HUMAN CODE |BROWN CAPÍTULO II

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Diante deles estava o maior Nova Espécie que eles já haviam resgatado, aquele que os bastardos dos laboratórios Mercile haviam denominado de assassino perfeito segundo relatórios resgatados juntamente com ele durante uma das inúmeras batidas que sua equipe realizava. 

Habituado a visitar dezenas de vezes Homeland por conta do seu trabalho, ele podia inclusive apostar que nunca tinha visto nenhum NE maior nem mais mortal e assustador do que aquele...Alguns até podiam se igualar, talvez... e era justamente aquele "cara" que neste momento saia da "toca" carregando sua irmã desacordada nos braços com uma expressão assassina. Mesmo se considerando um cara durão Lorenzo, tremeu nas bases.

 Desde que a sua Organização havia começado a colaborar com a ONE e com a Segurança Nacional após a descoberta de ligações da Mercile com as organizações criminosas de tráfico humano que combatiam , Lorenzo já havia lidado com todo o tipo de escória da sociedade, mas esses bastardos que usavam humanos para experiências genéticas  deveriam ter um lugar especial no inferno – pensou e agora precisava encontrar uma maneira de levar o "King Kong" ali de volta para a contensão sem que ele desmembrasse nenhum dos seus soldados e, claro, não matasse sua própria irmã! Ao perceber sangue no jaleco de Valentina, Lorenzo se desestabilizou, recorreu a seus anos de treinamento tático e condicionamento para tentar controlar aquela situação, mas foi "o interno" que iniciou a negociação:

- Doutora Ferida! Armas Não! - grunhiu e rosnou adquirindo uma postura desafiadora.- Soldados Maus! Levaram a Doutora! Eu peguei ela de volta! Soldados Maus! Doutora Boa! Doutora Ferida!

- Calma B759! Vamos ajudar a doutora! - Lorenzo pediu - Você me reconhece? Sabe quem eu sou? Não somos os soldados maus! Somos os bons! Estamos aqui para ajudar!

- B759Não!!!!!!!!! - protestou num urro assustador - Eu sou Brown. Doutora me deu nome!!

- Desculpe Brown. Eu esqueci disso. Mas você sabe que eu não sou mau, não sabe?

- Sei você ajuda Doutora. - ele parecia visivelmente transtornado com a presença dos soldados e com o estado em que se encontrava a mulher em seus braços. - Ajuda ela!! Ela não acorda!! - diante dessa afirmação Lorenzo se preocupa ainda mais, em seu ouvido Lorenzo ouviu a conversa da equipe de atiradores posicionada no telhado informando que podia atirar.

- Atirar Não! Doutora ferida! - o Nova Espécie recuou fugindo do campo de visão dos atiradores emitindo um urro assustador, o que pareceu despertar Valentina de seu desmaio.

- Brown?! - ela ainda se sentia desnorteada – O que está acontecendo? - perguntou sentindo seu corpo protestar de dor. Sua vista ainda estava turva, mas o cheiro bem característico de sangue confirmou de que a macha na camiseta simples que a esta altura parecia muito suja e rasgada. Sentiu a inquietação dele e o aperto forte e tentou se desvencilhar daquele abraço.

- Não!! Soldados maus! Atirar!

- Tiros! - a simples menção disso pareceu acordar seu cérebro atordoado e Valentina imediatamente tentou avaliar a situação. Olhou em volta tentando apurar sua visão percebendo que não só a forte dor na cabeça, mas também a falta de seus óculos estava comprometendo que enxergasse completamente. - Onde estamos, Brown? Ainda estamos no Instituto? Você foi ferido? - Ela tentava examiná-lo - Deixe-me levantar, preciso saber o que está acontecendo! Onde estão todos? E a equipe de segurança? Alguém nos atacou?

- Parados! Ninguém se mova ou eu mesmo atiro em vocês, malditos!! - e virando se para o onde Brown havia recuado chamou – Brown! Ninguém vai atirar. - prometeu - Preciso que você solte a Dra. Valentina e se afaste, os paramédicos precisam examiná-la.

