“Acho que aquela manhã estava fria.
Não.
Definitivamente era verão.
Quer saber? Eu realmente não lembro como o clima estava e certamente não faço questão de lembrar. A questão era que meus ossos doíam ao ponto de me fazerem tremer, em agonia pela dor eu gemia de um jeito insuportável.
— Você é bem barulhenta para criança doente – “doente” essa palavra me trazia más lembranças, de quando minha tia me batia porque não estava em condições de receber aquele velho.
Então com as forças que me sobravam me fiz abrir os olhos e repreender sua fala.
— Eu não estou doente! – minha garganta estava seca e machucava muito. — Por favor! Acredite.
Ainda embaçada, minha visão apenas tinha um contorno da silhueta à minha frente.
— Não me contrarie – imediatamente minha boca se fechou, pois contrariar minha tia trazia uma surra ainda maior do que ficar doente. — Sei dizer quando alguém está doente, estou velha mas não maluca.
Sinto um copo ser pressionado a minha boca e um líquido encostar na mesma, em consequência acabo abrindo a boca e tomando um gole de água (o que descobri ao ingerir).
— Quando aquele bastardo me ligou pensei que finalmente iria me devolver o Koji e não me trazer uma garota doente. – De olhos fechados a ouvia reclamar enquanto terminava de tomar a água — Me diga então o que faço com você?
Finalmente a olhando nos olhos. Uma mulher de idade avançada com lindos olhos cor de sangue, me encarava de forma rude.
…
Ela me deu banho, cuidou dos meus ferimentos, me vestiu e me deu comida e remédios. Ela parecia má mas tinha atitudes gentis.
Uma semana se passou.
Uma semana atrás eu chorava enquanto desesperadamente chamava por aquele que eu acreditava que viria ao meu encontro, há uma semana atrás eu acordei na casa de uma estranha que cuida de mim como se eu fosse alguém.
Não entendo suas ações, não entendo seus motivos mas ela não me deixa partir e faz parecer que me quer por perto. Não devo aceitar esse sentimento, não devo me acostumar com esse tratamento, uma hora terei de pagar mas não faço ideia de como.
— Vista isso e depois desça para tomar café – ela me entregou um pacote e saiu do quarto.
Ao abri-lo encontrei um uniforme, após vesti-lo desço para o café.
Aqui sempre é tão quieto que quase nunca tem alguém além dela e de alguns empregados. Pelas janelas não vejo nada além de uma imensa floresta, imagino que seja longe da cidade e o ponto é que não faço ideia de onde estou.
— Seus ferimentos melhoraram muito, então acabei decidindo que seu treino começaria o quanto antes. – isso me deixou confusa mas apenas continuei comendo — Ande termine, Miya odeia atrasos.
Meu sangue gelou. Eu não poderia acreditar.
Minhas mãos falharam e em consequência derrubei o copo de vidro que segurava. A senhora se assustou, ao escutar o alvoroço uma empregada veio correndo ao nosso encontro.
— Senhora?
— Limpe isso imediatamente! O que deu em você criança? – ela parecia irritada mas meu pavor era maior e eu não conseguia parar de tremer.
— Minha nossa! Nunca imaginei que este lugar estaria tão barulhento esta manhã, não reconheço mais este lugar – Ouço a voz de alguém que não conheço.
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𝐃𝐔𝐒𝐊 𝐓𝐈𝐋𝐋 𝐃𝐀𝐖𝐍 || 𝐌𝐚𝐧𝐣𝐢𝐫𝐨 𝐒𝐚𝐧𝐨
Romance"De estranhos para amigos, de amigos à amantes, e então, estranhos novamente." 𝚌𝚊𝚙𝚊 𝚙𝚛𝚘𝚍𝚞𝚣𝚒𝚍𝚊 𝚙𝚎𝚕𝚊: @Maconheira__TwT