*** Contém cenas de violências***
Olho a porta se fechando e esforço-me a ter controle dos meus instintos, eu preciso de equilíbrio metal, por isso respiro fundo, apertando as mãos em punho e conto até dez, cem, duzentos, quinhentos...Acho que a infinidade de números não será suficiente para me manter calmo. A vontade que tenho é de ir atrás daquela convencida, e continuar a bater boca com ela só para ver até onde seu vocabulário tão cheio de altivez pode ir, até onde aquela marra, arrogância e insolência vai.
– Caboca, filha da...! – Xingo-a e dou um soco na parede. – PURGANTE DA PORRA! – Grito contra a porta, ando pelo cômodo tentando me controlar. – Se controle cacete e vê se fala direito seu imbecil. – Digo a mim mesmo. – Que ódio! Agora estou falando igual aos pés rachados daqui. – Quando fico nervoso falo como os caipiras da minha cidade, não consigo lembrar a última vez que isso aconteceu. Passo as mãos no rosto com certa força e caminho até a mesa, jogo minhas costas no encosto da cadeira luxuosa e inclino a cabeça para trás fixando meus olhos no teto.
Sei que não preciso desrespeitar ninguém com xingamento ou com palavras de baixo calão, mas o ódio que estou sentindo daquela mulher é tão grande que não consigo me controlar. Aurora é meu karma desde cedo ou melhor desde sempre.
Como todo jovem, eu normalmente apreciava a boa vida e desfrutava dela como um bom adolescente na puberdade, com os hormônios a flor da pele e a libido a todo vapor, eu apenas me divertia. Eu aproveitava mesmo, gozava o máximo de tudo o que me era de direito. Era curtição em cima de curtição.
Como filho de um dos homens mais ricos de Goiás, eu tinha tudo o que queria e quando desejava. Eu dispunha até de motorista para me levar para as festas, baladas e bares e eu como um bom filho usava desse artifício sempre, a todo o momento.
– Eu podia, na verdade eu posso, sempre posso. – Suspiro frustrado sentindo meu peito comprimir mais uma vez. – É sempre assim que me sinto depois de uma discussão com Aurora, ela me tira do sério! Mais que porra! – Passo as mãos no rosto com força.
Quando mais novo, vi e ouvi várias brigas entre meus pais e os motivos eram sempre os mesmos: Aurora e sua tia. Eu queria muito entender tudo isso, essas implicâncias, palavrões, desrespeito, enfim. Tudo girava em torno delas, sempre elas e isso me deixava com a pulga atrás da orelha. Eram muitas suposições, mas nada com alguma conclusão plausível.
As brigas não ocorria com tanta frequência, mas quando acontecia era algo que me deixava bem abalado no começo. Um dia, em minha festa de dez anos, vi uma das brigas feias deles. Deixei meus amigos se divertindo na piscina e fui à procura de minha mãe, ouvi vozes alteradas o que me chamou a atenção e sem pestanejar abri a porta desse mesmo escritório onde estou. O que vi me deixou não somente assustado e apavorado, eu tive medo, muito medo do meu pai como nunca havia sentido antes.
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A luz de Aurora
RomanceSer luz não é apenas brilhar, mas sim iluminar caminhos. O Pensador.