𝟶𝟷

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𝗦𝗲 𝗼𝘀 pais de Felix lhe perguntassem sobre o que ele acha do colégio, ele com certeza mentiria. Não que não tenha feito isso algumas vezes, o loiro não iria contar aos pais que ninguém quis amigar com ele por simplesmente ele ser da Austrália, diziam que seu país tinha vários animais medonhos, o que não é uma completa mentira, mas isso não dava o direito de chamarem um Felix de monstro e o igualarem aos animais venenosos de seu país, que inclusive ele gostava muito e sentia saudades, principalmente de seu primo.

- Vamos, está na hora de acordar. - a matriarca deu batidinhas na porta, acordando aquele pequeno ômega que estava enrolado em seus lençóis, fazendo birra para não sair da cama quentinha.

- Mãe, está frio lá fora.

- Você não pode se atrasar para o colégio. - mais uma vez sua mãe falou de um jeito autoritário, mas preocupado, antes de deixar o quarto e seguir para o andar debaixo, o esperando ali juntamente com seu pai.

Felix choramingou, ele não queria sair dali, estava quente e fora da cama ele tinha certeza que enfrentaria um frio horrível, ainda mais com o inverno chegando na Coreia. Mas o loiro não protestou mais e se levantou com preguiça da cama, partindo para sua rotina matinal.

Assim que deu de cara com seu reflexo no espelho, fez uma careta. Observou as olheiras fundas, o cabelo bagunçado e o rosto amassado do sono. Quando seus olhos escuros percorreram por suas bochechas, ele quis arrancar cada pontinho mais escurinho que tinha ali, odiava suas belas sardas, aquele colégio estava acabando com sua autoestima, não exatamente o colégio, e sim os alunos que ali estudavam.

Mas era um dos colégios mais renomados, onde tinham filhinhos de papais com o ano escolar bancado por eles, e o Felix era apenas um aluno de baixa renda que entrou ali por conta de sua bolsa que recebera por ser um ótimo aluno, e bem avançado, desde criança.

Felix sabia que os alunos brigavam consigo por ele não ter uma renda boa, e tanto faz se ele é da Austrália ou não, seus colegas de sala apenas falam isso para que o motivo real não fique tão aparente, mesmo o loiro sabendo que o dinheiro é o motivo.

Ele agora se via devidamente arrumado, com o cabelo em ordem, as lentes de contato nos olhos para não parecer tão ressecados e uma leve base em seu rosto para esconder aquelas lindas sardas, que, infelizmente, ele as odiava.

- Como vai o colégio, filho? - seu pai perguntou e o garoto suspirou baixo, aquele assunto sempre era péssimo para si, mas não tinha o que fazer, não iria sair daquele lugar apenas pelas pessoas que ele as vê todo dia, seu sonho estava em jogo se quisesse sair, então, teria de ficar.

- Vai bem. - respondeu simples e direto, sem rodeios para perguntas.

- A apresentação do seu trabalho não é hoje?

- Sim, é hoje. - respondeu a matriarca, sorrindo ao receber o seu café da manhã por ela.

- Você vai arrasar. - a mulher disse, devolvendo o sorriso e deixando um selar doce na testa de seu filho.

- Obrigado, mãe.

- E aquele seu amigo, Felix? Nunca mais falou dele. - o garoto engoliu em seco, não sabia mais o que inventar do tal amigo que nunca existiu.

- Ele vai bem, está em uma viagem com a família.

- Sério? Para onde?! - sua mãe perguntou curiosa.

- Tokyo.

- Lá é muito bonito, tenho saudades de lá... O que seu amigo achou?

- Ele sempre me fala que Tokyo é bem bonita, ainda mais a noite. Então, acho que está gostando bastante. - Felix deu de ombros.

É, ele era bom em falar mentiras, afinal, aprendeu a fazer isso desde pequeno. Ele começou a mentir assim que viu que os seus pais queriam saber bastante sobre a escolinha, ele nunca teve amigos desde aí, só o seu primo e os irmãos do mesmo, mas como seu primo era mais velho, e os irmãos mais novos que Felix, não os via em momento de aula.

- Que legal! Sabe quando ele vai voltar?

- Ele não me disse nada... Agora tenho que ir, mãe.

- Mas já? Nem comeu do bolo que eu fiz. - sua mãe tinha agora um bico engraçado na boca, fazendo Felix rir.

- Não fique assim, eu como na sobremesa do almoço. - deixou um beijo doce na bochecha da matriarca quando ela sorriu, logo depositando um selar na cabeça do pai antes de pegar seu celular e sair sem nem deixar os dois perguntarem mais alguma coisa desse tal amigo.

Felix sempre foi um garoto extrovertido, e por conta disso ele acabava sendo excluído, era alegre e sorridente demais. O garoto nunca conseguiu esconder sua alegria, nem mesmo ser antissocial, mas quando a adolescência chegou, ele precisou esconder sua felicidade para não ser mais julgado do que na Austrália, então, vive de rosto sério no colégio desde o momento em que pisa na porta dele, até o horário de saída dos alunos.

Quando ele chegou em sua sala, se sentou no seu lugar costumeiro. Última cadeira, para não ser incomodado pelos demais, e ao lado da janela, para ter uma boa vista do campo e das belas flores e árvores do local se quisesse que sua cabeça saísse da sala e desce uma volta no mundo da lua para o distrair.

- Essa festa vai ser ótima! - o loiro, assim que escutou a voz irritante e costumeira, colocou fones de ouvido e uma música calma para tocar, fechando os olhos para sentir melhor as notas. Começou a fazer movimentos imaginários na mesa, usando ali como um piano, mantendo um sorriso fraco em seus lábios, mas esse clima todo foi estragado quando os fones foram retirados de seus ouvidos. - Chegou mais cedo, Felix.

- Oi, galinha exibida. - os olhos escuros do sardento encarou os negros do homem a sua frente, o único alfa lúpus daquele lugar, o popular, o que todos querem pegar, e o riquinho mimado.

Felix achava aquele homem tão atraente, cabelos longos até nos ombros, ombros largos, braços malhados e costas definidas. Mãos compridas e cheias de jóias, roupas caras e um sorriso cafajeste plantado no rosto.

E o loiro gostaria de acabar beijando aquela boca, dona do sorriso cafajeste, se o dono daquilo tudo não fosse Hwang Hyunjin.

AMAR OU APOSTAR? | HyunlixOnde histórias criam vida. Descubra agora