Capítulo 31° - "Boa noite, anjo"

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- Responde. - Puxou mais meu cabelo, quando não respondi.

- Eu achei. - Sentia meu estômago dar voltas. Eu queria desmaiar, mas não podia. Tinha que fugir.

Eu tentei, sem sorte, da um chute nas parte dele, mas ele chegou para trás.

- Esse truque eu já sei. - Me tacou no chão.

Vi tudo embarçado. Não, por favor, eu não quero desmaiar.

- Pelo visto você não comeu nada. - Me observou, pegando a arma de suas costas, atirando em alguém que ali estava chegando. - Levanta! - Ordenou. Visto que não me levantei, ele agarrou, novamente, meus cabelos, me obrigando a levantar. Fomos em direção as escadas, e eu me obrigava a ficar acordada. Com os puxões e sem comida no estômago, eu me sentia fraca. Fraca em parte física e psicológica. Como se tudo estivesse indo por água abaixo. Os momentos que eu passei rolavam na minha mente como um álbum antigo.

- Me deixa ir, por favor. - Implorei para que ele me deixasse fugir.

- Jamais! - Rosnou. - Eu nunca faria um plano desses tão difícil para desistir no final. Sabe o quanto eu te quero? Muito. - Lágrimas. Eram o que rolavam pela minha face. Eram o que caíam no chão ou na minha blusa suja. Lágrimas de desespero eram o que eu deixava rolar como se não houvesse opção melhor que essa. - Para de chorar. - Agarrou meu braço, fortemente, com a sua mão direita, me fazendo correr pelo mato.

Eu caí no chão, sem forças para continuar percorrendo.

Mathias me olhou no chão, e ao menos se mexeu. Ele se via entre os tiros que eram disparados, entre eu.

- Eu ainda não desisti. - Deixou as palavras ecoarem no ar, saindo.

E ele preferiu correr, me deixando ali.

Seria mais fácil eu morrer sozinha, do que ele me salvar e no final ele morrer.

Eu soltei um suspiro de alívio por ele ter me deixado. Tudo o que ele falou não foi cumprido. O plano tão difícil foi deixado-se para trás.

Quando fui tentar me levantar, senti meu braço queimar. Movimentei-o e chorei. Estava perdendo sangue, e prestes a desmaiar.

Não. Eu não podia. Agora não.

Encostei meu corpo no chão sujo daquele lugar, esperando que alguém fosse me ajudar. Alguém que, possivelmente, Dylan tinha mandado para salvar eu e sua irmã.

- Allyssa. - Meus olhos estavam quase a se fechar, porém eu fui virada para frente, fazendo a dor do meu braço, latejar. - Oh, meus Deus. Você está ferida. - Gemi de dor, ao sentir ela tocar. - EU A ACHEI. ELA ESTÁ AQUI! - Gritou Alessandra.

- Eu pensei que você tinha fugido. - Balbuciei as palavras fracamente.

- Mas, fugi. Quando não vi você atrás de mim, entrei em desespero, e tentei ir atrás de você, mas os policiais não deixaram, porque seria pior. - Explicou, sendo sincera, pois eu via isso em seus olhos.

- Pensei que você não tinha coração. - Ri, me engasgando.

- Passei a ter, depois que conheci você. - Seus olhos lacrimejaram. Antes o que eram lágrimas que saiam dos meus, agora eram rios.

Meu coração batia de forma lenta.

- Allyssa. Não. - Vi a imagem de Alessandra embarçada.

- É a minha hora. Você não pode fazer nada. - Sorri.

Senti meu corpo ser movimentado para um lugar mais macio. Uma maca.

- Aguente firme. - Segurou minha mão com força, entrando na ambulância junto comigo. Ouvi barulho de sirenes e de rádios.

Ele fugiu, não para tão longe, deixando a garota.

...

Quando acordei, abri os olhos e só vi a escuridão. Por um minuto, pensei que tinha morrido, mas a máquina ao meu lado, fazendo um barulho baixo, me fez acordar e, ver que eu estava apenas no hospital, com as luzes apagadas.

Vi meu braço enfaixado, porém ainda doía quando eu movimentava.

Encostei meu corpo, novamente, na cama. Fechei os olhos, e não sentia sono. Levantei, pondo meus pés no chão. Tinha um fio no meu braço, o que eu sabia que era o soro, então fui com o ferro e a bolsa de água, ao banheiro. Fiz o que tinha que fazer. Me olhei no espelho, vendo meus cabelos desgrenhados, minha cara mais pálida que o normal e minha boca seca.

Precisava de água.

Sai do banheiro, indo para a porta do quarto.

Olhei para a roupa que eu vestia... Um azul monótono. Nada mal, certo?!

Abri a porta, me deparando com o corredor vazio. Só o corredor, porque mais para o lado, tinha alguns médicos conversando e perambulando.

- O quê você faz aqui? - Me assustei, quando colocaram a mão no meu ombro, me encontrando no bebedouro, com um copo na mão, pegando água. Eu me virei, com medo que fosse Mathias, mas suspirei e vi que era Leandro.

- Você me assustou. - Beberiquei a água.

- Era para você estar no quarto descansando. - Suspirou.

- Eu estava com sede. - Expliquei, jogando o copo descartável fora.

- Fiquei tão preocupado com você. - Recebi de surpresa, um abraço, o qual retribuí aos poucos. Minha cabeça batia no seu peito, enquanto seus braços passavam por cima dos meus ombros. Envolvi meus braços na sua cintura. Ele cheirava a hospital. Um cheiro forte. Senti talvez o cheiro de álcool que estava impregnado no seu jaleco. - Vou te levar para seu quarto. - Eu deixei ser levada por ele. - Vou te dar um remédio para dormir, tudo bem? - Assenti, deitando na cama.

- Vai me dopar por quantas horas? - Perguntei, engolindo o comprimido, junto à água.

- Até amanhã de noite. - Já deveria estar acostumado de ver os pacientes horrorizados com as horas que dormiam, então não se importou com minha surpresa por dormir 24 horas.

- 24 horas, certo? - Assentiu, me cobrindo até o pescoço. - Boa noite, Le! - Depositou um beijo na minha testa.

- Boa noite, anjo!

À seguir, senti meus olhos fecharem, e logo eu caindo em um sono profundo.

A Aposta - Volume 1 (revisando)Onde histórias criam vida. Descubra agora