Capítulo 12 - Aurora

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Olho em volta e suspiro.

Faço isso mais uma e duas vezes...

Se suspirar fosse um modo de me manter viva e bem por muitos anos, com certeza eu viveria eternamente.

Com um punhado de pedrinhas em minhas mãos, vou jogando-as no pequeno rio e contando quantas vezes cada uma delas saltam até afundar.

Não tive uma noite boa noite de sono. Por inúmeras vezes em meu sono ruim via minha tia Carmem, ela sorria pra mim, mas de repente eu a via se definhar e morrer em minha frente. Isso me desesperava. No pesadelo eu gritava e gritava, mas ela não voltava, então eu chorava ainda mais, implorava para que ela ficasse, então eu acordava perturbada e chorando, com meu coração acelerado como se tivesse corrido uma maratona. Quando voltava a dormir eu tinha o mesmo sonho.

E de novo.

E de novo.

Antes de amanhecer, vim para meu lugar favorito. Trouxe minha lanterna para iluminar meu caminho, assim que cheguei acendi minha lamparina, minha companheira de anos, coloquei-a no mesmo galho de sempre e me sentei na raiz de meu querido chorão embrulhada na manta xadrez da tia Carmem.

Jogar as pedrinhas se tornou um jogo prazeroso, ver os pequenos pedregulhos pularem sobre as águas é incrível. Me tornei uma perita, já são anos fazendo isso. Se um dia, abrirem uma competição de jogar pedrinhas talvez eu não ganhe, mas ficarei entre os primeiros colocados, com toda certeza e sem um pingo de modéstia.

Lanço mais uma pedrinha e vejo-a pular quatro vezes e afundar. Sorrio e olho para o horizonte, vejo o raio de Sol aparecer nos céus de minha linda cidade, olho em meu relógio de pulso e vejo que já está na hora voltar.

Me ergo, solto os pedregulhos no chão, apanho a Lanterna e toco o tronco do meu chorão.

– Nos vemos mais tarde querido amigo. Fique bem. – Beijo a palma de minha mão e toco novamente o tronco, viro-me e saio do local me sentindo um pouco mais leve. – Espero que meu dia não seja aterrorizante como foi minha noite. – Arrumo minha manta nos ombros e sigo em direção a meu doce e amado lar.

Refletindo no sonho chego à conclusão de que eu devo me acalmar, parar de pensar demais nos meus problemas e focar na minha vida num todo. Eu não sou o problema, não sou a doença. Eu estou doente, sou uma pessoa comum tentando viver da melhor forma possível com esta enfermidade que uma hora ou outra pode me levar a óbito. Sei o quanto é difícil pensar assim, mas essa é minha vida e eu preciso me adequar a ela sem deixar de viver e de ser quem eu sou.

Até que eu tenha forças para caminhar eu não deixarei de vir e acender a luz da lamparina. Sinto como se a luz dela fosse a chama que me dá mais esperanças de que tudo ficará bem, que a esperança mesmo que pequena ainda está ali, sendo vista e iluminando o meu caminho.

A luz de AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora