HUMAN CODE |BROWN CAPÍTULO IX

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_Ah! Qual é Jordan! Até as árvores do Instituto sabem que o grandão está arriado os quatro pneus e o estepe pela Tina! – Salvatore tentava uma defesa - Ela também sabe e fica fazendo de conta que não sabe. Não adianta nada. Eu e o pivete tentamos uma forma de ajudar o cara a se declarar, falar o que queria e francamente, não vejo nada demais nele estar gamado na nossa irmã.

_Vocês poderiam por gentileza para de falar sobre mim como se eu não estivesse presente? Vão recomeçar com isso? Jordan, Brown teve essa reação por conta da Lily. A presença de um bebê despertou os instintos dele e isso é de certa forma natural. Indica que estamos avançando, que ele se sente seguro e bem. Que está confiante no futuro e que confia em nós. É bastante animador, inclusive.

_O fato de eleger você como a "futura mãe para os filhos dele" também parece animador para você, Tina? – Lorenzo dispara, direto como sempre.

_Lorenzo, não deveríamos nem ter esse tipo de conversa. Vocês sabem o quanto respeito meu trabalho e o quanto seria condenável para uma médica se aproveitar da fragilidade emocional e psíquica de um paciente...

_Esqueça essa bobagem de relação médico x paciente, Tina. Você está morando com o sujeito! – acusava Jordan – O que esperava que fosse acontecer? Que vocês fizessem tranças um no outro?

_Por favor! Vocês precisam parar de levar isso por esse caminho! Brown está reagindo sobre isso porque fui a primeira fêmea que o tratou com carinho, respeito; que cuidou dele. É natural que ele queria estabelecer um vinculo comigo! Sou o primeiro elo dele com uma vida quase normal. Vocês estão esquecidos do ambiente de onde ele foi resgatado? – os irmãos continuaram olhando impassíveis para ela – Está bem. Admito que podem existir implicações românticas, mas não é do jeito que vocês estão pensando! É mais como uma paixonite de garoto pela professora...Vocês estão levando isso para o nível de machos adultos, criados em um ambiente normal, que tiveram uma trajetória de crescimento e amadurecimento emocional, sexual e psíquico natural. Ele não teve nada disso! Tudo está acontecendo para ele agora, nesse mesmo tempo enquanto descobre a vida fora do cativeiro!

_Eu tinha inclinações românticas e bem sexuais com algumas professoras, maninha.

_Salvatore! Não estou com disposição para suas brincadeiras – falou zangada – Lorenzo, você leu os relatórios que conseguimos resgatar da instalação de onde resgatamos ele. - lembrou - Experimentos de guerra e de reprodução. Vocês querem que eu descreva a forma brutal como eles eram tratados lá? Como eram manipulados sexualmente sem ter como se defender desses abusos? – Valentina olhava de um irmão ao outro, sabendo que tinha tocado num ponto importante – Ele assistiu fêmeas serem mortas durante o acasalamento forçado que faziam naqueles laboratórios infernais! Quando ele se ofereceu para me dar filhotes, não era em sexo que ele estava pensando. Ele estava se oferecendo para me deixar usá-lo como cobaia. Disse claramente que jamais me tocariam como viu as fêmeas serem tocadas lá. Vocês têm ideia de como isso é forte, significativo e ao mesmo tempo doloroso? – seus irmãos finalmente estavam entendendo como ela se sentia – Por favor! Eu já estou tentando lidar com isso da melhor forma possível sem ferir os sentimentos dele, nem fazer com que se retraia. Por favor! Não tornem isso algum tipo de brincadeira ou alguma ameaça, achando que ele vai se descontrolar, me atacar ou algo do gênero. Brown está desesperado por ser aceito, por fazer parte de algo. Quando nos vê juntos, quando viu nossa dinâmica com a pequena Lily, desejou isso para si. 

Seus irmãos olharam de um para o outro em silêncio, tentando captar a seriedade da situação. Mas ainda assim Jordan sentia que precisava ir mais a fundo.

_Certo, Tina. Você acha que tem essa merda toda que ele sofreu sob controle, ok. Mas e você? O que está sentindo pelo cara? Não me venha com essa de que está tratando dele diferente pela humanidade, pela empatia, que essa conversa comigo não cola. Todos nós a conhecemos bem e sabemos que ele é especial para você. Pelo menos isso você admite? Que ele não é igual a qualquer paciente que você já tratou?

Valentina respira fundo e se permite examinar de outro ponto de vista toda aquela situação. Se fosse ela apenas uma mulher e ele um homem. Como seria? Se ela não tivesse a responsabilidade de lidar com ele como seu paciente, mesmo em se tratando de um ser humano geneticamente modificado, haveria lugar para ele em sua vida.

_Nunca menti para vocês e não seria agora que iria começar. – admitiu com dificuldade diante de todos seus irmãos – Reconheço que inicialmente fui tocada por sua condição crítica e seu histórico, reconheço que o quadro dele me cativou, prendeu minha atenção, meu interesse. Mas preciso ser honesta e admitir que Brown deixou de ser somente um paciente para mim, ele se tornou parte da família. – confessa – Ele se tornou especial para mim. Quero que ele avance, prospere. Quero vê-lo bem e integrado na sociedade e não só como um projeto. Algo dentro de mim me impulsiona a estar perto dele, a incentivá-lo a crescer como indivíduo. Reconheço que vejo em suas vitórias as minhas vitórias – confessou – Mas se me pedirem para rotular agora o que "sinto" por ele, não saberia explicar. Só tenho que admitir que ele é especial para mim.

_Então você entende que é especial para ele também certo, mana? _ Salvatore perguntou subitamente sério. - Não importa como você chame isso agora. Ou que você ache que ele sente coisas por você por conta de algum tipo de compensação psicológica. Brown é um homem adulto. – afirma – Um macho adulto, se queremos ser bem literais e está procurando em você, vendo em você um ideal de companheira. – declara - Desde que o mundo é mundo, machos e fêmeas se procuram e se acasalam. Essa é a lei da natureza. Não importa que explicação técnica, bíblica ou cientifica você tente usar. A verdade é que vocês estão cada dia mais próximos, está aí para todo mundo ver. 

MARROM (NOVAS ESPÉCIES)Onde histórias criam vida. Descubra agora