Capítulo 18 - Final

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Acordei chorando no meio da noite.

Minha primeira ação foi pegar o celular e ligar para Rafa que atendeu depois de alguns minutos. Sua voz de sono quase não foi possível ser ouvida em meio aos meus soluços.

— O que aconteceu, Gizelly? — perguntou pela terceira vez, mas eu não conseguia responder, apenas chorar em meio a todos aqueles sentimentos que me consumiam. — Gizelly...

— Vem aqui, por favor — consegui pronunciar.

Depois de desligar fui trocar de roupa, mas por mais que eu conseguisse controlar o choro ele sempre voltava, mesmo assim tentei ao máximo fazer o mínimo barulho até sair.

Quando a caminhonete parou na frente de minha casa, entrei rapidamente e após fechar a porta abracei Rafa.

— Ei, calma — dizia ela alisando minhas costas. — Foi um sonho?

— Foi... O pior de todos — respondi entre soluços.

— Vamos até a lanchonete, você precisa se acalmar.

Confirmei me afastando e ela logo colocou o carro em movimento.

— Calma, vai ficar tudo bem — dizia enquanto seguiamos até o 1950.

Assim que entramos ela foi buscar água e nós duas sentamos lado a lado enquanto eu bebida, tentando me acalmar.

— Acabou — falei olhando o copo entre minhas mãos. — E agora eu entendo o motivo disso tudo. — Tentei olhar para ela em meio as lágrimas que insistiam em me cegar. — Todas as coisas não ditas. O amor interrompido... Eu sabia que não teria um bom final, mas... — Voltei a chorar e Rafa me abraçou. — Me perdoa.

— Não sei o que aconteceu, mas não diz isso Gizelly, você não me fez nada.

— Mas eu preciso dizer. — Me afastei, secando as lágrimas, colocando o copo sobre a mesa. — É por isso que estamos aqui. — Segurei as mãos de Rafa — Ela te amou tanto, tanto, tanto. Desde sempre, desde a infância, quando nem ela mesma sabia o que era amor. Ela te amou até o último minuto. E não se perdoou até o último dia de vida. Mesmo depois do fim ela se sentiu uma covarde que se escondeu da verdade e ainda se deu ao luxo de viver depois disso. — Voltei chorar. — Deus, por que estou tão triste? Eu não consigo entender e aceitar que acabou assim. Que injusto! Eu só queria que fosse diferente.

— Agora é diferente — disse ela alisando minha mão. — Não sei exatamente o que aconteceu, mas sei que podemos fazer diferente agora.

— Não quero carregar esse peso comigo nessa vida. — Apertei as mãos dela.

— Não tem que carregar. — Rafa segurou em meus ombros. — Olha pra mim. Seja lá o que aconteceu saiba que eu perdoo aquela pessoa do passado, porque sei o amor que senti. E nesse amor não havia como caber mágoa, dor e ressentimento. — Ela me puxou e abraçou apertado. Fechei os olhos enquanto sentia o aconchego e aos poucos me acalmava. — Você é uma autora talentosa e uma mulher incrível. Eu me apaixonei por quem é. Independente do que aconteceu e os motivos que nos levaram a lembrar desse passado, estamos em um outro tempo, temos liberdade de decidir o que queremos e faremos agora. E eu escolho viver esse sentimento baseado no hoje.

— Eu também... — murmurei antes de depositar um beijo em seu pescoço.

— Ei, isso me faz arrepiar — disse ela se esquivando e nós duas sorrimos nos afastando.

— Obrigada — falei segurando seu rosto entre as mãos. — Obrigada por estar aqui, por gostar de mim e me fazer sentir de uma forma que ninguém nunca fez antes.

— Ainda não acredita em amor e almas gêmeas?

— Como não acreditaria nessa altura do campeonato? Eu sinto que passei uma vida toda dentro dessa vida, te amando. E agora tenho essa vida inteira para te amar novamente, mas do jeito certo. — Rafa sorriu baixando a cabeça. — O que foi?

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