Capítulo 2 - Aurora

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Pego o material que Eduardo me pediu para levar para análise e jogo sobre a mesa

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Pego o material que Eduardo me pediu para levar para análise e jogo sobre a mesa. Não estou com saco para ver números ou ler relatórios.

Suspiro totalmente frustrada, irritada, irada, com muita, muita raiva. 

Eu procuro fazer meu trabalho da melhor maneira possível, mas o embuste sempre tem que colocar o dedinho podre em tudo o que eu faço e sempre...sempre tem algo errado, segundo a análise do meu chefe Eduardo Rabugento Danso.

– Ele gosta é de me azucrinar, isso sim. –  Suspiro e derramo o liquido quente na xícara. 

Adoço meu chá e ando até o fundo de minha casa e paro no deck com a xícara em minhas mãos, apoio meu cotovelo na cerca de madeira que eu pedi para reformar. Fecho meus olhos e respiro profundamente, o cheiro que emana da terra junto com o aroma da bebida morna de melissa é um calmante para minha alma e meu coração.

É um cheiro de saudade.

Muita saudade!

Lembranças passam em minha mente todos os dias e, eu não me arrependo de nada do que foi feito, do que foi falado, do que foi visto e ouvido nesse lugar. Existem pessoas que não gostam de lembrar do passado por este trazer tristeza ou abrir feridas já curadas ou que estão em processo de cura.

Talvez as pessoas possam me perguntar, qual o proveito e lição eu tiro do passado se algumas vezes algumas recordações são dolorosas?

A dor me fez mais forte, as lágrimas que tenho derramado e já derramei me deram coragem para prosseguir e as decepções me feito uma pessoa sábia.

Um filósofo alemão, um dos mais importantes do século XIX chamado Friederich Nietzsche disse que "O que não provoca minha morte faz com que eu fique mais forte." E é isso mesmo que tenho experimentado dia após dia. A ideia desse escritor e poeta é mostrar que somos capazes de aprender e o mais importante ficar fortes emocionalmente através de nossas experiências de vida, especialmente quando estas são mais difíceis e dolorosas.

Bebo mais gole do meu chá.

Eu idealizei algo em minha mente juvenil.  Eu idealizei um clichê, uma história de amor impossível, mas que no final o amor sempre vence, certo? Errado! Quando vi a versão que eu criei se desmoronar bem diante dos meus olhos, me senti desiludida, ferida e traída e foi através disso que eu aprendi a não me apegar mais, a não me importar mais, aprendi a entender e consigo enxergar as coisas como elas realmente são.

Sem rótulos, sem uma imagem feita, sem mentiras.

A desilusão que vivi só foi consequência das histórias que eu mesma criei em minha mente infantil e pré-adolescente.

Tenho total consciência de que foi tudo culpa minha e de minha ingenuidade.

Não sou como muitas pessoas que se afastam do lugar que lhe fez sofrer com a desculpa de se curar e esquecer o passado ou que te lembra de quem você de fato é. Sou durona e permaneci nesse mesmo lugar, dia após dia vivendo uma nostalgia, uma dor, um velho sentimento.

A luz de AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora