Valentina seguia de um pavilhão a outro do Instituto carregando algumas pastas quando vislumbrou Brown e Lorenzo treinando no pátio. Depois de novas descobertas sobre o atentado e a confirmação do envolvimento do ex-noivo com ações criminosas, ela finalmente havia concordado que Brown precisava estar melhor preparado para um eventual novo ataque. A última coisa que ela queria e vê-lo envolvido em mais violência, mas reconhecia que os irmãos estavam certos: ele era um forte aliado na luta contra aquelas pessoas inescrupulosas e cruéis e tinha todo direito de participar das ações que trariam justiça para sua espécie e todos aqueles que lutavam pela causa.
Havia retornado de uma série de reuniões com sua equipe multidisciplinar e avaliado os avanços que vinham fazendo com internos resgatados, ficava feliz saber que logo haveria mais alguns deles sendo encaminhados para Homeland a fim de se integrarem e viverem em liberdade juntos aos seus iguais.
_Valentina, viu os avanços da ALA A? - Serena, uma das colaboradoras quis saber, os resultados eram bastante animadores e toda a equipe demonstrava confiança, apesar do recente ataque as instalações - Mais três internos encaminhados. – a outra mulher comentou animada e também direcionou a atenção para onde a amiga e chefe olhava – Logo será a vez do grandão ali. Ele parece perfeitamente integrado. Não acha?
_Sim. Brown tem feito muitos avanços. – respondeu, mas ao contrário de ficar animada, a perspectiva de enviar Brown para Homeland a inquietava.
_ O que achou do pedido daquela fêmea NE para trabalhar com as crianças refugiadas? Ela parece realmente encantada com "os filhotes" como ela diz.
_Luna tem demonstrando grande adaptabilidade e uma grande vontade em ser útil. Talvez seja bastante proveitoso integrá-la. Se ela quiser viver aqui, devemos respeitar sua vontade. Afinal, ela é uma mulher livre agora...
Seguiram com a conversa e em seguida retornaram as suas salas e seus assuntos de trabalho. Horas mais tarde, se aproximava de seu alojamento e ouviu algumas vozes. Estranhou; naquele horário a habitação deveria estar vazia. Apurou mais seus sentidos e identificou as vozes de seus irmãos Salvatore e Estefano e também a voz grave e retumbante de Brown no meio delas.
_O que estão fazendo aqui? – ela perguntou assim que chegou percebendo que tinha pego os três de surpresa com sua chegada.
_Francamente, pivete! Você é um péssimo agente secreto. Você não disse que ela estava em reunião do outro lado do Instituto e só chegaria em uma hora?
_Está no cronograma dela! – respondeu como desculpa para a acusação do irmão – Mana, você não devia estar em reunião?
_Sim. Vim apenas apanhar algumas pastas que terminei esquecendo – respondeu ela estranhando todo aquele mistério – O que estão aprontando?
_Irmãos estão ensinando a Brown a fazer o jantar para a Doutora. – o NE despejou para o desespero dos irmãos dela – Eles falaram que eu tenho que aprender a fazer comida para a Doutora para a Doutora ficar feliz com Brown. Surpresa!
_Eles o quê?
_Doutora não parece feliz. – constatou Brown olhando frustrado para os irmãos dela – Eu fiz macarrão – diz mostrando a panela. – Com bastante molho – Salvatore disse que você gosta muito! O cheio está bom. Olhe! – e estendeu a panela na direção dela.
_Brown, você poderia sair por alguns minutos para que eu possa conversar com meus irmãos... – pediu cruzando os braços, tentando parecer serena, mas profundamente irritada.
_Hummm – Brown estava profundamente dividido: de um lado queria mostrar lealdade aos machos da família da Doutora, por outro, não queria que ela ficasse zangada com ele e ela parecia muito zangada. Além disso ele não entendia...ele quis fazer uma coisa para ela ficar feliz, queria agradá-la, mostrar que era um bom macho; por isso pedira ajuda aos machos seus irmãos. Achava que eles sabiam deixar a Doutora feliz - Doutora, Brown vai ficar, irmãos ajudando Brown, não briga com eles...
_Brown, por favor, saia um momento.
_Brown fez coisa errada?
_Não.
_Irmãos fizeram coisa errada?
Diante daquela pergunta Valentina fechou ainda mais o semblante.
