ON AIR: Perigo! Não ultrapasse

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interrompendo a programação original para um aviso: o capítulo a seguir contém menção a homofobia (muito brevemente, mas quis avisar).

Quando o pedal velhinho e decaído da guitarra de Beomgyu, que estava pedindo socorro há mais tempo do que ele conseguia se lembrar, finalmente desistiu, no meio de um ensaio, o estudante de Música viu no acontecimento não apenas uma facada muito bem dada em suas economias escassas, mas como também uma chance para chamar Taehyun para sair.

Ele precisava parecer casual, claro. Ou, pelo menos, o mais casual que conseguia ser com um roteiro ensaiado com Kai no dia anterior ao convite.

E olha que Kai até, por mais que tenha zoado com o mais velho por conta do seu preparo ansioso, se esforçou para decorar direitinho as falas da interação — ele merecia o prêmio de melhor amigo do ano, fala sério.

Então, naquela sexta-feira, durante o intervalo das aulas da manhã, em que Taehyun veio até o prédio de Música conversar com Jihye sobre as gravações que fariam mais tarde e resolveu aproveitar o restante do tempo livre com os amigos, Beomgyu soltou o sinal para a operação "Chamar o Taehyun para sair sem deixar suspeito o quanto que gosto e quero ficar sozinho com ele".

Aish, acho que vou ter que comprar um pedal novo ainda esse fim de semana — resmungou, como quem não queria nada, roubando um punhado do salgadinho de camarão apimentado que Kai tinha comprado.

— Por que você não vai naquela loja de equipamentos usados que a gente comprou meu violão? As coisas são mais baratas lá — falou o mais novo, tão naturalmente quanto conseguia ser para alguém que tinha repetido a fala mais de dez vezes no dia anterior.

— É muito longe, não quero ir sozinho. — Beomgyu suspirou, arriscando um olhar para Taehyun, que ainda não tinha erguido sua atenção da tela do seu celular. Ele estava começando a ficar ansioso com a falta de reação do loiro, por isso, aumentou o tom de voz ao perguntar: — Você pode ir comigo? Você sabe que não me controlo e ia acabar comprando algo de que não preciso.

Kai aproveitou que Taehyun não os encarava para revirar os olhos, ao chegar à conclusão que definitivamente tinha alcançado o fundo do poço por se enfiar em uma situação como aquela. Se aqueles dois não terminassem juntos, ele iria cortar amizade com ambos para sempre, só para deixar registrado.

— Vou tá ocupado — respondeu, breve. Não era a fala que tinha combinado com Beomgyu, mas já estava envergonhado demais com o teatrinho e resolveu dar um fim logo nele. — Os hyungs provavelmente vão estar também. Soobin hyung trabalha nos fins de semana, né?

— Ah, ok — respondeu Beomgyu, cabisbaixo, ao reparar que não tinha funcionado como pretendia. Taehyun sequer demonstrou estar ouvindo a conversa.

Do seu outro lado, Huening fez um sinal para que ele convidasse o loiro logo, o que respondeu com vários acenos negativos de cabeça. Aquilo não tinha sido uma ideia boa desde o começo, essa era a verdade. E por que seria? Tinha sido ideia de Yeonjun, para começo de conversa, alguém que só convivia com animais e o namorado.

O que ele sabia? Beomgyu nunca deveria ter...

— Eu posso ir com você, hyung.

Bingo.

Beomgyu sentiu seu coração acelerar como nunca antes.

— Como? — Foi o máximo que seu cérebro entrando em curto-circuito conseguiu produzir, o que arrancou um sorriso fofo de Taehyun.

— Na loja de equipamentos. Posso ir com você, se quiser — falou Taehyun, tranquilamente, como se não estivesse causando inúmeros ataques cardíacos seguidos no garoto ao seu lado. Como ele fazia diariamente, na verdade. — Vou estar livre amanhã.

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