ON AIR: Sobrevivência do mais forte

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Beomgyu tinha se declarado para Taehyun.

Aconteceu no momento em que, durante seu monólogo sobre como pretendia uma reunião com os rapazes mais velhos do seu apartamento para conversar sobre o comportamento de Sangho do dia, percebeu que a respiração lenta e a falta de respostas de Taehyun indicava que ele estava dormindo.

Beomgyu chamou por Taehyun e esperou um minuto. O som da sua inspiração tranquila soava como uma canção de ninar para o jovem, que abriria mão de todas as suas fortunas e sonhos em um piscar de olhos, sem um segundo pedido que fosse, apenas para que pudesse ter Taehyun ao seu lado naquele instante, esticar sua mão para acariciar o cabelo dele e niná-lo por um sono seguro.

A garganta de Beomgyu estava seca e seu coração batia forte e barulhento por todo o seu corpo, ressoando como um megafone pelo seu quarto. Era o grito de uma criança birrenta negligenciada pelos pais, que fingiam que ela não estava chorando desesperadamente em voz alta para ser ouvida, vista e atendida.

Beomgyu apertou o celular com força suficiente para empalidecer os nós dos seus dedos e, encarando o ponto da sua cama que Taehyun estivera sentado na semana passada, chorando em seus braços e confiando toda sua fragilidade a ele, sussurrou:

Taehyunie, eu acho que estou apaixonado por você.

Não houve uma resposta.

Beomgyu engoliu em seco, sentindo as palavras estrangeiras tropeçarem ao seu redor, ressoarem por sua cabeça doente e ecoarem dúvidas por absolutamente tudo o que ele era.

O peso dos seus sentimentos não diminuiu, como achou que aconteceria se os confessasse em voz alta para o causador deles, ainda que este não estivesse consciente para compreendê-los.

Muito pelo contrário, Beomgyu sentiu o peso dobrar, triplicar, quadruplicar, sufocá-lo sob toneladas de perguntas sem respostas e medos irracionais, que aparentavam ser muito mais plausíveis do que um final feliz para toda aquela situação.

Ele suspirou, cansado.

— Boa noite, Taehyun-ah — murmurou na ligação, antes de encerrá-la.

Após enviar as mensagens para Taehyun, Beomgyu voltou sua atenção para o seu notebook, descansando ao seu lado na cama e aberto em um artigo que estava escrevendo antes da ligação do mais novo interrompê-lo. A data final do trabalho era o dia seguinte, mas a sua gripe imprevista o atrasou em outras atividades pendentes, além de ter bagunçado com todo seu cronograma de responsabilidades a serem finalizadas, então estava determinado a finalizá-lo ainda aquela noite, mesmo que seu corpo doente implorasse por um descanso e a cabeça começasse a doer um pouco mais a cada segundo, principalmente depois do estresse emocional vivenciado naqueles minutos finais de ligação com Taehyun.

Patético.

Beomgyu enterrou os pensamentos e focou toda a sua energia no texto que escrevia, ignorando tudo o que não tivesse ligação com a temática do seu artigo, incluindo os calafrios pelo seu corpo fraco, causados pela febre que voltava a aumentar.

Era quase meia noite quando a determinação e teimosia de Beomgyu não foram o suficiente para vencer sua doença e ele se viu obrigado a desistir do trabalho, decidindo que teria que arrumar algum tempo livre no dia seguinte para finalizá-lo. Provavelmente, se ele pulasse o almoço, conseguiria terminar antes do horário final.

Depois de desligar seu notebook e devolvê-lo a sua escrivaninha, voltou quase correndo para sua cama e enfiou-se sob seus cobertores, incomodado com a sensação de frio que o assolava. Uma vez debaixo dos lençóis, seu corpo começou a esquentar mais do que conseguia suportar e ele se viu obrigado a chutá-los para longe.

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