ON AIR: Ande duas casas, volte três

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Beomgyu acordou com a sensação de algo vibrando irritante e incessantemente sob seu rosto.

Ele abriu os olhos com um grunhido, assustando-se momentaneamente ao não reconhecer o local em que se encontrava. Precisou de um segundo para se recordar que estava no quarto de Taehyun, deitado em um colchonete estendido aos pés da cama do mais novo, usando uma almofada do sofá da sala como travesseiro e que o peso em sua barriga tratava-se do braço de Kai, que dormia ao seu lado, na mesma situação, agarrado a ele como se o mais velho fosse um ursinho de pelúcia.

O segundo seguinte Beomgyu usou para perceber que a vibração vinha do seu celular, enfiado sob a almofada. Apanhando-o, notou que se tratava de uma ligação — e não do seu alarme, como imaginou de primeira — e grudou o aparelho em seu rosto, ao atendê-la.

Oi, Gyu. Eu te acordei? — A voz de Choi Soobin tomou o quarto, soando muito alta para o estado sonolento em que o estudante de Música ainda se encontrava.

Beomgyu soltou um murmúrio rouco que não dizia coisa alguma.

— Que horas são? — questionou, sua voz soando áspera demais, enquanto checava os arredores.

O cômodo estava mal iluminado por frestas de luz, que o invadiam pela cortina parcialmente fechada, e ele não conseguia ver Taehyun direito, mas imaginou que o monte escondido pelo cobertor sobre a cama fosse o mais novo.

Onze da manhã — respondeu Soobin. No fundo da chamada, era possível ouvir o barulho de louças chocando-se uma contra a outra, todavia, não podia ser na cozinha dos Kang, pois a casa estava completamente silenciosa. — Liguei pra saber se você já tá em casa.

— Ainda tô no Taehyun — informou, soltando um suspiro cansado, ao ser tomado pelo peso dos acontecimentos da madrugada. Ali, no vazio pacífico da casa, tudo parecia ter sido apenas um sonho longo e ruim. — Onde você tá? — quis saber, pois não lembrava de ter visto seus hyungs pelo resto da noite passada, após levar Taehyun para o quarto.

No apartamento do Yeonjun hyung. Ele ainda tá dormindo, nós saímos daí super tarde. Acho que, se eu não for chamá-lo, ele vai dormir até amanhã — contou Soobin, soltando uma risadinha, que foi retribuída por um sorrisinho de Beomgyu, mesmo que o mais velho não pudesse vê-lo. — Mais tarde, nós vamos voltar para ajudar a ajeitar tudo. Também tem que pegar o carro do hyung, porque viemos de Uber.

— Não, hyung, deixa que a gente se vira. O Hyuka ainda tá aqui também. — Beomgyu checou o seu outro lado, certificando-se que a pessoa dormindo com quase metade do corpo para fora do seu colchonete, um braço agarrando o mais velho e uma perna jogada entre os dois, era mesmo Kai. — Você merece um descanso e não vamos fazer o aniversariante limpar a festa dele, né? O hyung pode pegar o carro amanhã.

Soobin hesitou por alguns momentos.

Certeza?

— Certeza — garantiu Beomgyu e afastou gentilmente o braço de Kai, para que pudesse se sentar. Ele passou a mão no cabelo, jogando-o para longe do rosto, antes de checar Taehyun. O mais novo dormia de costas para ele, apenas algumas mechas do cabelo loiro escapando por debaixo do cobertor. Beomgyu abriu um sorriso pequeno. — Tenho tudo sob controle.

Ok então. — Soobin suspirou e, no segundo seguinte, questionou, um tantinho mais sério: — Você está se sentindo melhor?

Beomgyu não precisou de muito para lembrar que Huening e ele tinham mentido para os mais velhos, alegando que o Choi mais novo estava com dor de cabeça, para encobrir o estado embriagado de Taehyun. Agora que não havia mais motivos para mentir, Beomgyu encolheu os ombros e confessou:

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