Um Ano Depois

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Julie

— Vamos lá Julie, é seu primeiro dia na faculdade, quer chegar atrasada?

Minha mãe falava do outro lado da porta, ela brigou com o namorado ontem, milagre não está descontando toda sua raiva em mim...

— A faculdade não é a escola mãe, não preciso chegar tão cedo.

Falei estendendo minha mão ao meu celular que estava sobre a cômoda.
Bom, a um ano eu terminei o ensino médio, a dois anos tive minha primeira "decepção amorosa"
Não foi bem uma decepção, só que meu ex namorado exigia mais do que eu poderia oferecer.
Não, não era minha virgindade...

Ele queria eu que falasse aquelas duas palavrinhas, que só de pensar me arrepio dos pés a cabeça.

Então, com meu primeiro relacionamento de verdade indo por água a baixo, eu decidi não me relacionar até terminar a faculdade, conseguir um emprego, tocar a minha vida.

Não é como se mais alguém fosse se interessar por mim nesse meio tempo... Não se engane, eu sou maravilhosa.
Mas meu temperamento meio... Grosso.

Afasta todos os garotos que se aproximam, não sinto nada por eles então isso não me machuca, eu sei do meu valor.

Mas Julie, por que você está falando sobre sua vida amorosa? Bom, minha mãe tem uma extensa lista de relacionamentos fracassados e eu tenho três irmãos homens, o mais velho é machista, o do meio é metido a gente grande, e o mais novo é o que mais recebe atenção da mamãe.

Isso fez com que eu não queira nada disso pra mim, não quero relacionamentos fracassados e não quero filhos machistas.

E que jeito melhor de não ter essas coisas do que não namorando e não transando.
Não sou virgem, na verdade nos primeiros anos do ensino médio minha vida sexual era bem ativa, mas no final, quando meu relacionamento acabou, eu simplesmente desliguei, comecei a perceber como a vida funcionava de verdade, que tudo que eu via em filmes e livros eram apenas ficção, sua alma gêmea não existe...

Bom, pelo menos a minha não. E se existe que ela espere por mais uns cinco anos para aparecer, não quero ninguém bagunçando minha vida.

[...]

Assim que passei pelos grandes portões de uma das faculdades mais renomadas de todo o estado, dei uma olhada panorâmica em todo o ambiente.

Fui aceita na Sanzio Ford, a faculdade responsável por recriar gênios da música, literatura, empresarial e é claro esportistas.

Eu faço administração, e de acordo folheto que eu carregava em mãos, meu prédio era o terceiro mais ao fundo do campus, no mapa presente logo na estrada do prédio apareciam os pontos específicos.

Três campus no total, espalhados por toda a faculdade. Três prédios, divididos entre, esporte, música/dança e empreendedorismo.

Fui andando perdida, seguindo reto até uma extensa escada, minha sala era no terceiro andar, pelo menos meu primeiro turno.

Assim que cheguei, me abaixei pondo as mãos nos joelhos, eu claramente era sedentária, ou talvez três lances de escada casassem qualquer um.

— Você está bem? — Dei um pequeno pulo de susto, já que não percebi ninguém se aproximando.

Olhei para a pessoa do meu lado, era uma garota, baixa, cabelos ruivos, pele branca e sardas. Era fofa.

— Sim, quer dizer, eu acho — Falei não tendo certeza já que claramente estava perdida.

— Faz administração? Qual seu nome? Já sabe onde é o primeiro turno? — Ela foi despejando perguntas sobre mim, sem me dar espaço para respondê-las.

— Sim. Julie. Não — Respondi de uma única vez interrompendo qualquer coisa que ela fosse falar a seguir.

— Nossa, desculpa, eu sou mesmo afobada — Ela disse, dando um sorriso amarelo, juntei os lábios em compreensão — Eu sou a Emily, prazer — Ela disse me estendendo a mão.

Estranhei mais segurei mesmo assim apertando de leve.

—Julie, mas eu já havia dito — Falei pondo uma das mãos atrás da nuca.

— Você está perdida? Ela perguntou.

— Eu acho que sim, acabei de chegar aqui em cima, estava descansando mesmo — Falei.

— Ah, me diz qual sua primeira aula?...

— Finanças e Orçamentos.

Ela pegou uma folha igual a minha na mochila, passando os olhos rapidamente.

— Legal, temos aulas juntas, vamos — Emily se agarrou ao meu braço, me conduzindo a algum lugar, que eu não fazia ideia.

— Parece que é aqui — Ela disse assim que paramos em frente a uma porta de correr de madeira enorme.

— Eu empurro a porta e você entra primeiro ok? Ela perguntou.

Balancei a cabeça concordando, meus nervos estavam a flor da pele, meu coração palpitava muito rápido, e eu sentia que ia infartar, tudo que eu queria era acabar logo com toda a angústia e entrar naquela sala de uma vez.

Respirei profundamente, esperando.

Capítulo curto só pra abrir umas brechas, até o próx ❤️

Entre CicatrizesOnde histórias criam vida. Descubra agora