Capítulo 29° - "Vivendo no inferno"

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- Como você foi pega? - Perguntei, pela primeira vez.

- Por quê está falando comigo? - Oh, garota antipática.

- Só quero saber o porque você está aqui.

- Você sabe por quê me pegaram?

- Se eu soubesse não perguntaria antes. - Bufei.

- Agora quem está sendo a antipática? - Me olhou.

- Eu não te chamei de antipática. - Me defendi. Eu a chamei, só que em pensamento.

- Chamou. Chamou baixo, mas eu ouvi. - Resmungou, tocando no seu rosto que já estava desinchando.

- Eu chamei, porque você realmente é. Agora para com essa enrolação e me conta como aconteceu.

- Bom... Eu estava indo para o shopping, porque minha mãe tinha liberado o cartão de crédito depois de um mês, aí eu comprei sapatos, roupas, pulseiras... - Levantei a mão, em sinal que ela parasse.

- Eu quero saber como você foi capturada, não o que comprou antes de ser capturada. - Era irmã de Dylan, mas convenhamos, ela era muito fútil.

- Desculpa. - Se desculpou, voltando ao assunto. - Quando eu acabei as compras, eu percebi que um cara me perseguia, pensei que era apenas alguma confusão da parte dele, quando me tocou. Eu me assustei foi quando ele me pôs no ombro dele e me carregou para um carro preto. Daí não me lembro de mais nada, só sei que antes baterem minha cabeça em alguma coisa e eu desmaiei, e vim parar aqui. - Pensei que ela resumiria o seu continho, mas ela contou como se estivesse novamente lá.

- Você conhece Mathias? - Obviamente, ela deveria conhecer para estar aqui.

- Ahn... - Desviou seus olhos dos meus. - Não. - Eu ia até perguntar mais, só que a porta foi aberta, fazendo eu fechar os olhos por causa da claridade.

- Vejo que já se conhecem. - Mathias adentrou a sala, mancando.

- Nossa, parece que você se divertiu bastante. - Zombei, por estar mancando, dando a entender que fez coisas inadequadas com o mesmo sexo.

Ele se aproximou, e antes que eu raciocinasse, tinha o lado do rosto queimando. Acariciei a parte em que ele tinha dado um tapa.

- Por quê fez isso? - Alessandra parecia assustada

- Cala a boca, se não sobra para você. - Mathias rosnou na direção dela, o que fez ela se encolher no canto.

- Sabia que isso dói? - Resmungei, acariciando a parte do rosto com dificuldade, pois estava amarrada.

- Você sempre foi muito atrevida para o meu gosto, sabia? - Segurou meu queixo na sua mão.

- Bom saber disso. - Sorri sem humor. Ele soltou uma gargalhada, soltando meu queixo com agressividade.

- Até agora ninguém veio resgatar as donzelas, e eu estou achando isso muito estranho. - Mathias não era velho. Deveria ter só uns seis ou sete anos a mais do que tinha antigamente.

- Você não deve ser burro, ne? Óbvio que devem estar procurando pela gente. - Revirei os olhos, me fazendo acreditar nisso.

- Você se acha muito aquilo tudo, para achar que vão vir resgatar você, mas não vão. Tenho seguranças por toda a casa, e se ouvirem um barulho, eu já disse que é para atirar.

- Você se acha muito aquilo tudo para dizer que isso é uma casa. - Ironizei, olhando o quarto.

- É atrevida assim na cama também ou é só nas palavras? - Confesso que agora eu tinha medo dele. Poderia fazer o que quisesse comigo, e ninguém poderia fazer nada.

Engoli em seco, vendo ele me olhar com a sobrancelha arqueada, esperando uma resposta. Uma resposta atrevida.

- Isso que eu saiba, não te interessa. - Fechei os olhos, fortemente, esperando o segundo tapa.

