ON AIR: Me encontre no nosso lugar

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interrompendo a programação original para um aviso: o capítulo a seguir contém menções a violência doméstica. leiam com moderação.

tudo o que eu fiz para tentar desfazer isso, toda a minha dor e todas as suas desculpas. eu era uma criança, mas eu não era ignorante. alguém que te ama não faria isso. todo o meu passado, eu tentei apagar isso, mas agora vejo, será que eu conseguiria mudar? talvez possamos compartilhar um rosto e um sobrenome, mas nós não somos iguais.

family line por conan gray.

Na terça, Taehyun também não apareceu na faculdade.

Um fato sobre desistir de uma situação sufocante e complicada era que, uma vez que o corpo e a mente entram em conformidade sobre a decisão, o estoque de energia para se esforçar por essa situação se esgota por completo, fica tão inóspito quanto uma cidade fantasma esquecida pelo mundo.

Desistir era difícil e doloroso, mas se tornava libertador, a partir do momento em que a derrota era aceita.

Nem todas as batalhas foram feitas para serem vencidas.

Assim, não havia nenhum sentimento de culpa, inutilidade ou inferioridade consumindo Taehyun quando levantou da cama depois das nove da manhã e se arrastou pela casa vazia até a cozinha, atrás de algo para comer, quando, na verdade, deveria estar em uma sala de aula recebendo sua nota da prova final de Funcionalismo.

Ele já sabia que tinha tirado nota baixa mesmo. E, com seus planos de abandonar o seu curso atual finalmente aceitos por seu coração inseguro, nem era como se isso importasse mais.

Havia um bilhete de Sohee grudado na porta da geladeira, informando que ela tinha deixado dinheiro embaixo do pote de açúcar para que Taehyun pudesse pedir almoço para Yeonjun e ele, caso o mais velho voltasse para casa depois de resolver suas pendências na faculdade.

Como Yeonjun tinha lhe informado, na noite passada, que iria almoçar com Soobin e Taehyun tinha outros planos para o horário, ele resolveu manter o dinheiro onde estava e apanhou o seu celular do bolso do pijama, para avisar à sua mãe do compromisso que tinha esquecido de informá-la no dia anterior.

As mensagens de Jonghyun avisando-o que iria vir buscá-lo no horário do almoço continuavam no topo da sua lista de chats, como um lembrete maligno que Taehyun estava se esforçando muito para ignorar a existência.

Não era tão fácil quanto gostaria.

Nas últimas semanas, Taehyun não tinha falado com o pai, o que não era algo incomum para o relacionamento atual deles. Na verdade, nem incomum para o antigo, quando Jonghyun supostamente ainda dividia um teto com a ex-esposa e o filho.

Ele sabia que Sohee tinha contado a Jonghyun toda a situação daquele sábado tenebroso do acidente de carro, mas se deixou ser enganado pelo longo silêncio do homem, pensando que não precisaria lidar com aquela situação. Não tinha motivos para confessar, da sua própria boca, tudo o que vinha acontecendo consigo a ele.

Taehyun cresceu acostumado com a ausência do pai, logo, não era natural para si desejar incluí-lo em sua vida, como dividindo fatores importantes da sua existência ou até mesmo aqueles mais banais do seu dia a dia. E também não era como Jonghyun já tivesse demonstrado alguma vez interesse com as coisas que não envolviam os seus quereres e razões, de qualquer forma.

O Taehyun que existia na cabeça do seu pai não era um ser humano próprio, independente, com seus sentimentos e vontades, mas, na verdade, alguém que existia para recompensar Jonghyun por suas próprias frustrações e ser a pessoa modelo que ele tanto fantasiava. Aquele filho exemplo do qual poderia se gabar para os demais — e, principalmente, o filho que não merecia.

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