que vai me deixar vermelha e não bronzeada, mas eu vou me preocupar com isso amanhã. — falo colocando os óculos de sol estilo gatinho sobre os meus olhos e me recostando na espreguiçadeira.

— você quem sabe querida, qualquer coisa me liga.

Fecho os meus olhos tentando relaxar, sinto que finalmente estou conseguindo superar tudo que acontece, claro que não posso levar todo o crédito sozinha eu estou fazendo terapia duas vezes por semana com uma psicóloga de minha confiança e ela é realmente muito boa me fez enxergar aspectos da minha vida que a princípio eu não queria admitir, mas que no fundo eu precisava encarar.

Como o fato que eu tenho complexo de abandono tanto pela morte da minha mãe quanto pelo meu pai ter me deixado com a vovó em outro estado me afastando da convivência com os meus irmãos. Sem contar que tenho problemas com confiança, mas isso eu já sabia, pois constantemente vivo uma luta contra o meu corpo e contra a minha aparência, ser uma pessoa gorda no mundo já é difícil, mas quando se é mulher isso é torturante, a todo momento eu sou bombardeada com imagens de corpos ideais, sugestões e conselhos não solicitados sobre o que eu devo ou não fazer com o meu corpo.

" Seu rosto é tão bonito por que você não emagrece um pouco?"

" É tão rica, esta esperando o que para fazer uma cirurgia bariátrica ou uma plástica?"

" Você tem potencial só precisa se esforçar mais na acadêmia"

"Do jeito que está indo nunca vai arrumar um homem"

"Médica você? com esse corpo?

Sempre sofri com uma enxurrada de preconceitos disfarçados de opinião, como se meu corpo fosse um órgão público onde qualquer um pode vir e dar um palpite que eles acham que será uma melhoria. Com a minha idade atual eu aprendi a lidar com isso, ainda que machuque eu já não me afeto tanto como acontecia quando era mais jovem. Mas a maturidade não me curou dos traumas que desenvolvi e a terapia anda me ajudando com isso.

Pelo que parece por tudo isso eu me apego demais as pessoas, mesmo aquelas que não fazem bem para mim e o Lucas não fazia bem para mim pelo menos não no último ano; é difícil admitir, mas nosso relacionamento estava me desgastando eu passava a maior parte do meu tempo brigando por ele, lutando para fazer dar certo. O Lucas não é uma pessoa ruim, ele fez uma coisa ruim e eu deveria escutá-lo, mas ainda não estou pronta.

De repente sou tirada dos meus pensamentos quando um jato forte de água gelada atinge o meu corpo me fazendo gritar pelo susto, de onde diabos saiu essa água? Me levanto com raiva e mais água me atinge desta vez diretamente no rosto o que me deixa desorientada por alguns segundos; olho para o lado e vejo que vem da casa do vizinho, claro tinha que ser. No momento da raiva eu puxo uma cadeira e subo nela olhando o quintal ao lado.

— Mas que pora é essa? O que você pensa que está fazendo Gregório? — Esbravejo. — Me diz que que merda você estava pensando para jogar água em mim assim? Não tem graça seu babaca.

MEUS PARA CUIDAROnde histórias criam vida. Descubra agora