Capítulo 7

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A feira de antiguidades de Atlanta ocupava três enormes galpões muito velhos e oferecia uma variedade impressionante de objetos. Any seria capaz de passar horas visitando as barracas, à procura de pequenas garrafas de vidro que vinha colecionando há anos.

Lá havia um pouco de tudo: cristais, lampiões de bronze e latão, espelhos com belas molduras douradas, quadros, móveis, etc. Any achava tudo aquilo fascinante e até mesmo sua mãe acabou admitindo que se divertia.

Pricilla contemplava a filha e, como era muito boa observadora, percebia nela uma certa mudança. A menos que se enganasse, a seriedade dela dera lugar a uma descontração inesperada. Seus olhos brilhavam e ela estava corada. O que teria acontecido para deixá-la novamente feliz?

- Como vai sua nova paciente? - perguntou. - Sei que você estava preocupada.

- Ela está indo muito bem. Creio que hoje a menina chegou num momento muito importante da terapia.

- Não me diga?

- Pois é. Josh me procurou agora de manhã. Ele estava muito preocupado com uma sugestão que eu fiz, pois achava que sua sobrinha não a aceitaria, o que não foi o caso. Creio que agora ele entende tudo muito melhor.

Pricilla notou o leve sorriso que acompanhou a explicação dada por sua filha. Não se intrometia na vida de Any, mas ela se tornara excessivamente reservada, sobretudo quando lhe faziam perguntas relativas à sua vida social. Talvez fosse Josh o causador daquelas mudanças sutis em sua filha, mas Pricilla não queria fazer um interrogatório. Escolheu outra tática a fim de satisfazer a curiosidade que sentia.

- Acho que isso tornará tudo muito mais fácil para o tio da menina e para a mulher dele.

- Bem, ajustar-se a uma nova mãe é um problema que a menina não tem. O tio dela é solteiro.

Naquele instante Any contemplava um belo armário de mogno, com puxadores de marfim, e não percebeu o sorriso de Pricilla.

- Se eu tivesse meios, provavelmente mobiliaria minha casa com móveis antigos - ela comentou.

As duas prosseguiram e a atenção de Any foi desviada para algumas garrafas de vidro, nos fundos de uma barraca. Uma delas era cor de ametista, semelhante à que tinha no parapeito da janela da cozinha, mas estava com defeito.

- Essas peças se tornam cada dia mais raras - disse o proprietário da barraca. - Se a senhorita gosta de vidros antigos, conheço uma loja nos arredores da cidade que possui uma bela coleção. Na verdade é lá que compro a maior parte de meus objetos e os preços são muito bons.

- Por que não vamos até lá? - sugeriu Pricilla. - Depois poderemos ir almoçar.

- Mamãe, você me surpreende! Julguei que as antiguidades não a interessavam.

- Bem, quem sabe acabo encontrando uma coisa que venho cobiçando há algum tempo?

- O que é?

- Não ria de mim!

- Prometo que não. Diga logo! Está me deixando curiosa!

- É uma cadeira de balanço!

- O quê? - Any caiu na risada.

- Eu sabia que você zombaria de mim!

- Não, de modo algum! É que é tão difícil imagina-la sentada numa cadeira de balanço, fazendo tricô ou costurando... E onde pretende colocar a cadeira? Na varanda ou na frente da televisão?

- Engraçadinha!

- Mamãe, você tem de convir que uma cadeira de balanço não combina muito bem com a sua imagem! Bem, vamos para a tal loja. Não tive a intenção de ofende-la!

Desejo Ardente [ Beauany ]Onde histórias criam vida. Descubra agora