Capítulo 16

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Nosso encontro do dia seguinte foi na casa daquele senhor, fora da cidade. Passava do meio dia, a mesa estava posta com o café da tarde.

Eu e Rafa comemos conversando sobre idéias aleatórias para o livro, até ela de fato começar a escrever.

Criamos bastante coisa nova e acrescentamos na história. Aparentemente nossa produtividade foi bem maior naquele clima gostoso do lugar.

Demos uma pausa depois de algumas horas e seguimos até a estufa onde o senhor cuidava de algumas flores. Rafa conversou um pouco com ele e nós voltamos caminhando em direção a casa.

— Vamos escrever mais um pouco mais antes de ir? — perguntou ela.

Eu estava prestes a confirmar quando quando senti sua mão segurando a minha.

— Somos uma boa dupla — afirmou antes de sorrir.

Parei de repente e puxei seu corpo para junto ao meu. Antes de mais nada olhei ao redor e só então beijei seus lábios. Já havia passado vontade demais, não tinha como suportar um minuto sequer ao lado dela sem beija-la.

Nos afastamos devagar e Rafa acariciou meu rosto.

— Quase 30 anos e sinto pela primeira vez borboletas em meu estômago — disse me fazendo rir.

— Que bonitinho.

Ela revirou os olhos se afastando, logo voltando a caminhar, sem largar minha mão.

— Vai rindo do meu lado bobo e romântico, viu Gizelly.

— Não ri disso, bobinha. — Ela bufou soltando minha mão, andando mais rápido até chegar na varanda da casa. — Estou falando sério! — gritei correndo atrás.

— Vamos terminar logo, sairemos antes do anoitecer.


PASSADO

Gizelly estava toda sorridente após ter avistado Rafaella de longe na praça central da cidade. Ela voltava da modista, havia ido experimentar o vestido que usaria no dia da festa de seu aniversário e mesmo que estivesse com mals pressentimentos para o evento que o pai fez questão de oferecer, naquele momento ficou feliz apenas por poder ver Rafaella de longe.

Gizelly sabia que o dia de seu aniversário seria também a data que o pai pretendia anunciar seu noivado. Ela já havia pensado em diversas formas de evitar isso, mas se via sem saída, mesmo assim não queria deixar-se abater.

Alertou Rafaella com antecedência, mas deixou claro que Frederic era apenas amigo e que não casaria de fato.

Já dentro da propriedade da família, assim que desceu do carro avistou a madrasta apressada, saindo da casa olhando para os lados como se estivesse cometendo um crime, segurando algo envolto de um lenço.

— Tome, leve isso para longe! — dizia a mulher ao se aproximar, empurrando o objeto para Gizelly que confusa, precisou olhar bem até perceber se tratar do próprio diário.

— C-como...

— Arrombei a gaveta de sua cômoda! Ouvi mais cedo no gabinete que os homens de seu pai tem ordem para revistar suas coisas.

Gizelly arregalou os olhos.

— Não sei o que há nisso, mas destrua! Se há mais alguma coisa escondida em seu quarto, me avise logo para que possa... — A mulher se calou ao ver os portões sendo abertos, por onde os capangas do marido entravam. Rapidamente ela pegou o objeto das mãos de Gizelly e abraçou, arrumando o lenço para que ninguém percebesse.

— Temos ordens para revistar a casa —  disse o mal encarado parando diante delas.

A mulher apenas confirmou com a cabeça e já iam seguir em direção a casa, mas Gizelly rapidamente se colocou na frente deles.

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