Sinopse.

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Pra mim, o pior dia da semana, é quando eu preciso vir até a cidade

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Pra mim, o pior dia da semana, é quando eu preciso vir até a cidade. Ter que fazer as compras, pedidos de produtos, ir à farmácia, supermercado, conversar com os donos de quitandas, açougues e tantas outras coisas que deixam um tanto quanto estressada, frustrada e com muita, muita raiva e ao mesmo tempo com medo.

Medo do tempo.

E o pior de tudo isso, é que eu preciso prestar contas de onde eu vou, para onde eu fui, e até mesmo das horas, minutos e segundos que gastei fora da fazenda.

– Que demora, meu Deus! – Ao longe, ouço a transmissão das propagandas da empresa dos Correios.

Olho para Gil pedindo ajuda com os olhos, ele meneia a cabeça e me dá um sorriso torto, arruma seus óculos de aro grosso sob seu nariz e faz um movimento leve com as cabeça me indicando sua ajuda e eu quase avanço sobre ele e lhe dou um beijo na bochecha. Pego as dez caixas com os produtos que encomendei para serem usados pelos veterinários na fazenda e sigo para fora.

O lugar está fervendo de tão quente, mesmo recebendo ventilação dos grandes ventiladores, ainda sim, está quente demais!

Assim que meus pés pisam na calçada fora da agência sinto vontade de voltar e ficar recebendo o vento morno em rosto. Na verdade, eu não sei o que é pior, receber o calor do Sol ou o vento em meu rosto, só sei que logo que ponho meus pés para fora tenho vontade de tomar uma ducha fria, dou alguns passos até chegar na caminhonete e sinto o suor escorrer em minha pele. A pequena gota escorre em minhas costas e outra no vão de meus seios volumosos.

Gil me ajuda com as caixas, pondo-as no chão. Quero coloca-las no banco traseiro da caminhonete, aproveito que estou com as mãos livres e destravo as portas do veículo.

– Aurora, como está dona Carmem? Faz dias que não a vejo. – Pego a chave, ponho em minha boca. Aproveito minhas mãos livres e amarro meu cabelo desgrudando os fios em minha nuca.

– Ela está bem, Gil. – Destravo as portas. – Acho que semana que vem ela já retorna a suas atividades normais. – Passos as mãos na frente para ajeitar os fios e sorrio. – Tia Carmem é uma mulher dura na queda e conforme os anos vão passando vejo que sua personalidade turrona e mandona só piora. – Ele apanha as caixas uma a uma e põe no banco da frente.

– Então, acho que isso é de família. – Franzo a boca e ele gargalha. – Mas é verdade ou quá?! Você e dona Carmem são iguaizinhas, sem tirar nem por. – Ele coloca a última caixa dentro do carro e bate as mãos como se estivesse limpando-as. – Bom, está tudo aí, qualquer coisa me ligue ou mande uma mensagem. Pedirei ao pessoal do Centro de Distribuição para agilizar a entrega para nossa agência. Sei como seu chefe pode ser assustador quando quer e, quando não quer também. – Suspiro.

– Eu vou ouvir um monte por não chegar com os produtos na fazenda. Parece até que sou eu quem envio as coisas que compro. Aliás, pela maneira que ele age sou eu quem fabrico, que embalo, que compro, que envio, quem recebo. – Ele ri e meneia a cabeça. Fecho a porta do carro e apanho as chaves e aciono o alarme. – Se não fossem por tudo o que o senhor Danso faz por mim, olha, eu já teria ido embora Gil, sério! Eu tenho que aguentar tanta coisa e tudo isso tem que ser calada, ai de mim se eu abrir a boca para dizer alguma coisa, o homem me mataria se tivesse oportunidade. – Suspiro. – Bom, preciso ir ao laboratório para pegar o resultado dos exames que doutor Horácio pediu para tia Carmem depois vou para casa. – Vou até ele e o abraço. – Obrigada por tudo e por favor me mantenha a par das minhas encomendas. – Ele me aperta em seus braços e beijo minha bochecha.

A luz de AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora