A nova casa de Kang Jonghyun era maior do que a casa que Taehyun morava desde que conseguia se entender por gente.
Ficava em um bairro familiar, livre de prédios altos e no qual os pais levavam seus filhos pequenos para escola caminhando tranquilamente de mãos dadas com as crianças pelas ruas calmas e pouco movimentadas. Havia uma praça na esquina, daquelas em que você faz amigos para vida toda ou simples companhias de verão, e o seu portão de madeira era separado da residência por uma garagem de grama, com canteiros de flores encostados nas paredes dos muros. Um balanço colorido tinha sido construído do outro lado, em um dos maiores galhos da macieira que Kim Dasom cultivava, a qual escapava por cima do muro da casa e formava sombras na calçada ao lado dela.
Era o tipo de lar no qual Taehyun teria adorado crescer.
Seu pai o aguardava na entrada.
Fazia quase um mês que não o via pessoalmente, mas o homem continuava uma cópia idêntica da última vez em que se viram, durante um almoço proposto por Jonghyun — ele queria pedir um favor a Taehyun —, e todas as outras vezes também. Seu cabelo era o castanho-mel que costumava tingir os fios do próprio Taehyun, antes de pintá-lo para a cor atual, os olhos eram pequenos e afiados, o nariz era estreito e as olheiras continuavam tão cheinhas quanto sempre foram, como uma lembrança constante do seu trabalho pesado.
Por algum motivo, Taehyun se sentia culpado toda vez que reparava nelas.
— Aigoo, Taehyunie! Você demorou! — foi o cumprimento de Jonghyun, assim que o alcançou. — Achei que não vinha mais.
— O ônibus pegou trânsito — respondeu.
Jonghyun jogou um braço ao redor dos seus ombros, puxando-o para um abraço que o deixou desconfortável — e o fez se sentir mal, como sempre fazia, por que que tipo de pessoa ruim se sentia mal abraçando o próprio pai que nunca tinha feito nada prejudicial para si? —, e o guiou para o interior da casa, ainda mantendo-o em seu aperto.
— Eu te disse que podia ir te buscar, mas você foi teimoso — reclamou Jonghyun, enquanto abria a porta de entrada da residência. O cheiro de comida caseira engolfou Taehyun antes mesmo que colocasse um pé no interior do local. — E como andam as coisas? A faculdade?
Taehyun retirou seus tênis, substituindo-os por um par de chinelos que o pai lhe ofereceu, antes de responder:
— Tá tudo bem. Vai ter um concerto musical no festival cultural do final do semestre e me inscrevi para ser apresentador dele, mas ainda não...
— Jura? Mas isso vai atrapalhar seus estudos? — seu pai questionou, suas sobrancelhas franzidas em um julgamento sutil.
Taehyun se arrependeu imediatamente por ter aberto a boca.
— Não, senhor.
— Hum, que legal, então. Dasom-ah, olha quem chegou! — Jonghyun desviou a atenção da conversa e acenou para a mulher, que estava sentada no sofá da sala, conversando com uma moça que Taehyun não conhecia. Pela forma que ela parecia com sua madrasta, deduziu que fosse alguma parente.
Kim Dasom levantou-se para cumprimentá-lo, aquele sorriso hesitante e culpado brotando em seu rosto imediatamente, como sempre acontecia quando os dois se encontravam.
Ela era uma mulher bonita. Os olhos eram de um castanho tão claro que beiravam ao verde, o cabelo era grande e ondulado de uma forma viva que os de Sohee costumavam ser e, apesar de ser naturalmente alta, gostava de usar saltos em todas as ocasiões, mesmo que em alturas mínimas. O tap tap que seus passos produziam constantemente era um som que fazia algo embrulhar no interior do estômago de Taehyun, de uma forma ruim.
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Spotted
FanficO Spotted SNU é a maior sensação da rádio universitária. Apresentado por Choi Beomgyu e seu veterano do curso de Música, o segmento tem como objetivo espalhar flertes, convites para encontros e declarações amorosas pelos corredores da faculdade, sej...