Capítulo 06

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A paisagem era basicamente mato de um lado e outro e uma longa pista a nossa frente.

O motor roncava alto.

Depois de alguns minutos fechei os olhos apreciando o vento que atravessava a janela batendo forte contra meu rosto. Apesar de ter passado a noite acordada não desejava dormir, queria viver minha realidade o máximo de tempo possível naquele momento. Soaria romântico caso fosse dito em voz alta.

PASSADO

Gizelly saiu do escritório do pai um tanto chateada. Mais uma vez ele a repreendeu por ter roubado Will durante longas horas. Ela se perguntava o quê o pai tanto tinha para fazer que era necessário o capanga ao lado vinte e quatro horas, sendo que também existiam tantos outros.

Caminhava pela praça da cidade sendo cumprimentada vez ou outra pelos moradores quando avistou uma criança de mais ou menos sete anos correndo em sua direção e jogou-se aos pés dela.

— Me ajuda moça.

Assustada, Gizelly observou o garoto que usava apenas uma calça suja e rasgada, seus pés descalços tinha cortes e sangravam, nas mãos segurava um único pão. A jovem olhou na mesma direção em que ele e de lá vinha um guarda. Gizelly ficou parada sem reação quando o homem arrastou a criança pelo braço o chamando de ladrão.

— Me ajuda moça — pediu o menino chorando.

— Perdão senhorita — disse o guarda, em seguida saiu arrastando o menino que ao tentar fugir levou uma pancada na cabeça pelo cacetete do homem, deixando Gizelly horrorizada.

Rafaella que voltava de um evento com a mãe, usava um belo vestido e maquiagem, algo que não era comum, mas como os pais reclamavam devido a forma que se vestia, sempre que saia com eles tentava agir feito uma perfeita dama.

O carro passava pela praça quando ela avistou Gizelly e um pouco mais a frente um guarda e a criança que ele parecia espancar. Rafaella imediatamente mandou parar o carro e desceu deixando os sapatos para trás, ignorando o chamado da mãe.

Correndo viu o homem jogar o menino no chão e quando ia deferir um golpe contra a criança, Gizelly meteu-se no meio recebendo a forte pancada nas costas. Rafaella parou bem próximo, com os olhos arregalados.

— Eu pago, pago pelo que ele roubou. — Gizelly tinha o corpo sobre o do menino, suas costas doiam pela forte pancada e a voz embargada pelo choro que tentava segurar.

— Senhorita... — O guarda preocupado inclinou-se para ajudá-la a levantar, mas ela o ignorou não largando a criança. — Mil perdões, eu não tinha intenção.

Rafaella aproximou-se e Gizelly ao ver os pés descalços a sua frente, levantou o rosto e encarou a outra mesmo com a visão turva. Ela ajudou Gizelly a levantar e também a criança. A jovem fungou abrindo a bolsa e deu uma grande quantia em dinheiro ao homem.

— Aqui, leve e pague onde ele pegou o pão.

— Não é preciso...

— Leve isso antes que eu chame meu pai e diga o que acabou de acontecer aqui — falou impaciente e o homem com medo de que soubessem o que ele fez, pegou o dinheiro e saiu.

— Onde fica sua casa? — perguntou Rafaella ao menino, curvando-se a frente dele.

PRESENTE

— Gizelly? — Ouvi meu nome ao longe, aos poucos fui ficando consciente e arregalei os olhos ao perceber que estava no carro. — Chegamos. — Rafa sorriu e olhei pra fora. Estavamos em um lugar diferente, não parecia a cidade, nem uma floricultura.

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