Capítulo 1

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- Telefonema urgente para a Dra. Any Gabrielly Garrett!

A telefonista parecia aflita, o que deixou a Dra. Garrett preocupada. Enquanto ouvia, sua expressão era pensativa. Tirou um bloco do avental e fez algumas anotações.

- Pronto, já tomei nota de tudo. Obrigada.

Ela desligou e voltou-se para a enfermeira-chefe da seção de pediatria.

- Sra. Loukamaa, avise Billy Jansen que daqui a pouco irei vê-lo. Se acaso precisar de mim, estarei no centro cirúrgico.

- Sim, doutora.

Joalin Loukamaa observou a Dra. Garrett se afastar rapidamente pelo corredor. A exemplo de todos os funcionários do pequeno hospital, morria de curiosidade em relação à figura da psicóloga, que era uma criatura muito atraente.

A Dra. Garrett era uma pessoa bastante reservada e exercia suas tarefas com grande eficiência. Trabalhava no Hospital Monte Sinai há mais de um ano, mas ninguém sabia absolutamente nada a respeito dela. Uma coisa, entretanto, devia ser dita a seu favor: Any Gabrielly era uma excelente profissional.

Joalin não entendia por que uma pessoa tão qualificada preferia atuar num hospital particular, em vez de obter uma bela colocação em um dos hospitais metropolitanos da cidade de Atlanta.

O Monte Sinai gozava de excelente reputação no que dizia respeito a pequenas cirurgias, atendimento aos pacientes, obstetrícia e emergências, mas não oferecia aos profissionais as mesmas oportunidades proporcionadas por um centro médico bem equipado.

Além do mais, a Dra. Garrett matava-se de trabalhar, o que deixava Joalin Loukamaa intrigada. Certas pessoas, porém, tinham grande necessidade de dedicar-se por inteiro ao que faziam.

Any entrou no elevador, apertou o botão do sétimo andar e, num gesto automático, ajeitou os cabelos, que trazia presos num coque. O penteado que usava acentuava a testa ampla e mostrava as orelhas pequenas e bem-feitas. Tinha sempre o maior cuidado com a sua aparência, o que, segundo ela, era obrigação de todo médico.

Desde que aceitara o cargo de diretora do setor de psicologia do Hospital Monte Sinai, Any sentiu que era observada, mesmo que não cometesse a menor falha. Preocupava-se não só com seus pacientes, mas também com sua aparência. E fazia questão de ser uma profissional muito competente.

Durante os primeiros meses alguns colegas tentaram flertar com ela e chegaram até mesmo a lhe fazer alguns convites mais ou menos discretos, mas Any soube mantê-los à distância, desanimando até mesmo seus admiradores mais ardentes.

A verdade é que não queria saber de nenhum tipo de envolvimento, pois não precisava disso. Tinha dado duro para formar-se em psicologia, logo após fez mestrado e, em seguida, doutorado. Agora a única coisa que lhe importava era o trabalho. Tinha vinte e nove anos, não assumira compromissos com ninguém e essa situação lhe parecia a mais conveniente possível.

O elevador chegou ao sétimo andar e ela desceu, seguindo pelo corredor. Alguns médicos se voltaram à sua passagem, sorrindo de leve ao notar sua postura rígida que, no entanto, era traída pela leve ondulação de seus quadris. Os sapatos de salto acentuavam as pernas e os tornozelos bem-feitos. O que havia de mais atraente em Any, no entanto, eram os olhos.

Eram de um castanho amendoado, puxando para o chocolate, e havia neles uma vaga expressão de tristeza. O rosto levemente arredondado e a boca pequena revelavam uma sensualidade que nem mesmo sua atitude distante conseguia diminuir. A Dra. Any Gabrielle Soares Garrett vivia, porém, uma outra realidade e se interessava unicamente por seu relacionamento profissional.

A pequena sala do Dr. Noah Urrea ficava no fim do corredor e ele sorriu muito aliviado ao ver Any.

- Que bom que você veio! Uma paciente minha, Alicia Beauchamp, garota de uns doze anos, está com apendicite, mas não quero atendê-la enquanto ela não se acalmar.

Desejo Ardente [ Beauany ]Onde histórias criam vida. Descubra agora