Capítulo 7 - Aurora

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– Jesus! É cada pensamento idiota

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– Jesus! É cada pensamento idiota. – Sussurro para mim.

Depois da conversa que tive com Zoe, fizemos uma espécie de festa do pijama, mas na verdade foi uma mais uma reunião, um desabafo meu para elas me ouvirem. Um monólogo bem chato por sinal. Chamei Ermiliana para participar, assim falaria com as duas de uma vez sobre o assunto que está me deixando muito preocupada e até meio neurótica: minha saúde.

Decidi contar a elas o que o médico me disse há alguns dias. Confesso que fiquei muito aterrorizada com o diagnóstico, mesmo tendo certeza do que eu sofria de fato, pois sei como é a vida de alguém que sofre desse tipo de doença.

Contei tudo para minhas amigas.

Absolutamente.

Os sintomas de fraqueza nos braços foi o que me levou a ir ao médico e querer respostas. Elas choraram comigo, me confortaram e disseram que eu poderia contar com a ajuda e o suporte que precisar. Sei que estarei amparada, pois elas são minha família de coração e alma, as pessoas que escolhi para amar e encontrarei o conforto e abrigo em seus abraços e palavras de ânimo quando sempre precisei.

São minha família, minha casa.

Foi pensando em minha vida e a forma como tudo vem acontecendo que eu decidi fazer uma lista com as coisas ou melhor com os objetivos que pretendo alcançar. Não vou colocar datas, anos e meses para cumpri-los, pois sei que as coisas não são assim, que tudo o que penso ou imagino acontecerá, que posso pegar minhas malas e sumir no mundo e volto quando achar necessário, ou só volta quando achar que curti o bastante para alguém poder limpar minha bunda quando a invalidez vier.

– Quer falar alguma coisa Aurora? – Tio Danso diz. Ergo meus olhos e vejo que todos os presentes me olham, com certa curiosidade outros, com seus habituais sorrisos frouxos. Com certeza disse em voz não tão baixa quanto imaginei. Sinto meu rosto queimar de vergonha.

– Não, apenas... Me desculpe. – O mais velho assente e continua seu monólogo sobre as empresas e como os gráficos indicam quedas em alguns setores. Talvez cabeças rolem daqui para o final do mês e espero que seja apenas um talvez. As pessoas que trabalham aqui precisam de seus empregos e muitos com seus salários são os únicos que sustentam suas casas.

Acomodo-me melhor na cadeira e observo as pessoas ao redor, dou um sorriso amarelo para Custódio que está ao meu lado. Ele segura minha mão que está em cima da mesa. O veterinário me olha com tanta ternura que me sinto desconfortável. Sei que ele tem sentimentos por mim, mas o grande problema é que eu não estou aberta para relacionamento. Preciso concentrar minhas energias em mim, em minha vida, em minha saúde.

Romance é algo que deixei de pensar há vários anos.

– Tá com a cabeça onde Aurora? – Ele se encima e me pergunta em um cochicho. Sorrio e olho para Custódio.

– Aqui mesmo. Só pensei alto demais. – Respondo tentando disfarçar, para que meu tio não nos chame a atenção.

Ouço um pigarrear, olho para frente e lá está Eduardo, com seus olhos negros sobre nós. Ergo uma sobrancelha e o encaro, seus olhos não saem dos meus, não vou me rebaixar mostrando que estou envergonhada por conversar com Custódio em um local impróprio -sei disso-, contudo não vou deixar que ele veja que pode me dominar, que eu sou como todos que ficam ao seu redor como coelhinho assustados.

A luz de AuroraOnde histórias criam vida. Descubra agora