Capítulo 4 - Aurora

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Subo a pequena escada da entrada de minha casa e sento-me no primeiro degrau, arrasto meu traseiro para trás ficando assim com bastante espaço para me esparramar. Olho o horizonte, respirando fundo e fico observando os vários caminhos que levam até a mansão e ao escritório de gestão da fazenda.

Os pássaros passam voando rapidamente pelo céu, com certeza já estão se retirando para dormir. Observo e ouço a cantoria e consigo identificar algumas espécies. Tia Carmem sabia identificar todos os sons de diferentes aves e isso me deixava fascinada.

Com o passar dos meses em sua reabilitação, onde a afastaram de vez do serviço, ela disse que precisava de uma ocupação, então decidiu se sentar do lado de fora de nossa casa, e sua principal tarefa era ouvir o canto das aves, anotar de forma simples -e sem esforços- quais espécies tinham ali na fazenda e depois me mostrava. Foram muitos meses de treinamento para que ela conseguisse esse feito. 

Lembro-me que ao chegar do serviço, a via sentada do lado de dentro da casa com sua pequena folha de anotações em mãos ou em cima da mesa enquanto dona Maria fazia o jantar.

Benção tia, como a senhora está? – Beijo seus fios claros e cheirosos. – Ela deu muito trabalho Maria? – A mais velha franze os lábios e revira os olhos. Sorrio.

O de sempre Aurora, dona Carmem é um anjo. – Ela pisca e me faz rir ainda mais, pois sei que é bem o contrário pois não tem quem faça minha tia ficar quieta quando se deve ficar em repouso.

Vocês são um saco isso sim! Não posso nem respirar direito que tem gente me enchendo a paciência. – Maria e eu gargalhamos ao ouvir esse desaforo. – Riem mesmo suas abusadas, sua paias. Vocês vão ver só quando eu pegar meus panos de bunda e ir para a beira do corguinho e não voltar mais suas desavisadas! – Sento-me à mesa e puxo o papel.

Até parece que a senhora faria isso, esse barracão é sua vida, duvido muito que trocaria ele para ficar ao relento. – Ela pega o caderno e folheia. – Eu amo a senhora e a senhora me ama também, então desmanche essa cara brava. – Beijo sua bochecha e ela suspira e sorri. – Quantos hoje tia? – Ela me entrega a folha com doze nomes de pássaros.

A mesma quantidade de ontem, não houve mudança e não sei se um dia mudará. Essa área é predominantemente dessas espécies, a única coisa que eu queria era ver mais de perto. Eles pousam longe aí fica difícil vê-los, isso quando só ouço o cantar. – Sorrio ao ver os nomes, olho para ela e sinto um orgulho enorme por ser sua filha do coração.

A senhora é incrível! Eu nunca ia distinguir as espécies pelo som que emitem. Malemá consigo identificar a voz das pessoas. – Ela meneia a cabeça e solta um riso anasalado.

É tudo questão de prática. Um dia você vai conseguir, tenho fé em você minha sobrinha. – Pisca e toca meu rosto em um sorriso faceiro. Retribuo o afeto e acabamos jantando, trocando ideias e jogando conversa fora durante algumas horas.

A luz de AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora