Capítulo 18° - "Sopa"

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Finalmente, a aula tinha acabado, e eu não esperava coisa melhor do que uma pausa para comer algo. Não pus quase nada no estômago ontem à noite, apenas uma fatia de pizza e um copo e meio de refrigerante, e hoje na manhã, sai sem tomar café. Tanto, que durante a aula, minha barriga deu voltas pela falta de proteínas, e inclusive tive várias ânsias.

Peguei minha bolsa de colo e coloquei ela no ombro. Entrelacei meus braços no livro e cadernos, que estavam na mesa.

Na aula, a Alessandra não olhou para mim ou ao menos fez perguntas toscas sobre à aula. Não sei o que deu nela, mas coisa boa não é. Desde que começamos a ter aula na mesma sala, ela vivia encarando-me estranho. Não um olhar desaprovativo ou provocativo, e sim um ameaçador, como se estivesse defendendo sua presa, ou seja, Dylan. Ela deveria arrumar um psicólogo para tratar-se de sua maluquice. Quem iria para cama com Dylan? Ah, sim, todas. Menos eu, pois minha mãe ensinou-me que eu não sou todo mundo. Inclusive, que eu não sou elas ou qualquer uma.

Sim, eu deveria sambar na cara dessas garotas que estão a dizer que estou dormindo com Dylan. Se elas inventaram, por quê eu não podia tirar proveito disso? Eu aposto, sem dúvidas, que Dylan adora ser chamado de garanhão, ainda mais na faculdade.

Sai da sala de aula, indo para a lanchonete, comprar meu café, ou seria almoço.

Se eu misturar os dois, fica camolço, então serve os dois.

Parei em frente ao restaurante, e adentrei o mesmo. Eu estava faminta, e qualquer coisa servia para entrar pela minha goela. Sentia-me zonza e de algum forma, eu tropecei no tapete da entrada e cai de queixo no chão. Rolei os olhos a minha volta e vi aos pouco as pessoas aproximando-se para saber o que tinha acontecido.

- Moça, fique acordada. - Merda, era impossível. A dor no meu queixo era insuportável e eu começava a sentir gosto de ferro, talvez o ferimento que fiz na boca, por causa da queda.

Viraram-me de barriga para cima, e eu vi os olhos de Dylan postos em mim.

- Allyssa. - Veio ao meu pé, segurando minha cabeça para pôr no seu colo. - Fique comigo. - Pediu, mas era tarde demais, meus olhos fecharam-se, lentamente. - Allyssa.




Acordei e senti uma dor enorme na cabeça. Porra, não lembro-me de ter vindo parar na minha cama.

- Ainda bem que você acordou. - Assustei-me com o Dylan sentado na cadeira que tinha perto da minha cama.

- O quê faz aqui? - Minha boca estava dormente. - Ai. - Grunhi, ao sentir meus lábios com algo.

- Não mexa, você levou três pontos no lábio inferior e o médico disse que enquanto elas não saírem, você irá tomar sopa. - Apontou para um prato e um copo de suco, acima de uma bandeja na minha cama.

- Eca, odeio sopa. De maneira alguma vou tomar sopa, ainda mais a sua. - Resmunguei, afastando a bandeja.

- Não fui eu quem fiz, foi a sua mãe.

- Ela está ai? - Perguntei. Fazia tempo que eu não via ou visitava minha mãe. Sentia saudades dos seus murmúrios de sempre estar certa quando eu fazia alguma asneira.

- Não, infelizmente, ela disse que tinha que ir.

- Entendi. - E, o silêncio tornou-se no ar.

- Você curte? - Apontou para meu pijama, quero dizer, minha blusa de Bring The Me Horizon.

- Sim. - E, novamente. - Obrigada por ter ficado comigo. - Sinto-me envergonhada por estar a dizer isso. - Você não é obrigado a ficar comigo.

- Mas, eu quero. - Suas palavras deslizaram, rapidamente, de sua boca.

- Tudo bem. - Gostava de estar com Dylan, apesar de ele ser um pé no saco, eu gostava de ter a presença dele, que fosse por pouco tempo, eu gostava. - Estou com fome.

- A sopa. - Neguei com a cabeça. Odiava sopa, parecia que não tinha gosto. Até da minha mãe não tinha. Ela não coloca sal, pois diz que aumenta ou abaixa a pressão. E, o colesterol. - Vá lá. - Levantou-se da cadeira, pegando o prato de sopa. Acompanhei seus passos, que vinha na minha direção. Sentou-se ao meu lado, pegando a colher do prato e pondo um cadinho na colher, vindo igual aviãozinho na minha boca.

- De maneira alguma tomo a sopa da minha m... - Ao tentar pronunciar "mãe", a colher já estava na minha boca e vi-me obrigada a engolir o líquido sem gosto.

- Está bom? - Perguntou, em tom de gozo.

- Ótimo. - Respondi da mesma maneira.

- Que bom. Toma mais. - Depois de várias colheres, e do prato estar raso sem nada, eu deitei minha cabeça no travesseiro, sentindo minha barriga cheia. Cheia de líquido que depois vai virar xixi. Eu necessitava de comida de verdade. Hambúrguer, fritas com carne, galinha assada... Dava água na boca só de pensar, imaginar... Eu precisava dessas comidas.

- Dy...

- Nem pense, ou você quer abrir os pontos? - Ele tinha razão. Eu não queria abrir os pontos e ficar com dor depois, mas, eu estava com fome. Sopa enxia-me só por minutos, não horas.

Vou esperar ele ir embora para eu fuxicar minha geladeira, apesar de eu não estar fazendo compras, minha mãe deve ter feito.

- Irei dormir aqui hoje. - Virei minha cabeça na sua direção, rapidamente, da velocidade da luz, do vento, do pássaro, do avião... Surpresa.

- Mas, o quê? - Estava confusa. Ele estava forçando a barra já. Dar-me comida, cuidar de mim, era só o básico, mas, dormir aqui era demais.

- Sim e contigo. - Ficou louco, velho.

- NÃO. - Só de sentir o toque da sua pele quente entrando em contato com a minha, dava-me calafrios ao pé da barriga. Deixava minha calcinha molhada de excitação.

- Por quê não, Ally? - Meu nome saindo da sua boca, foi de uma forma sexy. E, eu não aguentei, colei nossos lábios, com cuidado para não machucar-me por causa dos pontos. Ele parecia surpreso com minha atitude, mas, rapidamente, entreabriu seus lábios, para dar passagem a minha língua, que ao sentir a textura da sua boca, dançou de forma lenta na sua boca. Vasculhando cada canto, sentindo o seu gosto.

Seus lábios eram viciantes.

A Aposta - Volume 1 (revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora