Capítulo 4 - Barulhos à noite (Parte I)

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Acordei, vendo o horário no criado-mudo e eram 21h da noite. Eu tinha dormido muito. Me espreguicei e levantei, não queria ficar vagando pela casa no escuro igual a um zumbi procurando por presa à noite, mas era esse o preço que alguém que não conseguia voltar a dormir pagava.

Eu tinha um problema sério com o sono; ele não gostava muito de mim e eu compreendia, mesmo que fosse difícil. 

Bocejei me dirigindo à geladeira, mesmo não tendo nada nela e acreditando que num piscar de olhos apareceria guloseimas dentro da mesma, era impossível. Fechei ela novamente e olhei a bagunça que estava meu apartamento, e o Dylan tinha razão, estava pior que um apartamento de homem. Mas quem era ele para atormentar meus devaneios desse jeito? Bufei irritada, me joguei no sofá e liguei a TV, onde nada de bom se passava. 

Nem um desenho que prestasse. Desliguei a TV com a raiva que possuía. Era frustrante o jeito que eu ficava quando estava sozinha. Fui direto para meu quarto e resolvi deitar, pelo menos para tentar dormir. Me virei de um lado para o outro tentando pegar no sono, mas nada adiantava. Sono hoje resolveu me odiar ao extremo. 

Bufei virando de barriga para cima, desistindo de dormir para fitar o teto por segundos, até que ouvi barulho de algum objeto rangendo e tocando brutalmente na parede. Levantei confusa e curiosa. Não era comum eu imaginar ou ouvir coisas que não existiam. Realmente, viver sozinha estava atormentando minha cabeça. Deitei de novo, fechei meus olhos devagar para ver se caía no sono, mas... Nada. 

Ouvi o barulho novamente, levantei irritada, já estava de saco cheio, deveria ser coisa da minha cabeça e eu irritada por coisa que não existia. Olhei ao redor e o barulho vinha realmente da parede, cheguei mais perto dela e eu jurei que a parede parecia que ia quebrar toda vez que o barulho persistia.

Toquei nela e o estrondo foi tão forte, que dei um pulo para trás assustada. Gemidos? Que porra era essa? Meti minha orelha na parede para tentar ouvir por trás. Confirmei minhas suspeitas e eram gemidos. Pelo visto a pessoa do outro lado estava no seu ápice. 

O que não saía da minha cabeça era como eu conseguia escutar coisas que não me diziam respeito por essa parede. Um móvel sendo arrastado tudo bem, agora gemidos? Essa era nova. 

Por um momento eu tentei raciocinar e percebi que o quarto ou o que fosse podia ser do insuportável do vizinho ao lado. Comecei a rir e logo parei.

Dylan estava possivelmente trepando do meu lado e eu aqui chupando dedo sem ir para cama com ninguém há cerca de três meses. Eu me saciava com os dedos, mas não era o suficiente. Minha entrada clamava por alguém e era possível ver as teias de aranha se formarem no meio das minhas pernas. 

Joguei-me na cama, provavelmente amanhã iria ser um dos piores dias da minha vida, tudo porque não conseguia voltar a dormir. Depositei o travesseiro com força na minha cara quase ao ponto de gritar com a barulheira irritante. Dylan era incansável? Segundo round? Não tinha gozado ainda? Única coisa que pude fazer foi levantar, pegar travesseiro e cobertor para dormir na sala. Certifiquei-me de fechar a porta com medo do barulho ir além do quarto. 

Deitei-me no sofá e só pensava em como minha vida andou para frente. Eu dei um passo muito grande e rápido até demais, mas era necessário para o meu crescimento e pelo bem da minha saúde mental. Ter um espaço para si e viver minha vida sem depender completamente dos meus pais. 


(...)


Acordei com os olhos molhados nas laterais. Tive um pesadelo tão estranho que ao menos consigo me lembrar sobre o que era. 

Olhei ao redor e meus olhos foram parar no relógio da cozinha e já eram 7h30. Abri minha boca espantada percebendo que estava atrasada. 

Corri para o banheiro, jogando as roupas  em qualquer canto, tinha que ser rápida. Tomei um banho rápido e vesti um vestido florido colado, um cinto rosa e meu salto de 5cm branco. A maquiagem foi uma básica, só destaquei meus olhos verdes mel e passei uma base para esconder as olheiras de ontem a noite e um batom rosa nude. Soltei meus cabelos loiros, que caíram nos meus ombros, enrolados por conta da fita. Peguei minha bolsa de ombro e sai de casa às pressas. Bati meu salto no piso esperando o elevador impaciente. Minha noite foi uma das piores, graças ao desgraçado do vizinho; como se não bastasse a festa, agora era o sexo.

A Aposta - Volume 1 (revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora