Aron
Assim que Julie saiu do meu campo de visão, eu fui para a próxima aula, tentei ao máximo me concentrar porém cada vez que fechava os olhos, ela vinha na minha mente.
Eu pensei que essa porra que eu sentia, era uma obsessão adolescente, algo que passaria com o tempo.
Mais faz quatro malditos anos, desde o Encino Médio, desde que ela passou na minha frente pela primeira vez, com os cachos definidos e um leve cheiro de pêssego.
Eu nunca gostei de pêssego...
No começo ela era só uma menina qualquer que eu achava bonita, os amigos da época diziam que eu tinha que dormir com ela pra qualquer coisa que eu parecia sentir, passar.
Mas, nada é tão simples quando se trata de Julie Backer.
Ela nunca me deu bola, enquanto todas as meninas da sala dela fariam de tudo por um minuto de atenção minha, ela simplesmente me ignorava.Até que ela começou a namorar um dos meus colegas de time, o cara era um imbecil, e toda vez que ele falava dela, eu sentia que podia matá-lo a qualquer momento.
Tirando as traições.
Ele se gabava por tê-la, era perceptível que para ele, ela era apenas um troféu, e aquilo me deixava puto.
Até que eles terminaram, não sei o motivo, mais talvez ela tenha descoberto que ele não passava de um imbecil, e depois do término ela não ficou com mais ninguém.
Não que eu soubesse ao menos.
Me contentava em apenas vê-la passar, ou sorrir para algum dos irmãos.
O sinal extridente tocou indicando um breve intervalo fui em direção ao refeitório, com a cara de sempre, e a mochila nas costas.
Mesmo sem querer, eu conseguia ouvir algumas vozes que obviamente estavam falando de mim.
Algo como "ele é tão estranho", "ele é novo aqui, mais a energia dele me dá medo".
Eu sentia apenas vontade de rir.
Eu não sabia que gostar de se manter sério era motivo de amendrontar as pessoas. Apesar de estar acostumado com isso.
Assim que cheguei ao refeitório olhei para a fila imensa, decide que a enfrentaria depois. Me sentei em uma mesa vazia qualquer, sentindo o sol bater no meu rosto, me esquentando.
Ouvi uma movimentação e abri os olhos lentamente, tinha três garotos sentandos na mesma mesa que eu.
Estranhei.
— Olá cara, sou o José — O primeiro disse.
Moreno, alto, cabelo loiro.
— Júlio — Dessa vez foi o segundo.
Um pouco mais claro que o primeiro, um pouco mais baixo, e cabelos castanhos.
— José Vithor — O terceiro se manifestou.
Esse era mais alto que qualquer um na mesa, olhos verdes e um sorriso presunçoso.
Balancei a cabeça em comprimento e fechei os olhos, imaginando que eles saíriam ao ver que eu não queria companhia.
— Aron não é? Um deles perguntou.
De olhos fechados não indêntifiquei.
Fiz um breve "amrram".
— Você tá bem falado no campus — Dessa vez eu abri o olho.
— Mas você parece um cara legal. — José Vithor falou.
— Obrigado? Perguntei em dúvida.
— Ah, disponha, amigos são para isso. Júlio disse
Franzi a testa tentando entender. Amigos? Acabei de conhecê-los.
— Desculpe meu irmão — José Vithor disse balançando o pescoço do irmão de um jeito meio agressivo. — O que ele quer saber, é se vossa excelência está a fim de alguns amigos novos.
Olhei ao redor, cada aluno em seu determinado grupo, e alguns olhavam para os três como se fossem intocáveis.
Dei de ombros.
— Tanto faz...
Os três sorriram e engataram em uma conversa sobre a época dos torneios.
A Sanzio Ford tinham um esquema de jogos, basquete, Handebol, Vôlei...
Os três rapazes faziam parte do time de vôlei, e estavam animados para um dos jogos que aconteceriam em breve.
Tirei minha atenção deles e reparei numa mesa um pouco mais a frente.
Uma garota ruiva sentada de costas um rapaz alto de frente para mim e uma garota de belos cabelos cacheados de costas também.
Continuei encarando na intenção de ter certeza se era quem eu estava imaginando.
O rapaz disse algo, e a cacheada virou, sorri de canto com a confirmação e ela se virou de frente novamente.
A ruiva disse algo que fez todos rirem...
— Quem é a gata? Júlio perguntou.
— Não sei do que está falando... — Me fiz.
— A qual é cara, seus olhos estão brilhando aí — Dessa vez foi José Vithor
— Não viajem.
Falei encerrando o assunto.
José se virou, para a mesa e deu uma olhada "rápida" ao contrário dos outros dois que olhavam para as garotas, ele focou no rapaz, que parecia muito entretido no hambúrguer e nem percebeu que estava sendo observado.
Olhei no relógio em meu pulso indicando que faltava apenas 15 minutos para a próxima aula.
— Qual as aulas de vocês? Perguntei.
— Esporte — Júlio disse.
— Administração e finanças — José Vithor falou.
— Artes cênicas — José disse baixo.
— Então, José Vithor vem comigo e vocês vão para a aula de vocês. Nós vemos por aí...
Me despedi dos dois e fui acompanhado por Vithor.
— Vocês são irmãos? Perguntei.
— Não, primos, nossas mães que são mto unidas e inventam arte — Ele riu.
As pessoas ao nosso redor pareciam estar vendo fantasma.
— Sabe jogar? Ele perguntou.
— Depende, jogar o quê?
— Vôlei! Nosso time está precisando de um rebatedor.
Pensei um pouco, eu jogava no ensino médio, não era um craque nem nada, mais a minha popularidade era por conta disso.
Não que a minha beleza não ajudasse.
— Rebatedor? Pode ser, não tenho nada para fazer de qualquer forma.
O quê era verdade, eu precisava estar sempre de olho na bolsa, mais isso era o de menos.
E esse era meu único passatempo, então jogar vôlei não é assim tão ruim.
Resolvi perguntar algo que eu já havia reparado desde o campus, assim que os três sorriram e começaram a falar como se fossemos amigos a décadas.
— Por que eles olham para vocês como se fossem intocáveis? Perguntei.
— Porque Somos! — Ele afirmou. — Éramos um trio, agora somos um quarteto. Mas pelo visto, você não é intocável não é? Ele riu novamente.
E eu novamente me fez de desentendido.
Entramos na sala e cada um foi para um lugar, só esperando o professor entrar para dar início a aula.
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Entre Cicatrizes
RomanceAron Collins. Típico bad boy, com senso de humor sarcástico, postura despreocupada que fala o que quer, e não está nem aí para o que os outros pensam sobre si. Entre festas, álcool, e drogas, ele leva uma vida "divertida" popular entre os alunos da...