_Mana, você está levando a mal – foi Estefano quem começou – Brown queria fazer uma surpresa para você, na verdade, ele não sabia que era isso, mas queria fazer algo para te agradar... – afirmou gaguejando – Ele quer te dizer uma coisa, então achamos que algo como um jantar ajudaria... – continuou falando enquanto ela permanecia com os braços cruzados e levantava uma das sobrancelhas, descrente. – Não é nenhum tipo de brincadeira. De verdade só estamos tentando ajudar, o Salvatore também, por mais incrível que isso possa parecer – foi dizendo e baixando o tom de voz na última frase, como se nem ele mesmo pudesse acreditar nisso.
_Eu sugeri só o vinho mesmo, mas Estefano achou melhor ele te oferecer comida... – Salvatore começou a falar sua maneira irônica de sempre – Bem, ele é mais experiente nessa coisa de encontros, eu geralmente só as levo para cama e...
_Salvatore! – Valentina ralhou ficando corada até as orelhas. – Pare para pensar no que você fala! – pediu constrangida olhando deles para o NE a sua frente.
_Bem grandão, ela chegou mais cedo, então vamos deixar aquelas dicas para outro dia. – disse o irmão piscando para Brown - Ofereça a comida a ela, deixe ela ficar de barriga cheia primeiro e depois fale "aquela coisa". Ah! E não esqueça de fazer ela beber pelo menos duas taças disso aqui antes! – orientou indicando a garrafa de vinho que descansava num balde com gelo em cima da mesa. – Vamos nessa, pivete? – falou chamando Estefano e saindo do apartamento.
Assim que ela acompanhou a estranha retirada dos irmãos do seu alojamento, ela voltou-se para Brown.
_Brown, não sei qual foi o assunto que vocês conversaram, mas quero que esqueça imediatamente qualquer orientação que Salvatore te deu.
_Doutora não gosta da comida que Brown fez? Brown quer provar que é um bom macho.
_Brown, você não precisa cozinhar para mim para provar isso. Eu sei que você é um bom macho. Um bom homem - frisou - Temos um refeitório e uma equipe que prepara a comida para todos.
_Brown não quer comida para todos. Brown faz comida para Doutora, comida boa. Surpresa. – dizia gesticulando em direção ao fogão, as panelas e a mesa arrumada - Doutora não está feliz – ele parecia tão decepcionado que ela teve que esquecer por um momento que estava furiosa com seus irmãos por estarem alimentando aquela situação insólita. Se fosse outro de seus pacientes, imediatamente se posicionaria, mas Brown era um caso tão peculiar que se sentiu forçada a entrar no jogo.
- Está bem Brown. Não estou zangada por causa da comida. – ela concedeu depois de respirar fundo – Na verdade, estou morrendo de fome e esse espaguete está com um cheiro muito bom mesmo... – assim que falou, percebeu a fisionomia dele se acender com orgulho e satisfação – Não precisava fazer nada disso, mas estou feliz que você fez. – foi sincera e viu o quanto aquilo parecia importante para ele. – Vamos fazer o seguinte: vou tomar um banho, me trocar e comemos; depois preparo a sobremesa, certo?
_Salvatore trouxe pote gelado com sobremesa. Está na caixa fria.
Valentina foi até a parte do freezer de sua geladeira e viu o pote de sorvete de mousse de chocolate meio amargo com rum que ela amava.
_O que aqueles três estavam aprontando? – pensou curiosa.
_Gosta? – Brown havia se movido e estava bem atrás dela, quase colado em suas costas. Ela se sobressaltou. Para alguém tão grande, ele parecia se locomover de maneira muito rápida e silenciosa. Voltou seu rosto para trás guardando a sobremesa. Ele havia se abaixado um pouco para examinar suas reações, seus incomuns olhos primatas esquadrinhavam seu rosto em busca de respostas e suas mãos enormes seguravam-na pelos ombros; ele parecia cheio de expectativa.
_Sim. Gosto muito. – falou tomando um pouco de distancia dele e se dirigindo ao quarto – Espere aqui que vou me refrescar e jantamos. – falou e se refugiou no quarto tentando por em ordem os pensamentos e tentando entender o que estava acontecendo e como ela se sentia a respeito disso.
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MARROM (NOVAS ESPÉCIES)
FanfictionBrown só conhecia a dor e o tormento do cativeiro até a doutora aparecer na sua frente e ensinar a ele tudo sobre a vida. Muito diferente dos malditos médicos maus que o haviam criado, que o machucavam, feriam e chamavam de macaco, monstro, de anim...