- Fica calma, Alexander. Não irei fazer nada com você. Não agora. - Sorriu. Esse sorriso era nojento. Seus dentes já estavam amarelados, provavelmente, pelos cigarros que fuma a cada dia.

- Cadê minha mãe? - Perguntei, abrindo os olhos.

- Eu já mandei ela ir para casa, mas se você vacilar, sabe quem paga o pato é ela. - Como eu odiava esse cara.

- Por quê pegaram ela, se não valia de nada?

- Não é óbvio? Para chegar até você, teria que capturar alguém que você amasse mais que o pateta do Dylan, então me veio a brilhante ideia a sua mãe... - Nossa, e eu pensando que ele era burro de me capturar dessa forma na fase adulta, ele conseguia ser mais burro ainda de fazer um plano difícil desses. Respirei aliviada de minha mãe está bem.

- E como meu pai está envolvido nisso?

- ... E como não foi nada fácil fazer isso sozinho, eu subornei seu pai com dinheiro aqui, e dinheiro ali, ele topou. Já não gostava da sua mãe mesmo e muito menos de você, seria menos um na listinha dele. E na minha também. Porque depois disso tudo, vou matar aquele velho idiota. Ele dá muito trabalho, não consegue fazer nada sem manuseio. - Apostava que esse cara era solteiro.

- E, eu? Onde entro nisso tudo? - Alessandra pronunciou, fazendo assim eu e Mathias observar ela. Tinha até me esquecido que ela estava ali.

- É, aonde ela entra nisso tudo? - E foi minha vez de olhar para ele.

Mathias colocou a mão na testa, respirando fundo. Deveria estar de saco cheio de aguentar a gente.

- Deixa eu tentar explicar da melhor forma que vocês entendam. - Puxou alguns fios de seu cabelo, com os dedos das mãos. - Eu captutei Allyssa para resolver o passado, e essa garota aí... - Mathias olhou para Alessandra que sustentou seu olhar. Não sei se era impressão minha, mas parecia que eles se conheciam. - Ela eu peguei para atingir o irmãozinho dela, Dylan.

- Por quê você fala com tanto desprezo o nome de Dylan?

- Ele tem a mulher que quer, e tinha você Allyssa. Eu tinha você também anos atrás, mas você fugiu e quase me fez ficar estéril pelos chutes que me deu, e agora que consegui você de novo, ninguém vai tomar você de mim. Nem mesmo Dylan. Ele vai vê que não foi só você que sumiu e sim a irmã dele também, fazendo assim ele vim atrás das duas. E no primeiro passo que ele der perto desse local, é bala nele. No final de tudo, eu vou poder ficar com você, sem Dylan. Sem ninguém para atrapalhar. - Se Mathias imaginava matar Dylan, fugir comigo, casar e ter filhos como se nada nunca houvesse acontecido, ele estava enganado. - E essa Alessandra, vamos vê o que fazer com ela. - Encarou ela, que me olhava assustada. Mathias chegou perto de mim, muito perto por sinal. - A conversa foi muito boa, mas tenho negócios a resolver. Mais tarde, seu pai vai vim te ver. Nada de ser agressiva, viu? E se comporte. - Cuspi em sua cara, para mostrar o quão nojento ele era de estar fazendo isso tudo para se iludir no final.

Ele poderia ter a mulher que quisesse, mas nunca me teria. Nunca casaríamos ou teríamos filhos como ele imaginava. Eu nunca seria burra para fugir ou deixar tudo para trás por ele.

- Eu te odeio. - Gritei, após ele ter saído. - EU TE ODEIO, MATHIAS. VOCÊ OUVIU? EU TE ODEIO. - Levantei, batendo meus punhos na porta.

- Allyssa, sossega. - Alessandra tentou me acalmar de onde ela estava.

- Me deixa quieta. - Voltei para meu lugar, e chorei. Queria que Dylan ou qualquer outra pessoa nós achassem. Se Mathias conseguisse o que queria, eu estaria vivendo no inferno.

A Aposta - Volume 1 (revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora