22- Começando a Ceder

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Wanda POV.

As palavras de Natasha dançavam em minha mente sem que eu pudesse controlar, me fazendo refém da frase "viver o agora". Refém porque antes mesmo que eu pudesse evitar, eu estava pensando nisso no trabalho, antes de dormir, durante o banho e em qualquer outra situação aleatória.

Parte de mim, entendia perfeitamente o que Natasha queria. Mas a parte covarde, tinha pavor.

Uma voz na minha cabeça - que eu tentava a todo custo ignorar - gritava, dizendo que se deixássemos as coisas fluírem, iriam fluir para um terreno perigoso.

Natasha não tinha dito isso com todas as palavras, mas eu sabia que "viver o agora" significava "não me importar com as consequências" e não havia essa possibilidade, eu sempre iria me importar.

De certa forma, não estávamos nos importando com as consequências ultimamente, não quando nosso grupo de amigas sabia sobre nós, quando eu ia a casa dela no meio da madrugada ou quando tínhamos aquelas conversas intensas e reveladoras. Mas Natasha verbalizar isso de forma bruta, me fez retornar a consciência.

Eu não podia colocar tudo a perder.

-Você é uma burra, sabe disso, né? - Sharon disse quando eu contei a ela detalhe por detalhe sobre a conversa que tive com Natasha naquela manhã.

-Burrice seria colocar minha carreira a perder por amor, Sharon. - dei de ombros enquanto preparava o jantar. Minha amiga estava apenas sentada em dos bancos da ilha, me julgado pra variar.

-Amor? - ela me olhou com aquele olhar provocante, movimentando as sobrancelhas.

Revirei os olhos e suspirei.

-Você entende tudo que tenho a perder? - resolvi ignorar a graça de Sharon e a questionei. Não era possível eu ser a única pessoa que via a real situação ali.

-Posso falar o que eu, assistindo tudo de fora, pensa sobre isso? - a sinceridade e a seriedade em seu tom fez com que eu voltasse minha atenção a ela.

-Deve.

-Acredito que vocês tentam se enganar com esse papo de "é só sexo", mas no fundo, ambas sabem perfeitamente de que a conexão de vocês vai além da sexual. - ela disse, sem um pingo de divertimento na voz. Na verdade, ela usava muito o tom de "amiga sábia". - Quando você se permitir sentir o que realmente sente, você vai pouco se foder para a regra da empresa. Tem tantas soluções para esse problema.

Fiquei em silêncio por um momento, meu olhar distante denunciava que eu estava refletindo sobre as palavras da minha amiga.

-Quais são as soluções? - perguntei pela parte que mais me interessou.

-Você é talentosa o suficiente para conseguir emprego em qualquer grife. A Natasha é herdeira da porra toda e pode fazer simplesmente o que quiser. Além de que, o pai dela pode escolher prezar pela felicidade dela, né?

Não. Pelo que Natasha me dizia sobre Ivan, ele não iria prezar pela felicidade dela. Ele era o tipo de homem que sequer prezava pela sua própria felicidade. Sua única preocupação eram os lucros.

Mas havia um "E se..." ecoando na minha mente e isso estava me atormentando. E a responsável por o colocar isso na minha cabeça, era Natasha Romanoff. E se, vivêssemos o que a vida havia reservado para nós e lidamos com as consequências a medida que elas vão aparecendo?

-Eu preciso pensar. - fui sincera porque não tinha argumentos para rebater Sharon. Eu simplesmente precisava pensar sobre tudo o que vinha acontecendo.

Mas o meu primeiro pensamento foi: talvez valha a pena.

Uma semana depois....

Nos últimos dias, Natasha e eu não nos vimos fora da empresa. Eu ainda estava reflexiva e ela respeitava isso. Durante as horas de expediente, nossa relação era estritamente profissional - como sempre foi em nosso local de trabalho -.

Unexpected Love - Wantasha.Onde histórias criam vida. Descubra agora