_Oh pivete! – Salvatore voltou-se para Estefano e continuou suas provocações bobas, mas desta vez ela até se sentiu agradecida.
- Você não contou a boa notícia para ela não?
_Boa notícia? Que boa notícia? _Na verdade, são DUAS boas notícias. - Enumerou com os dedos – a primeira é que seu irmãozinho, o pequeno monstro – apontou para Estefano que acabava de tirar as medidas da varanda - descobriu uma ponta solta de uma linda e bem recheada conta do sem vergonha, safado e sem coração do seu EX, que é claro não ganhou aquilo tudo vendendo carro.
_Tore, ele não vende carros. – Estefano chamava o irmão pelo apelido de infância - A família dele é dona de uma fábrica de automóveis. - corrigiu Estefano.
_Que seja. A fábrica carros faz o quê com eles? Guarda?
_Deixe de ser idiota e continue – comenta Valentina ainda zangada fazendo Brown se afastar de Salvatore como se ele fosse contagioso e ele tivesse medo de "pegar" a raiva que a doutora estava direcionando a ele.
_ Continuando. – ele prosseguia cheio de ironias e brincadeiras bobas como sempre. Valentina até hoje não conseguia entender como o irmão havia se tornado um advogado tão renomado. - Eu, seu lindo, sexy e extremamente eficiente irmão, acabo de finalizar todos os trâmites para denunciar essa continha às autoridades que por sua vez, confiscaram esse montante e, claro, vão destiná-lo ao fundo compensatório NE. – passava as informações como se estivesse diante de uma grande audiência - Palmas para mim que eu mereço!!
Valentina imediatamente muda seu humor e se joga nos braços do irmão comemorando. - Calma. Calma. – pede ele – Guarde mais uns chamegos para a melhor notícia.
_Melhor do que aquele maldito perdendo os milhões que ganhou explorando a miséria humana?
_Sim. Muito Melhor! - afirma – Amanhã, domingo, dia de almoço em família e nesse dia abençoado pelos Deuses – pegou sua caneca de café e se jogou no sofá - que eu espero inclusive que faça sol, para eu bronzear esse corpo bonito e sarado na piscina... – nova pausa enquanto a irmã revira os olhos e Brown e Estefano simplesmente observam - você receberá a visita da mais nova integrante do nosso famigerado e temido clã.
_O quê?? Mas como a pequena Lily vem? Cora está ainda no período de repouso pós-parto.
_Mas você queria conhecer sua sobrinha, não queria? - ele sorri satisfeito – este canalha que vos fala os demais otários que vivem aos seus pés - falou olhando de soslaio para o NE – incluindo esse grandão ai – apontou para Brown - organizamos tudo para ela vir e voltar para os territórios em segurança, já que você não pode sair. – frisou.
Valentina estava realmente explodindo de felicidade. A família era algo de grande importância em sua vida e essa coisa de não ter ainda conhecido sua mais nova sobrinha realmente a estava incomodando. Começou a comemorar e, em seguida, organizar os preparativos.
_Grandão, fuja para as colinas! Ela vai querer nos obrigar a trabalhar! - provocou Salvatore enquanto o Nova Espécie ficava perdido sem entender nada do que acontecia e os outros homens riam, mas olhou na direção da doutora e pareceu hipnotizado pela cara feliz que ela fazia e como seus olhos brilhavam e ele, de repente, fiou feliz também só por causa dela...
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Valentina Wolf era a caçula de 5 irmãos que pertenciam a uma longa linhagem de guerreiros Romani, um povo sagrado entre os ciganos. O legado da família era agir como Guardiões protegendo a tribo e o mundo do mal...uma tarefinha bem básica... Então tudo que envolvia "proteger e servir" era o negócio dos Wolf. Seu irmão mais velho Jordan era agora o líder do clã e presidente da Organização Human Protector. Depois vinha Lorenzo, segundo no comando do clã e também no "negócio da família". Salvatore, era advogado; Estefano era perito em TI e ela psicóloga e pedagoga com algumas especializações sem seu currículo.
O Instituto era um dos projetos da Organização que nasceu como uma empresa de consultoria em segurança criada por Jordan buscando trazer o ofício da família para a "modernidade". Eles tinham tecnologia de ponta e uma equipe de bons homens de ação para realizar diversos trabalhos desde investigação, passando por proteção à pessoa e, em alguns caso até mesmo resgates. Um de seus projetos despertou a atenção das agências governamentais e, logo surgiram contratos e parcerias. Numa dessas colaborações perseguido traficantes de mulheres Jordan e Lorenzo desmontaram um esquema que abastecia um laboratório da Mercile com "fêmeas para procriação".
Valentina não conseguia pensar nisso sem sentir náuseas...esse tipo de gente é o esgoto do mundo! O caso da Mercile já era notório em todo o mundo, ONE já havia sido criada, bem como a Pátria NE, Homeland e ela se sensibilizou com os desafios que os NE enfrentavam para se encaixar nesse mundo pós cativeiro. Sendo cigana, ela bem sabia os dissabores de enfrentar a desconfiança, a intolerância e o preconceito; logo sentiu empatia pelos NE.
Em parceria com seus irmãos criou projetos para ajudar a reintegrar os NE na sociedade através da Educação oferecendo também diversas terapias e também preparando cursos e treinamentos que os pudessem capacitar para viverem em comunidade e não trancados e enjaulados. Ela já fazia algo parecido com as mulheres vítimas do tráfico humano e pensou que sua iniciativa podia fazer diferença na vida dessas pessoas, afinal ser uma protetora e guardiã estava no seu DNA assim como a mistura de humano e animal estava no deles.
Alguns anos já haviam se passado desde o primeiro resgate, mas nenhum deles havia tocado seu coração e despertado sua alma super protetora como quando Brown foi resgatado...- relembrou enquanto esperava seu café ficar pronto – ele tinha sido o único sobrevivente daquela instalação pura e simplesmente por que seu organismo havia conseguido resistir ao gás letal que os malditos cientistas haviam liberado no ambiente, quando foram pegos pela Força Tarefa da qual seus irmãos Jordan e Lorenzo faziam parte.
Muito machucado e quase sem respirar, ele foi trazido para o Instituto, mas mesmo assim lutava e tentava se soltar machucando diversos soldados e enfermeiros.... seus irmãos chegaram, inclusive a pensar que ele estava além de qualquer salvação e que precisaria ser sacrificado. Mas essa ideia a revoltava de tal maneira que tomou como missão pessoal reabilitar aquela criatura sofrida e torturada.
Foi uma longa jornada tentando estabelecer contato com ele sem que ele tentasse se ferir ou ferir outras pessoas. A ajuda de Estefano, seu irmão gênio da computação foi crucial pois ele conseguiu decodificar os arquivos da instalação de Brown ajudando a entender como tratar e ajudar. Havia descoberto que a instalação dele era responsável por experimentos de guerra e de procriação; ou seja, tentar recriar através de combinações de diversos animais considerados altamente resistentes, predadores e agressivos o espécime ideal para ser vendido a clubes clandestinos de luta e exércitos de mercenários. Um verdadeiro circo de horrores.
Segundo relatórios Brow possuía prioritariamente DNA de grandes primatas como gorila e chimpanzé cruzados com lobos...Sua mãe era uma fêmea NE que aparentemente conseguia procriar e vivia basicamente para ser violada, gestar e parir....pobre criatura retornou de suas recordações observando a dinâmica entre seu paciente e seus irmãos, se bem que ela nem o considerava mais dessa forma, nutri por ele uma espécie de afeto, um forte instinto de proteção...talvez fosse só o legado da família falando por ela...
Lorenzo implicava constantemente com ela insinuando que ele poderia estar nutrindo "emoções" diferentes por ela e ela por ele, mas eu não considerava assim. Ele só era muito apegado a ela porque foi a primeira humana que demonstrou um certo carinho e cuidado com ele depois que ele foi desgarrado da mãe NE. Ela riu relembrando as brigas entre ele, Lorenzo e Estefano e pensando que a única hora em concordavam era sobre mantê-la constantemente vigilada. Pareciam de verdade uma família e Valentina percebia o quanto aquela interação estava fazendo bem ao processo de socialização e autocontrole de Brown, mesmo que isso a transformasse numa espécie de prisioneira....
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MARROM (NOVAS ESPÉCIES)
Hayran KurguBrown só conhecia a dor e o tormento do cativeiro até a doutora aparecer na sua frente e ensinar a ele tudo sobre a vida. Muito diferente dos malditos médicos maus que o haviam criado, que o machucavam, feriam e chamavam de macaco, monstro, de anim...