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OFF AIR: E eu comecei a te amar a tempo

[EXTRA 1]

Se passa antes do epílogo.

♫

Huening Kai sempre teve certeza sobre quem era e o que queria.

Desde criança, ele sabia que iria trabalhar com música. Não importava da maneira que fosse — ensinando, produzindo, performando —, contanto que a música estivesse presente em sua vida.

Talvez, a influência de crescer com um pai músico tenha o incentivado a seguir essa carreira, mas não era como se aquele amor tivesse sido implantado à força em si. Ele foi apenas semeado em seu coração e Kai o colheu aos poucos, com cuidado e carinho, durante todo o seu crescimento.

Na escola, sempre esteve envolvido com todas as atividades em grupo que podia, assim como também costumava liderar as suas equipes em trabalhos tanto extracurriculares, quanto os curriculares. Ele gostava de ser ativo, de planejar e executar, de ouvir as sugestões dos seus colegas e aprender com eles, sem nunca desrespeitar ninguém ou se deixar ser desrespeitado. Ele nunca gostou de levar desaforo para casa.

Aos dez anos, já sabia que gostava apenas de garotos. Ele nunca tinha tido nenhuma paixonite por nenhum gênero nessa época, mas sabia que, se um dia viesse a ter, seria por alguém do mesmo gênero que o seu. Era algo que simplesmente estava ali, como a sua respiração e os batimentos cardíacos.

Aos dezessete, as paixonites tinham indo e vindo, aqui e ali, mas nunca a atração física. E foi quando Kai percebeu que todo aquele papo sobre sexo, beijar e ficar com várias pessoas, que dominava os assuntos dos seus colegas de classe, não lhe interessava nenhum pouco.

Ele não se perguntou o motivo para se sentir diferente dos outros adolescentes da sua idade passando pela puberdade e repletos de hormônios, só sabia que se sentia e era isso.

Então, é. Ele sabia e tinha muita segurança sobre quem era: Kai Kamal Huening, vinte anos, gay e assexual, personalidade forte e um grande apreço por relacionamentos platônicos cheios de carinho. Também sabia o que queria: se formar, fazer uma Pós no exterior, trabalhar em uma boa gravadora, juntar dinheiro para levar a sua família para uma viagem e, quem sabe, se aposentar na tranquilidade de uma cidade do interior, onde daria aulas de música para as crianças da vizinhança.

Por isso que, no momento, toda aquela insegurança e dúvida sobre o que deveria fazer diante da situação em que se encontrava estava sendo uma experiência completamente diferente e inédita para si — o que estava lhe deixando incrivelmente estressado e ansioso, diga-se de passagem.

Esse tinha sido o motivo para ter passado por cima da sua natureza reservada para pedir ajuda ao maior especialista em ficar estressado e ansioso que conhecia: Beomgyu.

— Ora, ora, mas quem diria que o jogo viraria desse jeito? — caçoou Beomgyu, em um tom convencido. — Você, de todos, vindo me pedir conselhos amorosos. Uau, eu realmente venci na vida, né?

E Kai já estava começando a se arrepender de enfiar o melhor amigo na história.

— Se você não for me ajudar, eu vou pedir ao Soobin hyung — respondeu, na mesma hora, e fez menção de deixar o amigo sozinho na mesa de madeira que ocupavam em um dos jardins do campus, o que fez Beomgyu se atirar por cima da superfície para agarrá-lo pelo braço.

— Não, Hyuka! Eu preciso muito ser incluído nisso! Além disso, o Soobin hyung deve tá em algum lugar tendo um surto psicótico por causa do TCC dele e a gente não vai querer atrapalhar, né? Deixa que eu ajudo — ele implorou, fazendo um biquinho ridículo, enquanto o puxava para sentar novamente no banco. Kai suspirou e cedeu em seu lugar novamente, fazendo-o abrir um sorriso e dizer: — Ok, agora conta pro hyung o que aconteceu.