- Lorenzo! - Valentina respondeu de volta e Lorenzo nunca ficou tão aliviado na vida – Eu estou bem levemente desnorteada e dolorida – ela mesma fez um levantamento rápido de suas condições - possivelmente tenho uma concussão, mas aparentemente nenhum osso quebrado. Brown também está bem, porém muito estressado e numa postura bastante territorialista.

_ Que ótima notícia! – pensou Lorenzo ao ouvir a irmã - O "king kong" está estressado...

_ Vocês poderiam por favor se afastar e dar passagem para que possamos retornar ao prédio? – sua irmã pedia com a voz pausada e controlada - Mantenha uma equipe de socorristas para me examinar e fazer um curativo...

Lorenzo ordenou que a equipe térrea se afastasse, porém manteve os atiradores de prontidão. Ele podia ser um dos resgatados, se solidarizava com sua trajetória infeliz nos laboratórios Mercile, porém se ele demonstrasse qualquer sinal de descontrole ou ameaça a sua irmã, não hesitaria em atirar no maldito grandalhão. Ee novamente se projetou para fora da gruta ainda com sua irmã no colo e veio caminhando em direção ao prédio com cuidado observando tudo a seu redor numa atitude totalmente alerta, assim que viu os soldados no telhado rosnou e mostrou as presas, mas Valentina conversou com ele e ele prosseguiu cheio de desconfiança. 

Dentro do complexo continuou carregando Valentina e praticamente arrancou o braço de um dos paramédicos que tentou se aproximar para examiná-la. O Nova Espécie não queria soltá-la, mas por fim concordou para que ela pudesse ser cuidada olhando ameaçadoramente e rosnando para o paramédico a cada gemido que ela dava.

Momentos mais tarde, Lorenzo passou as mãos pelos cabelos curtos no estilo militar exasperado, as notícias não eram nada boas e aquela situação da Tina com o Grandalhão estava cada vez mais esquisita, pensou ele ouvindo a conversa dos dois através das câmeras instaladas naquela unidade hospitalar. Se ela soubesse que estava ouvindo tudo, possivelmente lhe daria uns cascudos; Valentina podia não ser um dos NE resgatados que exigiam vigilância, mas além de ser sua irmã e uma das diretoras daquele Instituto, parecia que ELA tinha sido o alvo dos invasores.

- Brown não se importa com sangue. Cheiro da Doutora é bom... - ele ouviu a resposta do NE quando a irmã pediu que ele se trocasse.

- Não Brown. Cheiro de sangue não é bom e as pessoas se assustam..

- Pessoas fracas. Eu forte!

- Eu sei que você é forte, mas não pode ficar por aí todo sujo e rasgado. - Ela fez uma pausa – Na verdade você nem deveria estar circulando... - admitiu.

- Brown não vai deixar doutora!! - ele soou irritado – Brown fica!!

- Tudo bem, mas você vai se limpar e usar as roupas que mandei pegar para você. Depois vai deixar o Enrique te examinar para ver se está tudo bem.

- Brown fica aqui com doutora!!

- Brown...eu estou com muita dor... - ele imediatamente se ajoelhou ficando mais perto da cama de hospital, fazendo uns ruídos característicos da sua mutação.

_Doutora quer remédio?

 - Quero que você se cuide. Ver você assim me deixa triste. Você pode fazer isso por mim? - ele ouviu a irmã pedir e o Grandalhão, a fera que era considerado uma das forças mais letais da Mercile,  inclinar a cabeça  para ser afagado pela mão minúscula da irmã que parecia uma criança do lado daquele sujeito. Viu boquiaberto o cara simplesmente, obedecer depois de dois minutos de ser afagado como se fosse um maldito cachorrinho! Entrou no banheiro e saiu de lá alguns minutos com roupas limpas e os cabelos molhados reclamando alguma coisa da "água da parede". 

Pelo canto do olho, ele viu a irmã falar com alguém pelo telefone e de repente uma imagem chamou sua atenção diante do painel de telas da segurança

_ Puta que pariu! Santa Merda!! - exclamou antes de deixar seu posto e seguir para o quarto da irmã; ele não sabia o que era mais extraordinário: aquele macacão assassino obedecendo a irmã feito a porra de um cachorro de madame ou a imagem que os drones sentinelas haviam captado.


MARROM (NOVAS ESPÉCIES)Onde histórias criam vida. Descubra agora