[EPÍLOGO]
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Mais um semestre (e quase três meses) depois
Para Beomgyu, o seu aniversário nunca foi grande coisa.
Ele não o considerava um dia especial, não esperava que fosse um feriado nacional ou coisa parecida. Era só um dia como qualquer outro, com a diferença que indicava que ele tinha conseguido, de alguma forma, sobreviver a mais um ano de existência.
Ou seja, ele estava acostumado a não esperar muito do dia treze de março.
Só tinha uma única coisa que Beomgyu esperava para a data, um único pedido bobo e incrivelmente simples de ser cumprido: ele só queria paz. Descanso. Não ser atormentado por afazeres grandiosos ou preocupações. Liberdade para passar um dia tranquilo, sem nenhuma perturbação maior.
Mas é claro, como qualquer outro pedido que ousava desejar em sua vida, aquele era aparentemente algo impossível de ser alcançado. E, apesar de estar acostumado em nunca conseguir o que queria, não significava que estava conformado com aquela situação que continuava se repetindo irritantemente ao decorrer da sua vida.
— Sabe o que eu acho um absurdo? — ele reclamava, sua voz soando ofegante pelo peso que carregava nos braços, enquanto seguia Soobin por um corredor estreito de apartamentos. — Vocês me obrigarem a carregar esse monte de peso no meu aniversário, quando poderiam muito bem ter contratado um caminhão de mudanças. Existem pessoas que trabalham com isso, sabia? Você está deixando pais de família desempregados, hyung.
Beomgyu não conseguia enxergar Soobin, por conta da caixa de papelão que carregava empatando a sua visão do amigo, que caminhava um pouco mais à frente, mas tinha certeza absoluta que ele estava revirando os olhos naquele momento. E o seu tom cansado, ao respondê-lo, não indicava o contrário:
— Primeiro que o seu aniversário é só amanhã, seu dramático. E, segundo, você está ciente que eu estou desempregado e o hyung trabalha com uma ONG? Não estou desmerecendo nada, mas nossa renda mensal mal deu para alugar o apartamento, mesmo a gente tendo passado quase um ano juntando dinheiro, quem dirá contratar um caminhão de mudanças. E você dirige uma caminhonete, reclamão, o que costumava fazer esse favor para seus melhores amigos? A gente tá até pagando a sua gasolina!
— E não estão fazendo mais que a obrigação de vocês — retrucou Beomgyu, apenas para implicar. O suspiro exasperado que Soobin soltou o fez abrir um sorriso. — Além disso, quem é que você tá chamando de dramático, hein? Pelo que eu saiba, você tem um emprego sim, oras. Só porque é um estágio desgraçado em uma editora que mal te paga nada e nem tem dá a certeza se você vai ser efetivado, não quer dizer que não seja um emprego.
— Sorte sua que eu tô cansado demais para me dar o trabalho de te atirar da sacada, Gyu — resmungou Soobin, enquanto adentravam o novo apartamento que dividiria com o namorado, como tinham prometido que fariam, há quase dois anos.
Fazia um pouco mais de dois meses que Soobin tinha se formado e, ao ter que deixar o dormitório da universidade, estava morando de favor com a sua tia. Durante aquele tempo, tinha conseguido um estágio em uma editora de livros, embora não fosse exatamente na função que quisesse exercer. Na verdade, ele duvidava que "faz tudo e recebe pouco" fosse uma função que qualquer um gostaria de exercer.
Apesar disso, sem as despesas da sua formatura e moradia, Soobin tinha conseguido contribuir mais para as economias que Yeonjun e ele mantinham desde o ano passado, quando abriram uma conta conjunta com o intuito de guardar dinheiro para o futuro que planejavam.
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Spotted
FanfictionO Spotted SNU é a maior sensação da rádio universitária. Apresentado por Choi Beomgyu e seu veterano do curso de Música, o segmento tem como objetivo espalhar flertes, convites para encontros e declarações amorosas pelos corredores da faculdade, sej...