ON AIR: Achados e perdidos

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— Você tem literalmente cinco minutos para falar o que veio falar, começando a partir de agora. Vai. — Foi a primeira coisa que Soobin falou, assim que sentou na ponta da mesa que Kai e Beomgyu ocupavam no restaurante da sua tia.

Era o começo da noite de quarta-feira.

Ou seja, para Beomgyu, era o começo da noite do quarto dia desde o seu beijo com Taehyun. Também conhecido como o começo da noite do quarto dia que ele não via e nem falava com Taehyun, podendo também ser chamado como o começo da noite do quarto dia em que estava enlouquecendo completamente por causa de Taehyun.

Quarta-feira.

Na manhã daquela quarta-feira, Taehyun lhe enviou uma mensagem. Um mero balãozinho consideravelmente grande brilhando na tela de bloqueio de Beomgyu, tão inocente que não deveria ter feito o seu coração escalar pelas paredes da sua garganta como o alpinista mais desesperado de todos, como tinha feito.

Na mensagem, Taehyun lhe pediu desculpas novamente por ter fugido dele no sábado e perguntou se os dois podiam conversar naquele dia, pois estava pronto para esclarecer o ocorrido com Beomgyu. Beomgyu esse que, por um segundo apavorante, só conseguiu pensar que esse esclarecimento ao qual o mais novo se referia seria um grandíssimo pé na sua bunda.

Por qual outro motivo Taehyun estaria o evitando por quatro dias seguidos e faltado a faculdade por três, justamente após os dois avançarem um passo que tentaram conter por tanto tempo que não conseguiram mais controlar, quando a vontade se tornou absurda?

— Ai, hyung, sinto muito, mas não vou lidar com isso sozinho — resmungou Kai, no final da aula da tarde deles, quando se encontraram para ir juntos ao ponto de ônibus e Beomgyu dividiu consigo aquele tormento que tinha o incomodado o dia inteiro, desde o momento que a mensagem ainda não-respondida de Taehyun chegou em seu celular. — Segura aí, vamos encontrar o Soobin hyung.

Então, em vez de subirem em seus respectivos transportes para suas respectivas casas, a dupla seguiu até a estação de metrô e embarcou naquele que os levaria até o restaurante familiar, barulhento e energético de Choi Seoyun, a tia mais nova de Soobin e único familiar que ele possuía em Seul.

Assim, fazia quase vinte minutos que estavam sentados em uma das mesas próximas à enorme janela do estabelecimento, dividindo uma porção de tteokbokki apimentado e observando o movimento de trabalhadores e estudantes retornando às suas casas na rua exterior e sem discutir o tópico principal — e predominante — que dominava os pensamentos de Beomgyu.

Soobin, que estava substituindo um funcionário doente naquele semana, ainda não tinha conseguido se livrar da agitação do serviço para vir conversar com os amigos e, toda vez que Beomgyu tentava falar somente com Kai sobre a sua situação atual com Taehyun, o mais novo começava a cantar uma musiquinha infantil para calá-lo.

Ele estava começando a ficar rebelde demais, na opinião do mais velho.

— Você vai me censurar agora? — questionou Beomgyu, com as sobrancelhas arqueadas, para Kai. Ao seu lado, Soobin se curvava sobre a mesa para roubar um pouco do lanche dos amigos e arqueou as sobrancelhas para o ataque gratuito.

— Não, agora você pode falar, meu amor — retrucou Kai, ironicamente, apoiando os cotovelos na mesa, o queixo nas mãos e encarando o amigo com um par de olhos implicantes.

Aish — reclamou Beomgyu, irritado consigo mesmo, pois não conseguia ficar bravo com Kai nem se quisesse bastante. E o mais novo sabia se aproveitar disso.

— Quatro minutos, Gyu-yah — alertou Soobin, com a boca cheia e os olhos grudados em seu relógio de pulso.

A sua psicóloga ia saber o nome daqueles dois, concluiu Beomgyu, enquanto puxava o celular do bolso, o desbloqueava e abria o chat com Taehyun para que pudesse mostrar as mensagens enviadas pelo mais novo para os melhores amigos.

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